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Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD.
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.
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Covid-19: o que podemos aprender com o primeiro caso de reinfecção?

Ou será que ainda é cedo para a gente se precipitar e comparar a Covid-19 com a influenza, o vírus da gripe? Vamos analisar ponto a ponto!

Por Helio Magarinos Torres Filho
Atualizado em 27 ago 2020, 13h02 - Publicado em 26 ago 2020, 14h38

Com a publicação na segunda (24) do primeiro caso reinfecção por Covid-19 muitas dúvidas surgem, tanto na população quanto nos pesquisadores que a cada dia descobrem uma novidade sobre esta nova doença que assola o mundo. O referido, em questão, é um homem de 33 anos, diagnosticado com o vírus em 26 de março de 2020 e novamente diagnosticado em 15 de agosto, por meio de um exame do tipo PCR-RT.

O sequenciamento genético do vírus foi diferente em cada uma das ocasiões. A sorologia IgG para SARS-CoV-2 foi feita dez dias depois da primeira infeção por Covid -19 e um dia depois da segunda infecção. O resultado foi negativo da IGG para SARS-CoV-2 nas duas vezes. O IgG só foi positivo para SARS-CoV-2 no quinto dia após a primeira infeção pelo novo coronavírus.

Quais conclusões tiramos disso? Ou ainda é cedo para a gente se precipitar e comparar a Covid-19 com a influenza, o vírus da gripe?

Esse relato de caso, muito interessante do ponto de vista médico e da ciência e muito bem documentando chama a atenção por ser o primeiro com todas as comprovações que indicam a possibilidade de ter havido reinfecção. Entretanto, devemos ficar atentos a alguns detalhes. O primeiro é o fato de que se trata da descrição de um único caso e ,com cerca de 7 meses do anúncio dos primeiros casos de Covid-19 na China, era de se esperar que já tivéssemos muito mais casos iguais a este. Portanto, ao que tudo indica, os casos de reinfecção podem ser bem raros.

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Outro dado importante do relato é o fato de o paciente não ter formado uma quantidade suficiente de anticorpos detectáveis no sangue após a primeira infecção, o que pode acontecer com até 40% dos pacientes que desenvolvem sintomas leves, mas ter formado anticorpos, na segunda infecção, muito mais rapidamente do que era esperado, pois, em média, são necessários cerca de 10 a 20 dias para termos anticorpos detectáveis após as infecções e, este paciente, teve os seus anticorpos formados já no 5º dia, o que pode sugerir que ele já estivesse desenvolvido algum tipo de memória imunológica contra o SARS-CoV-2 durante a primeira infecção e isso também pode ter contribuído para que a segunda infecção fosse praticamente assintomática.

Após a publicação deste relato, outros surgiram na Bélgica e também no Brasil, mas ainda sem dados ou conclusões concretas.

Nunca tínhamos feito tantos testes em uma determinada doença infecciosa como estamos fazendo para essa. Não costumamos testar anticorpos contra o vírus Influenza nos casos de gripe para saber como se comportam e, portanto, estamos aprendendo agora.

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Acredito que ainda é muito cedo para tirarmos conclusões concretas sobre o relato desse caso e também extremamente precoce para supor que uma vacina possa não vir a funcionar de modo eficaz contra a Covid-19, pois só teremos essas respostas à medida em que os estudos clínicos com as vacinas avancem.

Dr Helio Magarinos Torres Filho (Acervo pessoal/Divulgação)

Médico Patologista Clínico, MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC, Membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clinica (SBPC), American Association for Clinical Chemistry (AACC), American Society for Microbiology (ASM), American Molecular Pathology (AMP) e European Society for Microbiology and Infectious Diseases (ESCMID), Diretor Médico do Laboratório Richet, RJ.

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