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Por Daniela Alvarenga, médica, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
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Alopécia e BBB: A ‘pelada’ de Lucas Penteado

As falhas no cabelo do participante chamam a atenção sobre a disfunção e mostram que o impacto estético anda junto com a saúde mental

Por Daniela Alvarenga Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 fev 2021, 19h09 - Publicado em 5 fev 2021, 18h44

O Big Brother Brasil, junto com a vacina e a eleição do Congresso, foi o tema da semana. O que chamou a atenção é que no assunto “beleza” o alvo da cobertura não foi uma mulher, mas um homem: o ator Lucas Penteado e a falhas no cabelo. Pivô das discussões envolvendo outros Brothers, ele mobilizou os internautas nas redes sociais, que começaram a falar sobre uma doença provocada por, entre outros aspectos, estresse emocional.  

As perdas de cabelo são conhecidas na dermatologia como a alopécia e o eflúvio telógeno, que pode ser causado por medicamentos, estresse, dietas restritivas e procedimentos cirúrgicos. Existem alguns tipos de alopécia. A primeira é a androgenética – conhecida como calvície. A segunda, muito comum em modelos e atrizes, é a alopécia de tração, causada por tração excessiva feita com escovas, penteados, chapinhas. E a terceira, que parece ser o caso de Lucas, é a alopécia areata, conhecida popularmente como “pelada”, uma doença inflamatória que provoca a queda capilar em forma de círculos.

São muitos os fatores envolvidos no desenvolvimento da alopécia areata, mas a genética e a participação autoimune têm impacto importante. Fatores emocionais – como um nível de estresse importante decorrente de uma perda, um trauma, separação, um distúrbio… – , traumas físicos e quadros infecciosos podem desencadear ou agravar a doença. Por isso é fundamental uma avaliação clínica, que inclui teste de tração dos tufos ao redor da falha (os fios costumam sair facilmente), além de exames específicos, como sangue e tricoscopia, e, em alguns casos, biópsia. A consulta presencial, nestes casos, é essencial para o diagnóstico correto e o tratamento adequado.

Uma das características da alopécia areata é que as falhas costumam ser bruscas, bem delimitadas e apresentar formatos circulares. A extensão da perda de fios pode ser localizada e, em casos raros, ser total, afetando, inclusive outras áreas do corpo, como sobrancelhas, cílios e barba.  O distúrbio pode surgir em qualquer etnia e em qualquer idade, embora em 60% dos casos seus portadores tenham menos de 20 anos. Um ponto positivo é que os folículos ficam inativos, mas não são destruídos. Isto significa que os fios sempre podem crescer novamente dentro de um ano, mesmo em casos de perda total. Os pontos negativos é que alguns casos são irreversíveis e em outros os surtos podem se manifestar várias vezes na vida, mesmo quando houver crescimento do cabelo.

Não há um protocolo de tratamento único. São diversas as formas disponíveis para controlar o surto, reduzir as falhas e evitar que aconteça novamente, entre eles medicamentos tópicos, injeções de corticóide, uso de substâncias sensibilizantes e lasers. . O intuito é estimular o folículo a produzir cabelo novamente. 

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Vale reforçar que cada caso é único. E uma coluna não dá conta de uma análise aprofundada de todos os elementos conjugados no quadro clínico de Lucas – há, inclusive, diagnósticos diferenciais, como foliculite decalvante e doenças autoimunes. Podemos ver que em muitas das fotos do ator antes do BBB ele costumava usar boné, talvez para disfarçar as falhas. O drama do brother na casa comoveu muitas pessoas, entre elas, o ator Lázaros Ramos, que escreveu em seu Instagram: “Ver você com a cabeça tomada pelo que parece ser alopécia, que é essa doença causada pelo estresse, dá angústia. (…) Mas saiba que sua família te ama e que tem muita gente que está compreendendo o que você está passando e enviando energias para que você possa aguentar firme”.

Falar sobre o tema contribui para reduzir o preconceito. Lucas – e todo estresse emocional pelo qual ele está passando e ao qual estamos assistindo – acabou chamando a atenção para falarmos sobre alopécia, mostrando que a questão estética anda junto com a saúde mental.

 

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