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Por Carla Knoplech, jornalista e especialista em conteúdo digital
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Cadê a inovação que estava aqui?

Cancelamento do SXSW por conta do Coronavírus suscita a discussão sobre o gerenciamento de crise em época de redes sociais

Por Carla Knoplech
12 mar 2020, 22h16

Cancelamento do SXSW por conta do Coronavírus suscita a discussão sobre o gerenciamento de crise em época de redes sociais

Então é isso, 12 de março de 2020, caos em boa parte do mundo por conta da expansão sem precedentes do Coronavírus. Os grupos de WhatsApp há dias não falam de outra coisa, a contagem de casos nas cidades é atualizada minuto a minuto na página principal do seu site de notícias preferido, escolas estão decretando quarentena e há confirmações de casos aparecendo a todo instante internet afora, desde a blogueira fitness até o secretário de comunicação da presidência. Onde vamos parar? Não sei. Espero que não muito longe e com o mínimo de afetados possível. Mas dentro desse cenário e considerando as centenas de eventos de grande porte cancelados por causa do vírus nas últimas semanas, posso fazer um recorte aqui que justifique esse texto numa coluna sobre internet? Fiquei impressionada com a falta de comunicação e de gerenciamento de crise do maior festival de tecnologia, inovação e cultura do mundo, o South by Southwest, que até a véspera do anúncio oficial mantinha a posição de que aconteceria.

Cancelado oficialmente no último dia 6 de março, há quase uma semana, o evento existe há 34 anos e reúne centenas de milhares de pessoas para palestras, shows, imersões e workshops de grande porte com os principais nomes da tecnologia, inovação e criatividade. Ele é o maior do setor e na sua última edição em Austin, nos Estados Unidos, reuniu cerca de 400 mil visitantes de mais de 100 países movimentando cerca de 350 milhões de dólares. E que fique claro que esta coluna só está saindo hoje porque esperei até a véspera da data marcada do evento para ver se haveria alguma outra movimentação. Marcado para ocorrer entre 13 e 22 de março o SXSW foi inviabilizado após receber uma ordem direta do prefeito da cidade, Steve Adler, que apresentou um abaixo assinado da população local onde cerca de 50 mil pessoas se opunham a realização do mesmo. Até aí, nada de novo sob o sol. Eles estavam no direito de protestar. O ponto é que até a véspera do cancelamento nenhum porta-voz da marca veio a público falar sobre a questão. Empresas como Apple e Netflix já haviam declarado que não participariam do festival, o público pagante cansou de perguntar nas redes sociais oficiais e nada foi dito até que fatores externos o fizeram cancelar.

Vejam bem, não estou sendo leviana aqui de achar que uma operação desse tamanho (sem um seguro que cobrisse a chegada de um vírus como esse, como disse o CEO do evento Roland Swenson ao Wall Street Journal) não tenha calculado todos os riscos desse cancelamento. Não consigo nem imaginar a ordem de prejuízo financeiro que os organizadores tiveram e lamento desde já que todos – público pagante, marcas anunciantes e donos – estejam lidando com a frustração e o prejuízo do SXSW não ocorrer. Há entanto, em 2020, uma necessidade latente de transparência, rapidez e comunicação para lidar com hecatombes como essas.  É preciso personificar a comunicação da sua marca e lidar de peito aberto com o que ocorre com ela, principalmente quando levanta-se a bandeira da inovação a qualquer custo. E ninguém o fez no SXSW. Nem mesmo o Roland, nem os perfis da marca nas redes sociais. O único comunicado foi um texto padrão repetido no Instagram, Twitter, Facebook e no site do festival. Pouco para um evento desse porte, não acham?

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O ponto aqui não é crucifica-los. Jamais. Eu mesma sonho em ir um dia ao evento e respeito demais a história do SXSW que tem de edições o que eu tenho de idade. Mas peguei o caso dele para discutirmos proximidade, controle de narrativa e branding awareness sob um aspecto digital atual. Não era o caso de um vídeo do porta-voz como o do maravilhoso Dr. Drauzio Varella se posicionando após a repercussão negativa de uma reportagem sua no Fantástico? Ou de um texto íntimo como o da roteirista Antonia Pellegrino após ser linchada com a escalação do cineasta José Padilha para a série sobre Marielle Franco? (Se você não sabe do que estou falando, google já nesses dois nomes e fique por dentro dos cancelamentos da semana do tribunal internet!). Acho que sim! Eventos tão importantes quanto para o segmento como o F8 do Facebook e o Mobile World Congress, que aconteceria em Barcelona, também cancelaram as suas edições, mas não geraram nem um décimo do buzz porque não são tão aclamados quanto o SXSW. Exatamente por conta da importância que o festival tem, era o caso de um pouco mais de traquejo na hora de lidar com esse problema imponderável que acometeu a edição de 2020.

Carla Knoplech é jornalista, fundadora da agência Forrest, de conteúdo e influência digital, consultora e professora

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