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Da produção aos estilos, tudo que você precisa saber sobre o universo das cervejas especiais, por Carolina Barbosa
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Vencedor de reality cervejeiro: ‘Quero trabalhar em fábrica’

Em entrevista exclusiva, o jornalista Ivan Tozzi fala sobre a participação no Eisenbahn Mestre Cervejeiro e os planos após a vitória

Por Carolina Barbosa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
22 dez 2017, 11h22

Na noite desta quinta (21), a final do Eisenbahn Mestre Cervejeiro revelou o grande vencedor do reality show, o jornalista Ivan Tozzi, 43 anos, de São Paulo. Após uma acirrada disputa, com direito a voto do público na Oktoberfest, ele foi eleito com 53,3% da preferência o dono da melhor receita de American Pale Ale (popularmente conhecida como APA) a ser fabricada em edição especial pela marca, com seu nome no rótulo, além de uma viagem cervejeira com acompanhante para a Alemanha.

Já em produção, o lote deve chegar às gôndolas e prateleiras do mercado brasileiro no início de 2018.  Sobre a vitória, a experiência no programa e os próximos planos, Tozzi falou, com exclusividade, ao Cervejinha. Confira na entrevista a seguir.

Último capítulo: jurados e finalistas (Eisenbahn + Endemol/Divulgação)

1) Qual a sensação de ser o vencedor da primeira edição em formato reality do concurso e como foi a reação dos familiares e amigos?

É indescritível. Em momento algum me senti superior ao Fernando por ter ganhado, pelo contrário. Aquilo ali é um jogo, no qual eu acertei as estratégias. Agora, estou muito feliz, de fato, por ter conseguido. Demorei a acreditar, confesso. Cheguei em casa e pensei: será que isso aconteceu mesmo? Foi muito emocionante ver familiares e amigos lá, todos vestidos com uma camisa personalizada com a minha foto, quase chorei. Foi difícil segurar a emoção. Olhei para trás e vi meu pai, que mora em Brasília e quase não consegue vir me visitar, levei um susto. Foi uma baita surpresa!

2) Como foi a experiência de sair da panela e encarar uma produção em hectolitros num equipamento em uma planta de verdade? Que alterações você fez na sua receita para ajustá-la para a final? Lembro que no início do programa os jurados comentaram que ela era “linda, porém doce”…

A panela que eu faço cerveja em casa, na área de serviço, é uma gambiarra que eu criei muito louca. Claro que apesar de ter noções de processo e muita coisa ser parecida, à primeira vista aquele monte de botões e equipamentos assustam. E tem as adaptações. Por isso, apesar do meu conhecimento, ter a ajuda de um profissional como o P.A. (mestre-cervejeiro) é fundamental. Tivemos um tempo curto para ajustar a receita por conta da gravação. Então, peguei o feedback do Sady Homrich (jurado e baterista da banda Nenhum de Nós) e aproveitei para trazer mais amargor à cerveja. Eu não mexi na lupulagem (Amarillo, Citra, Cascade e Columbus), mas alterei a proporção dos tipos de malte, usando desta vez menos caramelo e mais pale ale, com a mesma composição total. Ao fim, ela estava com a coloração mais parecida com a do Fernando.

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3) E em relação à versão que vai para o mercado, foram feitas alterações na receita original para torná-la mais comercial?

Não, por incrível que pareça, sempre tive a preocupação de pensar a minha cerveja como uma receita comercial, sem exageros, ainda mais se tratando da Eisenbahn, que tem essa pegada de servir como porta de entrada ao público consumidor no setor artesanal. Então, sempre a enxerguei como uma APA de entrada, não muito complexa, redonda, gostosa de beber e com bom custo-benefício. Tenho esperança de que essa APA seja muito bem vista no mercado. Tem gente que não gosta de IPA porque é muito amarga. A APA é a sensação de estar bebendo uma IPA sem ser uma IPA. Ela é equilibrada, tem amargor ligeiro, agradável, não agressivo.

4) Esta foi a sua primeira tentativa num concurso de porte nacional como esse?

Nada! Foi a terceira vez que eu me inscrevi no Eisenbahn. Já tinha tentado as edições da Irish Red Ale (2015) e da Altbier (2016), mas em nenhum deles fiquei sequer entre os quinze finalistas. Participar de concursos para mim sempre foi uma forma de ter feedback para minhas cervejas. Encaro como sinônimo de aprendizado mesmo. Faço cerveja há três anos, não é tanto tempo, embora eu faça muitas brassagens. Mas sinto que estava seguro quando entrei no programa. Bem preparado, sabe? Fui detalhista, cuidadoso, parte disso vem de feedback de concursos anteriores. A gente aprende muito com os erros também.

