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Praça Bom Jesus, Ilha de Paquetá

Passado quase um ano, o As Ruas do Rio retorna à Paquetá! A mais antiga da ilha. Panorama da Praça Bom Jesus, ao lado das barcas, local onde foi comemorado o Dia da Árvore pela primeira vez no Brasil. por Pedro Paulo Bastos Esse é o segundo ano consecutivo que desembarco em Paquetá após um […]

Por Pedro Paulo Bastos
Atualizado em 25 fev 2017, 19h04 - Publicado em 20 jun 2013, 01h21

Passado quase um ano, o As Ruas do Rio retorna à Paquetá!


A mais antiga da ilha. Panorama da Praça Bom Jesus, ao lado das barcas, local onde foi comemorado o Dia da Árvore pela primeira vez no Brasil.

por Pedro Paulo Bastos

Esse é o segundo ano consecutivo que desembarco em Paquetá após um longo intervalo sem visitar a segunda ilha mais emblemática da Guanabara – depois da do Governador, obviamente. Uma vez mais, reuniões familiares fugindo à obviedade das festinhas de apartamento nos fez tomar a barca na Praça XV neste último sábado 15 de junho. Coincidentemente foi o mesmo dia em que aconteceu a festa junina da ilha na Praça São Roque, o que fez com que dezenas – se não centenas – de jovens, em sua grande maioria em trajes caipiras, dominassem os assentos e espaços vazios da barca Ipanema. É claro que a pacata Ilha de Paquetá estaria mais badalada do que de costume a partir daquela tarde em diante.

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Na correria para a compra do bilhete, que estava quase tão concorrido quanto os grãos de milho jogados aos pombos do Largo do Machado, não tivemos tempo de almoçar, sendo esta a primeira coisa que fizemos ao chegar à Paquetá: comer! Bem próximo à estação das barcas na ilha, está a simpática Praça Bom Jesus, onde, por acaso, rangamos e nos hospedamos. Já havia comentado sobre essa praça no meu relato sobre Paquetá publicado ano passado aqui no As Ruas do Rio; ela é uma das mais antigas da ilha, e, igualmente, das mais bonitas. Da sacada do restaurante simples e de comida farta, rente à praça, notei algumas pequenas modificações estéticas do ano passado para cá. Eis que surge a ideia: por que não fotografá-la mais detalhadamente?


Pacato lugar. Sábado à tarde, a Praça Bom Jesus estava vazia por conta do jogo do Brasil contra o Japão
.


Dia badalado. Com a festa junina na Praça de São Roque, que atraiu dezenas de cariocas à ilha, os restaurantes ficaram mais concorridos e as vestimentas caipiras, mais usuais.

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Diferentemente de como costumo fotografar uma rua ou um espaço urbano, sempre em um momento pré-definido no tempo, desta vez acabei por registrar a Praça Bom Jesus em horas distintas. Algumas delas são do sábado à tarde, isto é, o momento de chegada à ilha; outras já mostram-na depois do sol se pôr, e, por fim, uma leva de outras imagens tiradas no domingo de manhã. Como temos tido o costume de pernoitar em Paquetá nessas nossas idas anuais, foi interessante, para mim, observar a Praça Bom Jesus nesses três momentos – sobretudo, pela oportunidade de testemunhar uma espécie de “choque cultural” em relação à galera de fora da ilha visitando-a em peso em um mesmo dia.

Vê-los transitando pelas ruas de terra, embrenhando-se nas filas inimagináveis dos quietos restaurantes paquetaenses, e interagindo com os moradores de lá, foi uma perspectiva pra lá de interessante. A Ilha de Paquetá é o tipo de lugar que qualquer pessoa urbanoide detestaria, consideraria tedioso. No entanto, a quantidade de jovens desembarcando e desfrutando de um recanto carioca que ainda mantém suas tradições e suas raízes foi admirável. Livre de intervenções comerciais de grande porte, ou de investimentos turísticos que tiram a personalidade dos lugares, Paquetá cativa pela simplicidade e pela beleza, que ora beira um ar mais poético, ora outro mais rústico.


