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Blog sobre as ruas do Rio de Janeiro
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Rua Sabóia Lima, Tijuca

Após uma parada pela Praça Hans Klussmann, o As Ruas do Rio continua sua expedição pela Rua Sabóia Lima, a rua que margeia a praça no alto da Tijuca Normandia na Tijuca. Ao longo da Rua Sabóia Lima, o pedestre se depara com diferentes tipos arquitetônicos residenciais. por Pedro Paulo Bastos Dando continuidade ao nosso passeio […]

Por Pedro Paulo Bastos
Atualizado em 25 fev 2017, 18h59 - Publicado em 26 ago 2013, 15h22

Após uma parada pela Praça Hans Klussmann, o As Ruas do Rio continua sua expedição pela Rua Sabóia Lima, a rua que margeia a praça no alto da Tijuca


Normandia na Tijuca. Ao longo da Rua Sabóia Lima, o pedestre se depara com diferentes tipos arquitetônicos residenciais.

por Pedro Paulo Bastos

Dando continuidade ao nosso passeio após uma parada na quimérica Praça Hans Klussmann, o interessante de se observar no alto da Rua Sabóia Lima (onde o recanto dos bichinhos está localizado) é o portão que dá acesso à represa do Rio Trapicheiros. O riacho, aliás, passa rente à Praça Hans Klussmann descendo pela Rua Sabóia Lima até desembocar nos fundos do Colégio Batista Shepard. Porém, o portão da Sabóia Lima tem algo de nostálgico e, sobretudo, histórico, por ter pertencido ao Departamento de Águas e Esgotos, que fornecia água para toda a região antes de virar propriedade da Cedae. Aproxime-se da placa resistente aparafusada ao muro de pedras para observar os dizeres: em 1906, o então presidente Rodrigues Alves inaugurara ali o primeiro contador Venturi da capital federal. No caso, era o contador que mensurava o quanto de água era fornecida aos moradores da área. Infelizmente, a visitação é proibida hoje em dia, o que me fez dar meia volta e continuar pela Sabóia Lima rumo à Praça Gabriel Soares, onde finda.

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A rua é formada por um sutil aclive que deve ter divertido – se é que ainda não diverte – bastante a meninada “andadora” de skate, patins e carrinhos de rolimã. Coberta por uma boa e uniforme camada de asfalto, o chão da Sabóia Lima também é preenchido por folhas secas das diferentes espécies de árvores que habitam o local, além de pequenos frutos – que me pareceram ser jabuticabas – e pétalas murchas de flores rosadas e outras meio arroxeadas. Uma intervenção recente que fizeram por lá, informação confirmada com o guarita da rua, foi o enxerto de orquídeas nos troncos espalhados pela via. O visual, que coincidiu com a recuperação da Praça Hans Klussmann pela prefeitura, deu mais vida  à vizinhança, que, além dos animais de argamassa coloridos da praça, também conta com micos rodopiando de galho em galho. Sim, micos de verdade, e não os criados pelo professor Paulo de Tarso! No entanto, eles são meio tímidos e ressabiados. Os que eu vi em Santa Teresa, uma vez, eram mais atrevidinhos.


A represa e as flores.
Placa resistente de 1906 informa não só o caminho para a represa do Rio Trapicheiros, assim como a instalação de contadores que mediam o nível da água. Ao lado, as constantes pétalas de flores murchas encontradas no asfalto da Sabóia Lima. 


Colado à floresta…
Mico de verdade, e não os animais de argamassa da Praça Hans Klussmann, além do espetáculo de orquídeas.

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O que dizer das residências da Rua Sabóia Lima? Mais do que o desenho sofisticado, mais do que a simbologia de uma época bem mais abastada da Tijuca, a rua é, acima de tudo, o legado de um Rio de Janeiro do passado, hoje representado por espigões e ilhas de calor. Do início ao fim do logradouro é possível contar nos dedos de uma única mão o número de prédios levantados por lá. E, mesmo assim, são prédios de pequeno porte que não ultrapassam os cinco pavimentos. Quem reina definitivamente pela Sabóia Lima são as casas. Residências altas com jardins vistosos e estilos bem delineados compõem o cenário.

