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Por Cristiana Beltrão, restauratrice e pesquisadora de gastronomia e alimentação
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Quem é pior? Cliente que não faz reserva ou aquele que faz e não vai?

Será que educação só existe com débito no cartão de crédito?

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Atualizado em 25 ago 2020, 18h15 - Publicado em 25 ago 2020, 16h19

Era dia dos namorados, no ano passado, quando fiz o seguinte desabafo no Facebook:

“Precisamos discutir a relação:

30% dos casais que fizeram reservas hoje não apareceram, avisaram, escreveram ou telefonaram. E vejam: 30% do turno das 19hs, das 20hs, das 21hs e 22hs é gente pacas.

Várias pessoas não conseguiram fazer reservas por culpa desses distraídos ou indecisos. Amigos queridos tentaram furar a fila e negamos, é claro, porque cliente é cliente. Pessoas aguardaram 30 minutos até que liberássemos a mesa (sim, a tolerância anunciada é de 15 minutos, mas sempre achamos que o cliente está atrasado, correndo esbaforido na esquina, e com fome).

Imprevistos acontecem. Sabemos… Mas a prática do “no show” sem qualquer aviso é ainda mais desagradável quando acontece em dias de muito movimento como o das Mães, Pais, feriados, dos Namorados… Os clientes ficam particularmente intolerantes, e com razão.

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Ainda assim, prefiro acreditar no amor…

Juro que vou tentar dormir com a certeza de que, num arroubo de paixão, desviaram a rota para um daqueles estabelecimentos que aluga quartos a preço fixo.”

Mesmo bancando a engraçadinha na desgraça, acho uma bela falta de respeito. E isso não acontece só no Brasil. Tenho amigos donos de restaurante nos EUA ou em Portugal que confirmam a estatística. Apesar de saber que a maioria dos clientes não faz por mal, é hora de acordar.

Dia desses, o colega Rafa Costa e Silva contou nas redes sociais que uma cliente reservou mesa para 3 pessoas em seu restaurante Lasai – em tempos de distanciamento isso é 20% de sua capacidade atual – para a comemoração de seu aniversário. Até hoje a infeliz não escreveu ou telefonou. A casa tentou, claro, comunicação pelos meios disponíveis: celular, email, sinal de fumaça, reza forte ou mentalização, mas a cliente ignorou as súplicas. Preparar uma surpresa, encomendar mercadorias e bebidas, fazer o pré-preparo com carinho e amargar essa dor não é nada fácil.

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O desabafo de Rafa ecoou, e muito, mas não é incomum. Estava aqui repassando a estatística ranzinza de 2016. Naquele ano, apenas 37% dos clientes que não pôde comparecer, ligou pra avisar que não conseguiria. Em 2018 melhorou, mas ainda assim xinguei 185 mesas mentalmente.

Restaurantes pós-pandemia são como sobreviventes do “caldo” de uma onda imensa. Sim… daquelas gigantes que existem em Nazaré. Uma massa de problemas desabou sobre nós, rolamos na areia áspera, quase nos afogamos, fomos pisoteados pelos passantes, ficamos sem ar e estamos agora zonzos e trôpegos, tentando ficar de pé na areia.

O momento seguinte a esse “no show” que já era ruim, agora é pior. A maioria dos restaurantes está trabalhando só com reservas para evitar aglomerações na fila de espera. Não ir e não avisar é largar o noivo no altar.

Pessoas, não sejam esta pessoa.

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