Djonga, Marília Mendonça, coronavírus e a luz no fim do túnel
Nunca foi tão importante se reinventar, ficar em casa e ter marcas apoiando todo o ecossistema da música
Você já deve ter lido muitos textões sobre os estragos, sem precedentes, causados pelo Coronavírus no mercado da música. Poucos afirmam que há luz no fim do túnel. Mas sim, caro leitor, há luz no fim do túnel.
Em busca de boas notícias para compartilhar com você neste espaço, pedi à Dani Ribas – doutora em Sociologia da Música e diretora de pesquisa do DATA SIM e da Sonar Cultural – para dividir conosco os resultados de uma pesquisa importantíssima que coordenou recentemente (entre os dias 17 e 23 de março) .
Além das questões específicas que envolvem a recuperação econômica do setor, é importante que tenhamos em mente um ponto: teremos que nos reinventar para passar por essa crise.
A semântica da crise, a música e a luz no fim do túnel
por Dani Ribas
Não é novidade que os setores de entretenimento e música ao vivo foram mortalmente abalados pela pandemia causada pelo novo Coronavírus. No DATA SIM coordenei uma pesquisa sobre a crise no setor: 536 empresas ouvidas apontaram adiamento ou cancelamento de mais de 8 mil eventos no Brasil, afetando 8 milhões de pessoas com prejuízo de R$ 483 milhões. A pesquisa já está disponível para download em datasim.info.
A semântica da palavra “crise” remete à ideia de um momento decisivo, de inflexão, de ruptura do equilíbrio, e por isso são oportunidades para reflexões inéditas. Com tantas lives competindo pela atenção do público nas redes sociais, vai ser difícil artistas se sobressaírem e conquistarem novos públicos. O marketing digital não será suficiente para garantir visualizações e likes na “economia da atenção”. Será necessário que artistas repensem seu lugar na vida social, e que usem ferramentas interpretativas para repensarem seu trabalho e se reposicionarem no mercado.
Para artistas, a música é o ponto central da sua própria relação individual com a sociedade. E é essa relação, que pode se dar de infinitas formas e estéticas diferentes, que terá de ser repensada para que o artista tenha relevância dentre seus pares. À exceção dos artistas já consagrados, expressões individuais sem relação com o momento vivido por toda a humanidade não terão força suficiente para conquistar novos públicos. Mas não há formas estéticas pré-definidas. O trabalho do artista é exatamente este: dizer de forma inovadora o que todos gostariam de ouvir mas não conseguem formular. Eu, como socióloga e profissional, me dedico exatamente a isso: pensar nos elementos que levam artistas a obterem relevância e reputação. Já como público, estou ansiosa para escutar os trabalhos que virão ao longo dessa crise. E eles já começaram a chegar. Eles serão tão necessários quanto álcool em gel. Serão alimentos da alma num mundo sem alma. E sem dúvida, eles serão a luz no fim do túnel.
Falando em se reinventar…
Hoje tem live da rainha da sofrência e uma das artistas mais populares do Brasil, Marília Mendonça, às 20h, em seu canal no Youtube. O novo conceito de transmissão ao vivo é: menos é mais. Com poucas pessoas envolvidas na produção e seguindo todas as recomendações da OMS e do Ministério da Saúde, a live “minimalista” de Marília Mendonça deve ditar uma nova regra no mercado, principalmente no sertanejo acostumado a ostentar.
Eu vou acompanhar de casa e cantar junto com um litrão na mão
Papoflix
O artista mais pedido pelos espectadores do meu canal de entrevistas no Youtube é o Djonga e finalmente consegui gravar com ele um papo inédito e exclusivo. A gravação ocorreu antes do isolamento social tomar conta do país. Encontrei com o rapper mineiro em São Paulo e ele falou sobre o lançamento de seu quarto álbum, “Histórias da Minha Área”, relembrou como começou na música, abriu o coração e falou sobre crise de pânico, racismo, família, Cazuza, Mano Brow e reconhecimento. Fica em casa e inscreva-se no canal Papo de Música.