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Por Daniela Alvarenga, médica, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
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Estrias: o importante é se sentir bem

Movimento nas redes sociais defende a aceitação das marcas na pele e tecnologia avança nos tratamentos

Por Daniela Alvarenga
Atualizado em 29 jul 2020, 13h37 - Publicado em 22 jul 2020, 19h13

Tema controverso na dermatologia, as estrias estão entre as questões de pele mais difíceis de serem tratadas, e por isso mesmo o mercado está repleto de promessas que não resolvem o problema. O mais importante, como sempre digo, é a aceitação, o alinhamento entre expectativa e realidade quando se procura um tratamento. Na maioria das vezes não será possível reverter e eliminar estrias. E se é assim que nosso corpo respondeu às mudanças que atravessamos, tudo bem, vamos aceitar. 

A estria é resultado de uma atrofia tegumentar que surge quando as fibras elásticas e colágenas, responsáveis pela firmeza e elasticidade da pele, se rompem e formam estas marcas. Existe, sim, tratamento, mas ele é desafiador. Não há milagre e é preciso adequar as expectativas, pois os resultados são variáveis. Nem sempre vai ser satisfatório. Pode haver eliminação parcial das marcas, uma melhora significativa do aspecto da pele e  até mesmo pouca ou nenhuma alteração. 

Exatamente porque as mulheres estão aprendendo a lidar com o fato de que nem sempre será possível mudar estas marcas na pele, há um movimento cada vez mais forte nas redes sociais, liderado por influenciadoras jovens, que exibem seus corpos sem photoshop e com hashtags como #LoveYourLines (Ame suas estrias). A apresentadora Mariana Goldfarb, a influencer Christina Temitope Abiola e as cantoras Luísa Sonza e Lady Gaga estão entre elas. Christina exibiu com orgulho fotos da gravidez, com as estrias na barriga, escreveu: “Lutei para abraçar as minhas marcas porque senti era a única pessoa que tinha vivido aquilo de forma tão extrema. Estava preocupada sobre quanto tempo levaria para que amenizassem, mas através do amor do apoio de amigos e familiares me sinto confortável. Gosto de chamar minhas marcas de ‘beleza’. Elas representam a bela vida que eu trouxe ao mundo. Sinceramente, faria tudo de novo por ela.”

A estrias são “cicatrizes” que acometem mais as mulheres, principalmente na puberdade e gravidez, quando há uma distensão abrupta da pele, mas que também são comuns em homens. Inicialmente, ela surge com aspecto roasado ou cor de pele, sempre linear, deprimida ou levemente elevada. Quando a estria fica mais madura, digamos, ela adquire uma tonalidade branca com espessura e largura variável, sendo umas mais discretas que as outras. Costuma aparecer no bumbum, nas coxas, na barriga, nos seios e também nas costas. 

Não existe uma causa específica e ocorre geralmente quando há um crescimento rápido do corpo seja na puberdade, na gestação, numa situação de obesidade, de aumento excessivo dos músculos, no uso prolongado de corticosteroides tópicos (orais ou injetáveis), na anorexia nervosa e até quando há implante de prótese mamária. Um traço genético é descrito.  

A prevenção é a melhor maneira de evitar as estrias. Mas mesmo assim garantias não existem. Controlar o peso em todas as fases da vida, evitando que a pele sofra grandes distensões em curto espaço de tempo é importante. Apesar de não haver evidências científicas, é recomendável aplicar diariamente cremes hidratantes para a manutenção da qualidade da pele em fases em que a variação do peso ou tamanho do corpo mudam, como a puberdade e a gestação.

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O melhor momento para tentar reverter o problema é quando elas surgem, logo no início, mas, pela minha experiência, é bem raro que o paciente se atente para isso, procurando o dermatologista na hora certa. A melhor abordagem é a associação de procedimentos na clínica com rotina diária de cremes com ácido retinoico, ácido glicólico, matrixyl, ômega plus, hidroxyprolisilane, óleo de algodão e vanistryl. Suplementos orais com silício, exsynutriment, prolina e cerasomoside  podem ser associados. 

A tecnologia avançou bastante nos últimos anos para diversos tratamentos dermatológicos. São muitos os métodos e aparelhos para tratar estrias, entre elas, os que utilizam microdermoabrasão, radiofrequência, microagulhamento robótico com drug delivery, vários tipos de luzes e laser – como o dye laser, excimer laser, luz intensa pulsada, Nd:YAG, lasers fracionados não ablativos e ablativos, como o érbium e o CO2. Os peelings químicos, mesoterapia e carboxiterapia têm também o seu espaço.  

A última novidade e que me deixou novamente animada é a tecnologia JVR (Jet Volumetric Remodeling) que combina associação de equipamento baseado em energia e ativos injetáveis. Através de um aplicador injetamos sem agulhas ao longo de toda a estria – por pressão controlada, com profundidade e quantidade do produto ajustáveis – ácido hialurônico não crosslinkado que ocasiona microtrauma imediato no tecido com lesão epidérmica e dispersão homogênea do produto na derme. Ocorre um efeito de nano subcisão na pele com estiramento mecânico dos fibroblastos, estímulo dos fatores  de crescimento e na produção de colágeno.  Há uma captação das moléculas de água promovendo hidratação e engrossamento imediato. Os produtos chamados skinsavers, que estão entre os mais modernos, poderão ser aplicados no imediatamente após. Isso tudo melhorará o aspecto das estrias. 

Existe também a possibilidade de micropigmentação das marcas brancas, conhecida como camuflagem, para ficar no mesmo tom da pele, e isso deve ser feito com profissional de qualidade para que o resultado não fique pior que a encomenda. 

Cuidar bem do corpo é importante. Mas se aceitar é fundamental. Como médicos cabe a nós entender o paciente, respeitar o que o incomoda e oferecer de forma realista o que existe de melhor para o caso dele. A pergunta mais frequente é “qual o percentual de melhora?”. Infelizmente a medicina não é matemática. Existem vários fatores envolvidos como o tipo de pele, de estria, o tratamento escolhido e a resposta individual. Mas, para quem se incomoda muito e está disposto a investir, é possível conseguir resultados satisfatórios. No mais, conviva bem com as suas linhas, eu convivo com as minhas de crescimento desde os 12 anos e, apesar de todos os tratamentos e resultados que já vi, nunca quis nem tentar. 

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