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Praça Paris, Glória

Na confluência do Centro com a zona sul está ela… a Praça Paris! Mais policiada, mais frequentada, e como sempre, linda! Rio da Belle Époque. Inspirada nos jardins clássicos franceses, a Praça Paris é um dos resquícios do plano urbanista de Alfred Agache, que pretendia tornar a cidade em uma Paris da América do Sul. […]

Por Pedro Paulo Bastos
Atualizado em 25 fev 2017, 19h12 - Publicado em 1 abr 2013, 00h20

Na confluência do Centro com a zona sul está ela… a Praça Paris! Mais policiada, mais frequentada, e como sempre, linda!


Rio da Belle Époque. Inspirada nos jardins clássicos franceses, a Praça Paris é um dos resquícios do plano urbanista de Alfred Agache, que pretendia tornar a cidade em uma Paris da América do Sul.

por Pedro Paulo Bastos

Li recentemente no jornal a opinião de algum urbanista apontando o fato de que, no Rio, as praças – e seus paisagismos – não foram projetadas para suportar o tipo climático dos trópicos; insistiam em reproduzir um modelo europeu que muita das vezes não colaborava para amenizar as temperaturas cruéis do nosso verão, por exemplo. Era essa mais ou menos a ideia. E obviamente a Praça Paris não poderia ter deixado de ser citada como uma das melhores referências para tal.

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Passo diariamente pela região. Novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março. Sol escaldante. Observo a Praça Paris de longe, com suas aleias, sua perfeição geométrica, o chafariz que jorra água em meio ao voo rasante das aves que circulam entre a Baía de Guanabara e a parte aterrada da cidade. A vontade de se passear num parque tão lindo como esse em pleno verão foi anulada diversas vezes. O bom observador ratificava o que fora dito anteriormente pelo urbanista, de que os espaços verdes da cidade não eram tão amigáveis assim para os dias escaldantes. A Praça Paris é definitivamente um lugar pensado para os dias frios.

Finalmente o verão acabou – para a tristeza de alguns, felicidade minha –, e, aproveitando que as estações andam mais bem definidas do que nunca aqui pelo Rio, o outono tem nos brindado temperaturas mais amenas, dias meio londrinos, menos bafo quente. Blusas de flanela já podem ser usadas numa boa. Assim como um passeio pela Praça Paris, na confluência do Centro com o início da zona sul. A expedição, postergada tantas vezes, se sobrepôs aos meus planos de ir à Vila Valqueire, na zona oeste, especialmente para o As Ruas do Rio. A manhã nublada de sábado estava perfeita para me inflitrar por essa Versalhes carioca.


Retomada. Embora ainda associada ao período de violência urbana que assolou a cidade há poucas décadas, a Praça Paris tem voltado a receber visitantes em busca de sossego e reflexão
.

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Os detalhes. O mobiliário urbano do início do século XX ainda resiste na Praça Paris, assim como as esculturas; ao fundo, o monumento ao Almirante Barroso e a Igreja do Outeiro da Glória.

Contrariando a ideia de que a Praça Paris só tem cracudo, fui recepcionado por uma guarda municipal, que me orientou a prender a bicicleta em uma das grades que cercam o espaço, já que eles ainda não dispõem de bicicletário. A primeira impressão é o vislumbre. Olhar a Praça Paris da janela de um veículo em movimento é uma coisa; olhá-la enquanto parte integrante do seu projeto – afinal, a praça foi moldada para receber visitantes, não? – gera uma admiração diferente de qualquer outra perspectiva, que custa a se adaptar aos olhos. Ao mesmo tempo tão limitada em bulevares geométricos, a segunda impressão que se tem é a de imensidão. E a certeza de que o Rio é, sem dúvidas, uma cidade agraciada. Mesmo com um projeto pouco funcional, fantasioso, parte de um plano que nunca fora executado (o Agache), ainda assim a praça consegue ser esplendorosa e fortemente conectada com os elementos ao seu redor. O convívio com os espigões do Centro, que se reflete na paisagem avistada do lago da Praça Paris, é genial.

“Não à toa que, nessa fase bem policiada, ela esteja sendo retomada aos poucos pelos pedestres. Não são tão numerosos quanto os que redescobriram o Parque do Flamengo, mas é um público cativo.”

 

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Antes de dar continuidade, preciso dizer que chamei o projeto de “fantasioso” porque ele faz com que você se sinta num conto de fadas. Pelo menos assim eu me senti. Há brasileiros que viajam para a Europa e voltam encantados com tudo o que viram: as cores, os detalhes românticos, a perfeição. A Praça Paris é um pedacinho da Europa no eixo central do Rio. Não à toa que, nessa fase bem policiada, ela esteja sendo retomada aos poucos pelos pedestres. Não são tão numerosos quanto os que redescobriram o Parque do Flamengo, mas é um público cativo. Vê-se que frequentam ali com alguma assiduidade. É o cara que aproveita a aura do lugar para ler um livro ou escrever o trecho de um romance cujo qual nunca obteve inspiração; é a mulher que abraça as árvores, essa fonte de boas energias; são os cãezinhos que passeiam presos em coleiras; é o casal que, em trajes de ginástica, corre ao redor dos jardins; é o grupo de jovens antenados acomodado pelo gramado com câmeras fotográficas, roupas estilosas e papos-cabeça, recriando uma imagem típica dos parques de Buenos Aires.


Passeio para outono. O início do outono marca a temporada de visita aos jardins geométricos da praça, loteado de esculturas
. Na imagem à direita, os espigões do Centro do Rio, ao fundo.


O parque da Glória. À esquerda, os edifícios da Rua da Glória; em seguida, o jogo de águas no lago da Praça Paris.

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A igreja do Outeiro da Glória está nas redondezas e, contrapondo-se aos espigões do Centro, também convive com a paisagem que se avista desde a Praça Paris. São dois lugares românticos, em minha opinião – a praça e a igreja. Um casal apaixonado pode caminhar pelos passeios da Praça Paris de mãos dadas e, diante de majestuoso cenário, perceber que os problemas às vezes são menores do que costumamos acreditar. Se o seu amor evolui e chega ao matrimônio, o casal pode se dirigir ao plano inclinado –  serviço gratuito! – da Rua do Russel e alcançar o topo do Outeiro, vazio de turistas e de cariocas. Tomam assento e observam de longe a Praça Paris, seus arbustos modelados e passagens bem delineadas. Se a religião for uma questão importante, entra-se na tradicional igreja. Se não, o espetáculo das águas jorradas no lago da Praça Paris já celebra todas as possibilidades do amor. Parece uma sinfonia silenciosa, seja apreciada do alto do Outeiro ou por entre as grades da Avenida Beira Mar.

A Praça Paris é um lugar de amor. Amor à namorada, à natureza, à cidade, amor-próprio.

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