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Por Bruno Chateaubriand, jornalista
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Prejuízo milionário

Patrick Mendes, CEO do grupo Accor na América do Sul, dispara: Nossas perdas foram na ordem de R$ 45 milhões de reais

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Atualizado em 1 Maio 2020, 07h15 - Publicado em 1 Maio 2020, 06h57

Considerado um dos maiores nomes do turismo nacional, CEO do grupo Accor na América do Sul, o francês Patrick Mendes revela prejuízos da maior rede hoteleira do país. Em meio à pandemia global, o grupo que coordena mais de 300 hotéis no Brasil e 32 no Rio de Janeiro, adianta que no Estado do Rio as perdas ultrapassam o valor de 45 milhões de reais nos 49 dias de quarentena.

1- A pandemia foi declarada dia 11 de março pela OMS. Desde então medidas restritivas foram tomadas em todo o mundo. No Rio de Janeiro qual o impacto financeiro desses 49 dias de quarentena? 

Para contextualizar temos cinco mil hotéis no mundo e estamos presentes em 110 países – Ásia, Europa,  Américas. Fechamos quase todos os hotéis, em todos os continentes, a partir de fevereiro.

Aqui aconteceu a mesma coisa. No Brasil obtivemos bons resultados até o final de fevereiro, com um índice 9% acima de 2019. Até 10 de março, tudo estava caminhando bem. Do dia para a noite tivemos um cancelamento brutal de todas as reservas, cerca de 95%.

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Temos no Estado do Rio de Janeiro, 32 hotéis. Totalizando, mais ou menos, sete mil quartos. Hoje, estamos com apenas quatro hotéis abertos no Estado e, com isso, perdemos em média 1,2 milhão de reais por dia na receita. Assim, até o momento, perdemos R$ 45 milhões de reais em volume de vendas no Estado. Estamos falando em uma perda real de 90% da receita.

 2- Quantos funcionários foram demitidos?

Teríamos que dispensar muitos colaboradores, mas conseguimos negociar com o governo (Medida Provisória 936). A medida não salva todos os empregos, mas nos permite preservar a maioria. Diria que 80% dos funcionários foram conservados.

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Contudo, a MP é provisória e curta. Estamos tentando uma extensão com o governo. Perdemos 90% dos negócios. O ideal seria uma extensão dessa medida por mais 3 ou 4 meses.

3- Existe algo que possa ser feito nesse momento de pandemia? O que está sendo feito nos hotéis de outros países?

Nossa indústria é diferente das demais. Um quarto que não foi vendido em uma noite não será recuperado. Decidimos fechar a maioria dos hotéis e tivemos que tomar atitudes assertivas. Não havia receita, mas os custos continuavam. Na China na última reabertura de hotéis tivemos muitos pedidos do segmento corporativo. Pessoas que precisavam realizar reuniões, visitar lojas e fábricas nos procuraram. Essa categoria retorna rapidamente. O segundo tipo de viajantes foram os que chamamos de grupos familiares. Pessoas que ficaram confinadas por muito tempo e não puderam visitar seus pais, irmãos e amigos. O terceiro, e mais surpreendente, são os de lazer. Na China temos alguns resorts que reabriram e já têm 80% de ocupação. Pessoas que ficaram confinadas e agora querem viajar. Logicamente, hoje, ainda é tudo doméstico.

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 4- Existe algum projeto do grupo para pós-Covid-19? 

Como mencionado, a saída será pelo turismo doméstico. Temos que gerar confiança nos viajantes. Por isso, nessa semana, fechamos um acordo com o Bureau Veritas para configurar um protocolo com selo de certificação de higienização e conduta dos hotéis.

Esse protocolo possui orientação para uso de máscaras, álcool em gel nas dependências, troca de filtros de ar condicionado, reforço na limpeza de quartos, entre outros processos que estamos mudando para quem estará viajando.

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A decisão de uma viagem terá que passar por um sentimento de segurança. Por isso, temos que mostrar às pessoas que estaremos gerando segurança.  Somos líderes deste movimento no Brasil e a ideia é estender para toda a indústria hoteleira.

5- O grupo vinha investindo de forma pesada na hotelaria do Brasil. Recentemente foi inaugurado o Fairmont que recebeu o investimento de 250 milhões de reais. Como fica a reinauguração do Sofitel que estava prevista para 2021? Como fica uma agenda de investimentos no Estado? 

Os projetos continuam. Algumas obras estão paradas. Outras já foram retomadas. O Largo do Boticário, que será o primeiro Joe e Joe da América do Sul, está com inauguração prevista para 2021.

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Hoje, dois terços das obras estão parados. Teremos um atraso nas obras Acreditamos que o cronograma atrase de três a seis meses. Não cancelamos projetos.

O investidor hoteleiro não investe por 3 ou 4 anos, mas por 40 anos. O Fairmont teve um investimento de R$ 250 milhões de reais e o retorno será nesse prazo mencionado.

Tivemos crises violentas na nossa indústria. Onze de setembro,  SARS, provocaram um grande impacto no setor. Cancelamos muitas atividades. No entanto, sempre retomamos.

6 – Quais são os pontos considerados relevantes nesse momento pelo Grupo?

Desde o início colocamos nossos hotéis à disposição das autoridades governamentais, profissionais de saúde e pessoas que precisam de um local e não podem ficar em casa. Montamos uma operação em São Paulo e vamos estender para todo o Brasil. Ela atende mulheres que foram agredidas e não podem ficar em casa. Temos um Call Center. Essa iniciativa também está disponível para outros grupos, como: divorciados, pessoas que estão em fase de recuperação de outras doenças e idosos.

Para esses grupos criamos uma tarifa solidária. Essa tarifa cobre apenas os custos de operação dos hotéis. O Mercure-Nova Iguaçu aderiu a uma tarifa especial para profissionais de saúde.

Outra ação do grupo foi a de não distribuir dividendos, que foram calculados em € 70 milhões de euros (aproximadamente R$ 500 milhões de reais). O grupo já utiliza os recursos para o ALL Heartist Fund, fundo destinado a colaboradores, parceiros e investidores que estão com problemas relacionados ao COVID-19. Temos um comitê no Brasil apenas para avaliação.

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