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Por Fabiane Pereira, jornalista
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Juliana Linhares perde o juízo em estreia solo

Retirada de dente siso inspira single da artista potiguar

Por Fabiane Pereira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
4 dez 2020, 07h12

Juliana Linhares é uma das artistas da nova geração mais viscerais que eu já vi em cena. Atriz, cantora, compositora, já esteve ao lado de nomes ‘musicais’ como Chico César, Larissa Luz e Khrystal e ‘cênicos’ como João Falcão e Duda Maia. Hoje, a potiguar radicada no Rio dá o ponta pé inicial em sua carreira solo.

Calma! Ela continuará nos vocais da banda Pietá e integrando o power trio Iara Ira (ao lado de Duda Brack e Julia Vargas) mas acaba de chegar em todos os aplicativos de música sua primeira aventura solo: o single “Perdendo o Juízo“, nome homônimo ao EP que será lançado dia 11, próxima sexta, com produção musical da multi talentosa baiana Josyara.

A faixa “Perdendo o Juízo” é uma parceria de Juliana e Julia Branco, artista mineira que também tem apresentado trabalhos que merecem audição especial. “Encontrei em Júlia uma irmandade, um ‘amor-torcida’, uma alegria deliciosa. Eu e Ju começamos a trocar saberes em aulas online até que um dia eu comentei sobre ter que arrancar os quatro sisos de uma vez. Ela me perguntou “por quê?”, e respondi que precisava abrir uns espaços. Rimos da coincidência de dentes com a vida e desse papo surgiu “Perdendo o Juízo”. Esse título resume um pouco do que eu sou este ano, do que vivi pra conseguir produzir tudo isso, a saúde sambando e o Brasil escorrendo das nossas mãos”, explica Juliana.

A gravação do EP foi feita em home studio, como a maioria dos projetos produzidos este ano. O isolamento deu a ela coragem para se aventurar e se ‘amostrar’ na composição.  “Depois de anos trabalhando na música como intérprete, comecei a sentir uma necessidade grande de fazer canções, de me experimentar no lugar de compositora. O fato de conviver com compositores muito aplaudidos adiava minha coragem, mas na quarentena entendi a importância de tentar. Era uma solidão enorme e precisei demais de mim, de mim com saúde, com desejo. Comecei a arranhar um violão, a guardar gravações e apostar nos meus improvisos, e de repente senti um baque no coração: “preciso fazer um disco meu. Agora”. E fui tentando. Era tipo uma salvação dos dias, um amparo, uma ajuda pra levantar. Fui catando parcerias, abrindo coisas antigas e me animei”, conta a artista, empolgada.

O primeiro álbum solo de Juliana já está em processo de produção e tem lançamento previsto para o 1º semestre de 2021. Conversei com a artista sobre suas dores, processos e delícias deste 2020 que, finalmente, está acabando.

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Três perguntas para Julianha Linhares

 

Fabi: É a primeira vez que você lança um trabalho solo. Por que em 2020?

Juliana: Porque me senti muito só, rs. Ficamos isolados, né, muitos meses longe da banda, dos projetos, me vi ali na tentativa de arranhar um violão, de poder levar um som sozinha…foi duro, desanimei, desentendi. Fui me salvar criando uma rotina de criação, fazendo algo que dependesse muito da minha disposição e que pudesse me ajudar a acreditar numa vida mais alegre. O Brasil não é para os fracos, e dói demais quando no meio de uma pandemia se escancara ainda mais o funcionamento de um sistema social, político e econômico tão cruel e enraizado. Qual o mundo possível agora? Como fazer nossa vida valer a pena? Me perguntava isso todo dia e ainda pergunto. Precisei demais lidar comigo, com todas as inseguranças, as rasteiras, me senti desesperançosa e triste, com medo do que o mundo tá se tornando. 2020 pra mim é o retrato desses sentimentos e ao mesmo tempo o chacoalho que eu precisava pra colocar meu coração na mesa e entregar pras pessoas. Estamos juntas, vamos ter que seguir.

Fabi: Seu primeiro single é uma parceria inédita com a cantora e atriz Julia Branco. A produção desta sua estreia solo é com a Josyara. Você integra o trio Iara Ira ao lado de Duda Brack e Julia Vargas. E esse projeto ainda está sendo lançado por um selo musical que fomenta a produção feminina. Trabalhar com mulheres é natural para você, é uma escolha consciente, um objetivo (equidade no mercado) ou tudo isso?

Juliana: É tudo isso e vem de um mergulho muito pessoal em várias reflexões sobre quando as mulheres se juntam para trabalhar, como a coisa acontece com outro olhar. Estou há muito tempo trabalhando com homens e continuo, mas esse acúmulo desembocou numa necessidade muito grande de ter mulheres criando comigo, é uma energia diferente e que me faz muito bem. Também é uma escolha consciente porque eu quero fomentar essa cena, eu quero que a gente cresça e se fortaleça em todos em todos os cargos dentro da indústria da música. Somos ainda muito poucas e precisamos nos instrumentalizar. A Pólen Aceleradora trouxe essa iniciativa incrível e percebi o quanto temos medo de nos colocar nessa função. Às vezes, é necessário um empurrão. E uma mulher que se acelera puxa as outras. O processo do EP foi assim, estamos saltando de mãos dadas, as mãos suadas deslizando, mas que não se soltam de jeito nenhum. Vamos todas ocupar esse mercado e nosso trabalho terá cada vez mais força e qualidade porque a gente é muito capaz e só precisa mesmo é da oportunidade pra entrar.

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Fabi: Você prepara seu primeiro disco solo para 2021. O que você já pode adiantar desse projeto? E em que ele vai se diferenciar de tudo que você já vem mostrando ao seu público?

Juliana: Acho que a coisa mais forte e diferente de tudo que eu fiz com Pietá, Iara Ira e outros projetos é o fato de eu estar gravando canções autorais. E de eu ser realmente a cabeça que fomentou as ideias e o conceito do todo. Demorei muito ra me encarar assim num trabalho solo, que de solo não tem nada, a gente sabe que são muitas pessoas que se juntam pra realizar uma coisa assim. Me sentia pouco compositora e de uma hora pra outra as canções foram brotando, umas parcerias deliciosas e entendi que gravaria as minhas canções. Acho que vai ter um pouco do que amadureci nesses anos todos como intérprete, bebendo na música brasileira, nas referências da música feita no Nordeste, tudo isso misturado com minha eletricidade de palco e com esse novo lado compositora.

 

 

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