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Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD.
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.
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Coronavírus e obesidade: o encontro das pandemias

"Tratar e prevenir a obesidade já representa mais de 50% no controle e redução do novo coronavírus", afirma Dr. Alberto R. Serfaty

Por Alberto R. Serfaty
Atualizado em 5 ago 2020, 15h59 - Publicado em 28 jul 2020, 14h25

O SARS-CoV-2, o coronavírus que causa o COVID-19  está causando um grande impacto em todo o mundo. As pessoas estão perplexas, sem saber o que fazer, ainda sendo vítimas de uma tempestade de informações muitas vezes desencontradas.

A morte nunca esteve tão próxima e as perspectivas futuras são ainda mais angustiantes , devido a paralisação de  todos setores, da saúde  a  economia , derrubando  os mercados de capital, fechando as fronteiras entre o países , cancelando eventos como Olímpiadas, réveillon e o carnaval do Rio liquidando o turismo e criando  o temor eminente de uma recessão global.

Essa nova pandemia assustadora que veio de repente, se agrava exponencialmente quando colide com pandemias globais mais antigas e  silenciosas, de doenças crônicas como, diabetes, hipertensão arterial e certos tipos de canceres, todas elas diretamente relacionadas a Obesidade, as quais juntas causam muito mais morbidades e matam 5 vezes mais que o Covid -19.

Os números são alarmantes, existem cerca de um bilhão de obesos no mundo, com perspectivas desse número dobrar nos próximos 20 anos.

Só no Brasil, os obesos (com IMC maior ou igual a 30) já representam 35% da população, ou seja 73,1 milhões de habitantes. 52,6% dos homens e 44,7% das mulheres estão com sobrepeso (IMC entre 25 e 30).

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O NIH (National Institute of Health) estima que 300 000 americanos morrem a cada ano de Obesidade. O CDC (Center for Disease Control and Prevention) calcula que haja 270 000 mortes por Diabetes (cuja curva de crescimento corre paralela a obesidade), 647 000 pessoas morram de doenças cardiovasculares. Logo a letalidade causada por essas  epidemias invisíveis é 5 vezes maior do que a causada pelo novo coronavírus.

Tratar e  prevenir a obesidade já representa mais de 50% no controle e redução dessas demais  pandemias crônicas e do Novo Coronavírus.

Estudos  recentes confirmam ser a obesidade a principal morbidade e fator de risco isolado do COVID 19.

Em jovens, ela está presente em 57% das pessoas com menos de 60 ano  e  em 43% naqueles com mais  idade.

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Em consequência , o  indivíduo  obeso é bem mais vulnerável ao Sars—CoV-2 porque:

1 – A obesidade é a maior causa de doenças crônicas como Diabetes do adulto, Hipertensão arterial, Infarto do miocárdio, AVC e alguns cânceres.

2 – A obesidade constitui  um fator mecânico restritivo para a  expansibilidade pulmonar em até 50% , pela compressão que a gordura pode exercer sobre o diafragma , diminuindo a hematose e reduzindo a saturação de oxigênio, que vai menos ainda para as células. Deve se considerar também a dificuldade de manuseio dos pacientes obesos nas UTIs

3 – A obesidade por si só e o Diabetes reduzem a imunidade, predispondo a contrair e agravar infecções com mais facilidade de desenvolver bacteremia e septicemia.

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4 – O tecido adiposo é quem libera  as citocinas na circulação. Quanto mais obeso, mais adipócitos, maior a tempestade de citocinas , piorando a  inflamação, com agravamento  da doença básica. Essa resposta inflamatória exagerada afeta todos os órgãos, aumentando também os fatores de coagulação

5 – Os adipócitos são receptores e armazenadores do Sars- CoV-2. Produzem a  enzima conversora de angiotensina 2 (Eca2), que segundo alguns  pesquisadores , permite a entrada do vírus dentro das células.  Tem o poder de  interferir  com várias funções endócrinas por esse efeito

6 – A infecção por SARS-CoV-2 tem sido associada à disfunção das ilhotas pancreáticas, incluindo lesão pancreática e principalmente diabetes reversível de início recente, segundo pesquisa recente feita pelo Dr. Eric Lazartigues, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual da Louisiana e da Southeast Louisiana Veterans Health Care Systems, Nova Orleans.

7 – Os autores descrevem também aumentos significativos no hormônio luteinizante sérico (LH) e reduções na proporção sérica de testosterona: LH

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8 – O tratamento com corticosteróides também pode aumentar a glicemia desses pacientes, dificultando o controle dos obesos.

9 – COVID-19 tem o potencial de gerar graves distúrbios psiquiátricos em alguns obesos, que naturalmente já se auto isolam, algumas vezes evitando um maior contato social, ficando estigmatizados, podendo desenvolver quadros depressivos graves. O próprio isolamento social por si, já está no estigma da obesidade.

Os obesos em o dobro de chance de necessitar de uma assistência ventilatória. Em um levantamento realizado na Inglaterra 70% dos pacientes com covid 19 internados no CTI eram obesos.

Em resumo , a obesidade é o principal fator de maior hospitalização dos pacientes infectados, tornando  esses pacientes mais vulneráveis a contrair o vírus, mais propensos a sofrer complicações , serem mais  internados em CTI tendo 4 vezes mais probabilidade de complicações, onde  1/3 deles precisam mais de ventilação mecânica e tem 3 a 5 vezes maior risco de mortalidade.

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À despeito de não termos ainda um tratamento ou vacina contra o novo Coronavírus, podemos fazer muito para tentar diminuir a prevalência dessas doenças crônicas, especialmente atuando no seu principal fator de morbidade e mortalidade que é a obesidade.

A conscientização desses pacientes pelo poder de mudança no estilo de vida de cada um de nós,  seja através de uma alimentação saudável, da prática regular de atividades físicas, da redução do stress , do uso correto de medicações , evitando  o fumo e o consumo de álcool em excesso, com certeza reduzirão em muito o acometimento e o agravamento do Sars-CoV2 nos obesos.

A  Obesity Society enfatiza que devemos envidar todos os esforços no controle dos  nossos pacientes com obesidade e nas suas co morbidades, por estarem mais ameaçados diante   dessas  colisão de pandemias simultâneas.

Prevenir é sempre o melhor tratamento.

(Acervo pessoal/Divulgação)

Artigo escrito pelo médico e diretor da Serfaty Clínicas Integradas, Dr Alberto R. Sertafy

Cremerj 52 25810 4

 

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