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Leandro Karnal fala sobre ego, religião, política e violência

"O tartufismo, a falsa santidade utilizada como instrumento maquiavélico de poder, é um defeito grave entre pastores, bispos, pais de santo e outros"

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
23 fev 2018, 17h57

Escritor, pensador contemporâneo e historiador, com mais de 1 milhão de seguidores no Facebook, Leandro Karnal, professor na Unicamp, desembarca no Teatro Bradesco, na Barra, na quarta (28) e na quinta (1º), com a sua palestra sobre felicidade e liberdade. VEJA RIO bateu um papo com ele sobre ego, religião, política e violência.

Você tem algum mantra que segue em busca da felicidade? Acredito no trabalho, no esforço e no sacrifício. Na gola de alguns ternos que mando fazer em um alfaiate em São Paulo, solicitei que fosse escrito, em latim: labor omnia vincit. Ou seja, o trabalho vence tudo. Mas sempre repito: nasci no seio da classe média branca. Eu me esforço muito, porém nasci salvo.

Qual é a sua dica contra o comodismo e contra o ego? Afastar o pensamento mágico e a má-fé de que as coisas funcionam por si. Não controlamos tudo, todavia controlamos muita coisa. Já a vaidade é importante para crescer. O sucesso é a vaidade bem administrada; a virtude é o equilíbrio.

Você teve formação jesuítica e foi católico antes de se tornar ateu. A religião lhe deixou algum ensinamento? Muitos. A religião está na base da minha formação, nos estudos, na erudição, nos valores e na minha luta pelo respeito. Perdi minha fé, e não minha história.

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A religião pode afetar uma cidade como o Rio, que tem à frente da prefeitura um pastor? Talvez seja melhor afirmar que o tartufismo, a falsa santidade utilizada como instrumento maquiavélico de poder, seja um defeito grave entre pastores, bispos, pais de santo e outros.

Como historiador, você é a favor da intervenção federal no Rio? A repressão pode resolver problemas imediatos, mas jamais atacará a causa. Terminada a intervenção (que pode salvar várias vidas e propriedades), voltaremos ao ponto em que estávamos.

O senhor enxerga alguma saída para o insucesso histórico do Rio em controlar a violência urbana?

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Existe violência urbana no Rio há séculos, ela é histórica. Temos de levar em conta que a escravidão em si era um espetáculo de brutalidade, do Cais do Valongo à repressão do quilombo do Leblon. Sempre consideramos a violência atual a pior de todas, porque nos atinge. A diferença hoje é a informação e a tecnologia: conhecemos mais matanças e temos a capacidade de matar em números mais altos.

A corrupção é um mal social. Deveria haver aulas de Direito e Ética desde a fase escolar? Aula ajuda, mas a cultura bacharelesca é boa em tornar o debate ético um lenga-lenga teórico. O consenso é estimulado pelo estudo crítico, mas a coerção é sempre necessária na vida social (leis justas e iguais). Lembrando que todo padre estudou moral e todo advogado teve noções de ética profissional na faculdade. Acredito no estudo, mas ele, apenas, não é mágico.

Poderia indicar um livro crucial para os brasileiros nesse momento? Adoro “Raízes Do Brasil”, “O Que Faz o Brasil, Brasil?”, “Hello, Brasil!” e tantos outros. Mas uma única síntese que me marcou? “Incidente Em Antares”, de Érico Veríssimo. É o retrato de todos nós.

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