A leve sinuosidade da rua cria uma sensação de alameda cheia de surpresas arquitetônicas. A beleza é muita e, por vezes, extravagante para os padrões brasileiros. Uma residência em estilo normando, por exemplo, é a minha predileta por lá – fica bem ao lado de um outro majestoso imóvel pertencente a uma igreja agnóstica. Gosto muito também da casa que fica bem ao lado da Praça Hans Klussmann, ainda no alto da Sabóia. Ela é aparentemente uma residência simples, mas incrivelmente charmosa: o jogo de cores – amarelo, bege e branco -, o muro baixinho, a estética do telhado, a mini-garagem apartada do imóvel em si… Tudo lhe cai bem, muito bem.


O estilo das casas.
De residências simples às mais suntuosas; o charme, no entanto, persiste em qualquer uma delas.

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Atmosfera aprazível. Mesmo quem não mora por lá, aparece pela Sabóia Lima em busca de tranquilidade para a prática de atividades físicas.

Tive sorte de ter ido visitar a Sabóia Lima em um dia de sol e céu azul. Se o tempo estivesse encoberto, talvez não poderia ter avistado com maior intimidade as antenas do Sumaré, que se localizam, no seu eixo norte, na direção da rua. Talvez nem teria me esbarrado com transeuntes estranhos ao local, assim como eu, que aproveitavam a atmosfera harmoniosa de lá para a prática de atividades físicas. Há algo de especial na Rua Sabóia Lima que já faz com que as pessoas se cumprimentem automaticamente pelo olhar ou através de um sorriso. É como se a natureza envolta àquelas casas já justificasse o porquê da visita de uma ou de outra pessoa nas redondezas.

Os moradores compreendem o porquê da minha câmera ter estado a todo instante a postos focada nas mais diferentes direções. A tentativa de capturar a foto de uma borboleta fugaz foi complicada, especialmente quando a cor da mesma se confunde à coloração do asfalto e, além do que, você já não sabe nem mais para onde ela foi, quando, na verdade, está pousada bem ali ao seu lado. E aí surge outra cantoria de aves orquestrada por maritacas e bem-te-vis, ao mesmo tempo em que avisto um outro jardim florido mais adiante, um cãozinho correndo por aqui, uma casa ainda mais bonita acolá… Seja com fotografia ou vídeo, a câmera não pára.

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Após a cancela.
Lançamento imobiliário se destaca dos demais imóveis pelo estilo modernoso dos anos 2010, embora esteja em consonância com o gabarito da área.


Trecho final. Não menos arborizada do que na parte alta da Sabóia Lima, o trecho final faz a transição da tranquilidade da floresta com a movimentação da urbe.

No cruzamento com a Rua Ernesto Sena, há uma cancela maquiada com as cores da bandeira (deve ter sido coisa de Copa do Mundo) separando os dois lados da Sabóia Lima: um mais bucólico e outro mais urbano, compreendido pelo trecho, não menos arborizado, que dá acesso à Travessa Jaicós e à Praça Gabriel Soares. O lado esquerdo da rua é formado por um único muro de pedras com altura mediana e portões de madeira com ares aristocráticos. A tal casa,  em relação ao seu terreno imaginadamente grande, deve ser quase um sítio, até porque, não nos esqueçamos, o riacho que desembocará no Rio Trapicheiros passa bem ali por trás.

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A sucessão de imóveis dessa calçada é formada por um conjunto de prédios antigos e de muro bem baixinho (baixinho mesmo!), embora não tão bem conservados como o dita o padrão da Sabóia Lima. No lado oposto da calçada, combinam-se casas com venezianas dos anos 40, com alguns prédios pequenos e um lançamento imobiliário que, apesar do feitio praiano, com suas varandas espelhadas, soube respeitar o clima da Sabóia oferecendo uma quantidade limitada de apartamentos com o preço nas alturas, segundo informações de uma colega de trabalho. E eis que chegamos ao final da Rua Sabóia Lima: não tão charmosa como a Hans Klussmann, a Praça Gabriel Soares está lá, com o ponto final da linha 409 (Saens Peña – Horto) e as vizinhas ruas Bom Pastor, José Higino e Desembargador Isidro, que levam o pedestre de volta, e novamente, à urbe.

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