A polifonia de Kiko Dinucci
Projetos independentes celebram artistas que formam a cena musical contemporânea
Ponto de encontro da obra de artistas como Odair José e Criolo, passando por Tom Zé e Elza Soares, o paulistano Kiko Dinucci carrega na língua a ferocidade punk que o formou enquanto artista nos anos 90.
Kiko é protagonista de dois projetos independentes: Cadernos de Música, uma revista que promove o sabor das histórias, das reflexões, das inseguranças, dos grandes feitos e das paixões de quem fez e faz a música brasileira e do Papo de Música, meu canal no Youtube que, semanalmente, promove uma entrevista em tom íntimo e pessoal com um artista cuja ligação intrínseca com a música brasileira seja comprovada.
A irreverência de Kiko – força propulsora do curioso encontro entre o punk rock e o candomblé promovido em seu universo criativo – norteou a conversa do artista comigo no Youtube. O artista não economiza sentimentos ou palavras para expressar sua visão sobre o atual governo brasileiro e conta como enxerga a alma contraventora do samba. “As pessoas não têm mais vergonha de dizer que são racistas, nazistas ou homofóbico, tá tudo escancarado e tá chegando cada vez mais a hora da gente olhar essas feridas”, pontua.
Já no Cadernos de Música, Kiko explica porque se tornou uma das marcas sonoras mais reconhecíveis de certa cena da música brasileira contemporânea. Em entrevista ao jornalista Leonardo Lichote, o músico paulistano fala sobre as polifonias que o formaram, os encontros musicais que o acompanham já há bastante tempo, afirma que o rap é o grande espaço de experimentação da vanguarda pop apesar de achar que por aqui, “o rap não chega ao mesmo nível lá de fora porque quer seguir alguns padrões fechados”.
A forte influência do candomblé no imaginário do artista, especialmente do orixá Exu, também é assunto nas duas entrevistas.
Sobre Cadernos de Música
Vendidos exclusivamente por assinatura (R$ 49,00 mensais), pelo site da plataforma Revistas de Cultura (revistasdecultura.com), eles homenageiam um artista a cada edição, com uma longa entrevista inédita (ou raríssima) e um ensaio sobre sua obra. O assinante recebe duas edições mensais, impressas em papel pólen, tamanho 17cm x 17cm, capa dura e formato quadrado (como a capa de um vinil). Um time de peso assina a edição: Ana Paula Simonaci, Janaina Marquesini, Leonardo Lichote, Paulo Almeida e Sérgio Cohn. Até o momento, foram lançados especiais sobre a Tropicália, Vinicius de Moraes, Letícia Novaes, Tom Zé, Luis Capucho, Elza Soares, Jorge Mautner, Thiago Amud, Adriana Calcanhotto, Ava Rocha e Kiko Dinucci.