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Por Carla Knoplech, jornalista e especialista em conteúdo digital
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Como o caso polêmico da blogueira fitness Gabriela Pugliesi levantou a discussão sobre a relevância do conteúdo produzido por influenciadores digitais

Por Carla Knoplech
Atualizado em 6 Maio 2020, 16h07 - Publicado em 3 Maio 2020, 18h14

Como o caso polêmico da blogueira fitness Gabriela Pugliesi levantou a discussão sobre a relevância do conteúdo produzido por influenciadores digitais na internet  

Muitos que até ontem torciam o nariz para os influenciadores digitais foram obrigados a rever os seus conceitos quando, ao longo dos últimos anos, viram as cifras, o awareness e o peso que os criadores-de-conteúdo-pessoa-física passaram a representar na publicidade. Ouso dizer que, em época de quarentena, demos ainda mais valor a quem nos entretém através dos seus canais digitais. Entretanto, como em qualquer nicho, o mundo da influência digital também tem as suas polêmicas. O caso mais falado da semana – em que a blogueira fitness Gabriela Pugliesi recebeu amigos em sua casa e promoveu uma festa desrespeitando a prática de isolamento social – mostrou a força da audiência destes influenciadores. Gabriela errou muito, errou feio. E como se não bastasse o mau exemplo, ainda postou um momento em que gritava “Foda-se a vida!”, uma frase solta, mas que em um contexto de vítimas fatais por conta do Covid-19 e hospitais abarrotados mundo afora teve peso 10 na escala da falta de empatia.

Dito isso, vamos à análise. Considerando, em primeiro lugar, que há relevância e público interessado em qualquer assunto, seja ele o mais diverso possível, cabe a você, querido(a) leitor(a), entender que pessoas na internet são marcas. E isso não tem a ver com os seus gostos pessoais. Desde que os telefones celulares ganharam o advento da internet móvel e as redes sociais possibilitaram a existência de um perfil digital que funciona como uma extensão de cada um, todo e qualquer negócio que existe na internet precisou descer do pedestal, personificar a comunicação e se relacionar de maneira íntima com a sua audiência. E isso muitas vezes perpassa por ancorar estratégias de marketing em influenciadores digitais. Por outro lado, esses influenciadores digitais foram percebendo a necessidade de equilibrar a sua comunicação comportando-se como marcas, de maneira profissional, mas sem perder a informalidade do discurso. Portanto, ao consumir o conteúdo de uma pessoa, você está necessariamente consumindo o conteúdo de uma marca. Ao entrar nos Stories de uma pessoa todos os dias, é como se você tivesse entrando na loja física dessa marca todos os dias e respondendo a vendedora que “é só uma olhadinha”. O ponto é que, no mundo digital, essa “olhadinha” já equivale a compra no mundo físico.

Nesse ínterim, a pandemia mundial que estamos vivendo trouxe uma profunda reflexão para as marcas e propôs a seguinte pergunta: o que vocês vendem? Se a resposta for só um produto (seja ele qual for), essa marca necessariamente está passando por um momento muito difícil agora, com certeza operando muito abaixo da sua capacidade (se é que está operando) e com o escopo de assuntos completamente reduzido nas conversas das redes sociais. Com os influenciadores digitais não seria diferente. Se a construção de narrativa com o público deles foi criada apenas na lógica de gerar desejo e promover um estilo de vida inatingível para os seus seguidores (com corpos perfeitos, dezenas de viagens ao ano, vida luxuosa e sempre feliz), esta pausa forçada que a política de isolamento social está nos trazendo vai deixá-los completamente sem assunto. E já que não há viagens, festas, eventos e um estilo de vida de causar inveja para mostrar, o que resta?

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O objetivo dessa coluna não é continuar dando força ao linchamento virtual ao qual Pugliesi foi submetida, a repercussão do caso e a perda de contratos dela, a meu ver, já tiveram uma repercussão avassaladora e sou contra a cultura do cancelamento onde sobram teses e antíteses e falta síntese. Mas sim,  quero levantar a bola para o tipo de conteúdo que você está consumindo. Em 2020, mais do que em qualquer outro momento na história das redes sociais, seguir alguém é um ato de aprovação. Quando você segue alguém, está corroborando a expressão da força publicitária desta pessoa, atestando a sua existência e relevância em um mercado que (em sua maioria) ainda olha mais para os números do que para os discursos. E digo em sua maioria porque esta prática não representa o todo. Tenho orgulho de fazer parte de um olhar de agências do segmento que apostam muito em microinfluenciadores e não pensam no número de seguidores como fator decisivo para uma ação de marketing. Quando você entender que seguir alguém nas redes sociais é validar o seu discurso, vai entender que seu poder de compra no mundo físico é totalmente proporcional ao seu poder de enaltecer influenciadores no mundo digital. Pense nisso.

Carla Knoplech é jornalista, fundadora da agência Forrest, de conteúdo e influência digital, consultora e professora

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