Contraste. O contraste do panorama da praça entre o sábado à noite e a manhã de domingo.

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Ora poética, ora rústica. Do ano passado para cá, a Praça Bom Jesus ganhou novo ajardinamento e placas simpáticas em prol da natureza. À direita, o mirante – romântico – na Praia dos Tamoios e uma das diversas bicicletas “estacionadas” na praça.

Foi com base nesse ponto de vista que estabeleci minha intimidade com a Praça Bom Jesus. No meu imaginário, ela tem toda a representatividade do espaço de lazer acolhedor das cidadezinhas pequenas. O anoitecer na praça, que tem vista direta para a Baía de Guanabara, deixa à mostra alguns feixes de luzes rosadas pelo céu, resultantes do sol que vai se despedindo na Praia José Bonifácio, na outra, mas não tão distante, extremidade da ilha. As pessoas que passam por ali já não têm mais feições definidas tampouco cor de pele; viram meras figuras sombreadas ante o azul-marinho da Baía de Guanabara, onde o contorno dos corpos despista – ou entrega – sutilmente se estamos vendo, afinal, um homem ou uma mulher. Os postes e as diminutas luminárias vão se acendendo na mesma proporção em que o vento frio da baía invade a ilha. É noite e, por incrível que pareça, só a praça é iluminada. Tanto nas ruas internas quanto na Praia dos Tamoios, que margeia a Praça Bom Jesus, a escuridão é parte integrante do cenário.

A manhã de domingo é anunciada pela cantoria da Igreja Universal, localizada na Rua Pinheiro Freire, e pela turma do baralho, que se reúne nas mesas e bancos acimentados da Praça Bom Jesus. O pedreiro segue trabalhando, mesmo às sete da manhã, ignorando seu devido dia de descanso. As bicicletas, o único meio de transporte em Paquetá além das charretes, ficam dispostas lado a lado junto à divisa da praça com a rua. Uma bancada de concreto, que no dia anterior estava sem utilidade, amanheceu funcionando como uma peixaria a céu aberto. Uma balança, daquelas típicas dos antigos armazéns, estava disposta sobre a bancada acinzentada enquanto baldes de camarões e peixes eram exibidos ao público. A clássica embalagem de papel de jornal não poderia ficar de fora. Logo em seguida, a praça ganhou a amostra  de mudas de plantas inseridas em garrafas pet, que estavam à venda. Não demorou muito para que um pequeno grupo de pessoas as rodeasse, curiosos.

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Dois tipos de peixe. Balcão improvisado vira peixaria a céu aberto, enquanto o peixinho de pedras portuguesas pretas nada sobre uma poça de água amarelada.


Sociabilidades. Mudas de plantas em garrafas pet foram trocadas na Praça Bom Jesus, enquanto as crianças desfrutam mais uma manhã de sol nos brinquedos do local.

Além da igreja universal, ali perto da Praça Bom Jesus fica a Igreja do Senhor Bom Jesus do Monte. Quando finda a missa, alguns dos fiéis passam pela praça e se reúnem ao burburinho matinal. Enquanto uma garça, imóvel e austera numa das pontas de um barco, observa toda a movimentação do entorno, um galo artesanal, todo charmosão, posa como monumento. As crianças, por sua vez, usam e abusam dos brinquedos – umas aos berros, outras mais silenciosas. O peixe feito de pedras portuguesas pretas alude ao seu suposto ambiente aquático quando uma poça d’água amarelada o cobre no calçadão da orla. E aí vem uma charrete passando, levantando poeira e deixando o odor tão peculiar dos cavalos pairando pelo ar. Uma risada aqui, outra acolá, bicicletas por todos os lados e o ruído clássico das latinhas de refrigerante sendo abertas, espumando. Paquetá – ou melhor, a Praça Bom Jesus – é o tipo de lugar ideal para contemplar as coisas simples da vida. A cinquenta minutos do Centro da cidade. Perto, assim.

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