5) Falando em aprendizado, conte-me algo que o programa te ensinou ou mostrou que você precisa aprimorar. De repente de conhecimento técnico, não sei…

Olha, sempre fui uma pessoa muito analítica, estudiosa, gosto da parte teórica, mas percebi que pecava na degustação, na análise sensorial. Era muito bom na matemática, em processo, mas, para ser um cervejeiro completo, tenho que saber mais de técnicas de harmonização, degustação, análise sensorial. É algo que realmente preciso investir. Aprendi muito, sem dúvida, com os meus colegas, como o Fernando, os professores e os jurados. O principal, para mim, é que quero estudar mais, aprender a apreciar mais a cerveja, fazer curso de sommelier. Já até me matriculei em um módulo para o início de 2018 aqui perto de casa. Ao terminar, pretendo estudar para ser um técnico cervejeiro profissional.

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6) Nossa, que legal! Mas você pensa em manter isso como um hobby ou o programa te encorajou a largar tudo e trabalhar com cerveja?

O programa me encorajou até demais (risos). Trabalho com comunicação interna de rede varejista há 13 anos. Já vinha há algum tempo maturando a ideia de me dedicar à cerveja como profissão. Comecei como hobby, mas você se apaixona, é fogo! Um caminho sem volta. Se não fosse o reality, ia acabar demorando para tomar a decisão. Com ele no ar e a perspectiva de chegar à final, pensei: é agora ou nunca. Já recebi convites para visitar cervejarias. Sou meio geek, sabe? Outro dia, estava respondendo um comentário num grupo de discussão de Star Wars no Facebook e um cara me reconheceu. Foi engraçado. Este é o ano em que vou me aproveitar da visibilidade para adquirir conhecimento neste ramo. Gosto de chão de fábrica, produção, carregar saco de malte nas costas, 2018 promete! Vai ser o ano em que vou me dedicar para trabalhar com isso, em fábrica. Meu objetivo é deixar de atuar como jornalista e me dedicar a trabalhar com cerveja.

7) Durante o programa, o fato de ser gravado o intimidou mais? Digo, fez você sentir o peso da responsabilidade ou você encarou apenas como um fator de visibilidade?

A minha maior preocupação era com o fato de como os cervejeiros iriam me avaliar sobre meus erros e acertos nas provas. Teve um momento crítico em que eu e Fernando cometemos um erro grotesco: confundimos weizenbier com pilsen. Pensamos: na volta, o que vão dizer da gente? O problema era pensar no pós, no retorno. Na hora da prova mesmo, eu ficava preocupado em resolver, superconcentrado ali. Agora, claro, que passava pela minha cabeça um medo de criar polêmica, gerar repercussão negativa, falar besteiras, afinal, o alcance da TV é enorme.

8) De uma forma geral, acha que faltou algo na abordagem de conteúdo do reality? Críticas e sugestões para a próxima edição? 

Acho muito acertada a decisão da Eisenbahn e da Endemol de não fazer um programa técnico demais e nem bobo demais. Ouvi muitas críticas de cervejeiros e leigos, mas sempre tem gente para criticar demais (risos). Acho só que faltou no início uma explicação sobre o próprio desenrolar do programa, no geral, como seriam os próximos episódios. A impressão que o público tinha até o terceiro episódio era de que a ideia era só experimentar a cerveja dos participantes e que não seriam explorados outros aspectos, o que não era verdade. Um lado positivo é que amigos meus que nunca se interessaram por cerveja agora querem produzir comigo. Isso mostra que, de certa forma, o programa extrapolou as fronteiras do nicho e despertou interesse em outras camadas.

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9) Gosta de alguma outra cerveja que tenha sido fruto de concurso em edições passadas? Qual?

A Altbier é a mais sensacional delas. Adoro cerveja sequinha, que você toma com facilidade. Também curto a Belgian Blond Ale (Ventura), que me incentivou a participar do concurso. Uma curiosidade: a primeira vez que tomei uma cerveja artesanal foi uma Eisenbahn, em 2007, em Blumenau. Até então, para mim, cerveja era main stream. Logo me encantei. Dez anos depois, pisei no mesmo lugar que me apaixonei por este universo, desta vez do lado de dentro do vidro da fábrica, e não como espectador do salão. Não sou supersticioso, mas é legal.

 

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