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Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD.
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.
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Tudo o que você precisa saber sobre o transplante cardíaco

Apesar da diversidade e avanços na terapia, ele é o tratamento de escolha para muitos pacientes com insuficiência cardíaca terminal

Por Fabiano Serfaty e Anna Karinina Bitarães de Sá
Atualizado em 23 fev 2018, 15h36 - Publicado em 6 fev 2018, 16h04

A insuficiência cardíaca é definida pela incapacidade do coração manter a sua função como bomba. O coração é um órgão predominantemente composto por músculos e funciona como o regente de uma grande orquestra. Quando comprometido por doenças como hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado, obesidade e tabagismo, ocorre uma sobrecarga progressiva de outros órgãos importantes como o pulmão, rim e fígado. Desta forma, queixas como falta de ar, cansaço, perda de apetite e edema nas pernas podem surgir.

A insuficiência cardíaca afeta 23 milhões de pessoas no mundo, incluindo 7,5 milhões na América do Norte. Estima-se no Brasil que 2 milhões de novos casos são diagnosticados por ano. Projeções mostram que sua prevalência irá aumentar em 46% entre 2012 e 2030, corroborado pelo envelhecimento populacional. Apesar da diversidade e avanços na terapia, o transplante cardíaco é o tratamento de escolha para muitos pacientes com insuficiência cardíaca terminal que se mantém sintomáticos apesar do tratamento. Após a realização do primeiro transplante cardíaco, há 50 anos, muito se evoluiu. O aprimoramento das técnicas cirúrgicas, os avanços nos imunossupressores, a melhor assistência no pós operatório e a seleção criteriosa de pacientes mantém o transplante cardíaco como importante recurso para aumento da qualidade de vida nestes pacientes.

1) Quem precisa de um transplante cardíaco?
O paciente que apesar do tratamento clínico ou cirúrgico pertinente ao seu caso, mantém sintomas limitantes para atividades simples como, falta de ar para tomar banho, cansaço para andar curtas distâncias ou inchaço persistente. Assim como, internação hospitalar recorrente apesar de seguir a orientação médica adequada. É muito importante a avaliação minuciosa dos sintomas, o tipo de medicamento e as terapias complementares utilizadas (orientação nutricional e reabilitação), para garantir que o paciente não responde ao tratamento otimizado.

2) Como ocorre a seleção de um coração?
O paciente será inscrito por uma equipe credenciadas pelo Ministério da Saúde em uma fila única no estado, gerenciada pelo PET (Programa Estadual de Transplantes) que fiscaliza e atua em todo o processo de doação e transplante de órgãos. A alocação ocorre de acordo com a ordem de inscrição, o perfil de gravidade e outras características como: tipo de sangue, sorologias, peso, altura e painel de anticorpos. Esta seleção tem como objetivo garantir o máximo de compatibilidade e evitar o quadro de rejeição. O fluxo de captação, transporte e a realização do transplante envolve muitas variáveis, o que torna o tempo de espera para a realização do transplante variável.

3) Quem pode ser doador de órgão?
Um paciente pode se tornar um potencial dador após ser diagnosticada a morte encefálica, ou seja, quando a função dos órgãos estão sendo mantidas artificialmente apesar de já não ter atividade cerebral. É um diagnóstico extremamente criterioso, após a realização de uma série de exames e concluído por dois médicos. As condições de viabilidade para transplante varia conforme cada órgão e tecido. Uma equipe especializada irá avaliar fatores, como: idade, doenças previamente existentes, o que levou ao óbito, quais as condições atuais e principalmente as características daquele coração. Contudo, é importante ressaltar que, a doação de órgãos é um ato voluntário, realizada somente com o consentimento da família.

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4) Como é a vida após um transplante cardíaco?
O objetivo do transplante cardíaco é trazer principalmente qualidade de vida. Isto requer grande disciplina por parte do paciente, participação ativa dos familiares e acompanhamento regular por uma equipe multidisciplinar especializada. Será necessário o tratamento com medicamentos que reduzam a imunidade por toda a vida, sobretudo nos primeiros anos após o transplante, quando o risco de rejeição é maior. O paciente progressivamente retornará a sua rotina e perceberá a expressiva melhora das suas limitações. É importante ressaltar que as modificações dos hábitos de vida e adesão ao tratamento serão fundamentais para garantir vida longa ao novo órgão. Pois, o coração transplantado se não bem cuidado, também pode adoecer.

5) Existem opções ao transplante cardíaco?
Durante a última década, foram desenvolvidos corações artificiais com o objetivo de dar suporte àquele paciente mais grave enquanto aguarda o coração na fila de transplante ou como opção para aqueles com contra-indicação ao procedimento. São dispositivos modernos, que possibilitam uma qualidade de vida semelhante ao transplante. Apesar de ser um recurso já amplamente utilizado no mundo, está presente em poucos centros no país, pois apresenta custo elevado e requer equipe altamente especializada. Os casos devem ser adequadamente selecionados. Contudo, o transplante cardíaco ainda é considerado a terapia padrão-ouro para a insuficiência cardíaca terminal.

 Anna Karinina Bitarães de Sá é coordenadora da Unidade Pos Operatório – Hospital Pró Cardíaco, médica no Hospital Samaritano e especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Contato: annasa@procardiaco.com.br

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