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Humaitá? Lagoa? Onde estou??

Trecho na Zona Sul conserva ruas em ladeiras que interligam a calmaria da Lagoa com a caótica Rua Humaitá   Localização da rua, no mapa Más línguas afirmam que o Humaitá, irmão de Botafogo, anda metido demais da conta. O bairro tem se sustentado cada vez mais com o prestígio do seu badalado pólo gastronômico […]

Por Pedro Paulo Bastos
Atualizado em 25 fev 2017, 19h40 - Publicado em 14 jun 2011, 03h45

Trecho na Zona Sul conserva ruas em ladeiras que interligam a calmaria da Lagoa com a caótica Rua Humaitá

 

Localização da rua, no mapa
Más línguas afirmam que o Humaitá, irmão de Botafogo, anda metido demais da conta. O bairro tem se sustentado cada vez mais com o prestígio do seu badalado pólo gastronômico nos arredores e dentro da Cobal, alinhado à uma diversidade de serviços básicos tradicionais, como escolas e hospitais, fazendo com que os preços de seus imóveis disparassem. Até o badalado Supermercado Zona Sul já se expandiu para lá neste ano. “Tá se achando Jardim Botânico”, diriam os bairros de Botafogo e Copacabana, se tivessem voz própria. Maldade. O Humaitá é muito mais do que uma avenida bonitinha. É nas transversais dessa avenida, a Rua Humaitá, onde se encontra o melhor do bairro: seus esconderijos bucólicos.

Mesmo assim, é bom avisar de antemão que não abordarei algo exatamente pertencente ao Humaitá, embora eu acredite que essa rua não seria a mesma se não permitisse uma conexão com o citado bairro. Através da Rua Humaitá, subi a Engenheiro Marques Porto, uma rua levemente sinuosa, de paralelepípedo, até me deparar com um imenso largo. Ah, vale lembrar que é um largo com casas – sim, casas, em plena Zona Sul. Não são mansões; são casas normais, de verdade, humanas. Lindas. Na calçada em frente a essas casas, são só edifícios, desses altos… até que eu mudo a minha perspectiva e passo a entender o porquê (pelo menos a minha justificativa!) para que ainda existam casas daquele lado do largo: o Corcovado! Tem-se uma visão limpíssima do morro e do Cristo, graças aos poucos pavimentos desses imóveis. Mas quem acaba levando o prêmio mesmo é o pessoal da frente, dos próprios prédios… Bando de sortudos…

O largo encontro das ruas Casuarina, Engenheiro Marques Porto e Bogari, com vista privilegiada para o Corcovado. Ao lado, a descida da Bogari.

Surfista desce a Rua Bogari

Máquina na mão, rodeio cada ângulo do local, até que vêm os questionamentos: fui parado pelo segurança da rua. Desconfiado, queria saber do que se tratava aquilo tudo. Papo vai, papo vem, consegui convencê-lo de que não fazia nada de errado, mesmo assim com dificuldade. Não é culpa minha, mas tenho tendências a sentir-me rejeitado, principalmente por lugares, seja por falta de adaptabilidade ou porque as pessoas não me querem ali. Pensei em desistir, ir embora, mas também lembrei do clichê: o Cristo está ali de braços abertos, por que deveria eu abandonar o que já tinha planejado? Tá certo, apelei para o brega-psicológico, acabou dando certo e prossegui.


Continuei pela Rua Bogari, que é a continuação da Rua Casuarina, essa sim quase privativa. Aliás, é nas imediações da Bogari onde o Humaitá dá o seu adeus e o CEP vira Lagoa. Uma Lagoa bem diferente da estereotipada; afinal, morar na Lagoa significa, numa visão massificada, ter seu apartamento nas avenidas Epitácio Pessoa ou Borges de Medeiros. Na Bogari é diferente – é um clima bem ameno, calmo e parcialmente longe da Epitácio Pessoa. Tem um arborizado diferente, onde se consegue escutar o gorjear dos passarinhos; uma das poucas ruas da Zona Sul onde o tráfego de veículos é baixo e em mão-dupla. Definitivamente, é um sítio aprazível e diferente da Lagoa convencional.

Motocicilista passa pela curvinha da Rua Bogari, quando já dá para ver, ao fundo, a Rua Fonte da Saudade


Prédio na curva se destaca

O interessante dali, na hora em que eu estava, é que os pedestres eram mais ou menos do mesmo perfil: casais em roupas de ginástica, indo ou retornando do caminhada na orla da Lagoa; o rapaz de cabelo mais ou menos parafinado, carregando a sua prancha… Todas essas pessoas passam pela charmosa curvinha da Rua Bogari, onde está o meu edifício preferido neste endereço. Ele tem alguns elementos que remetem ao estilo de uma casa de boneca. Janelas floridas, três pavimentos e garagem simbólica, acessada por uma porta de madeira pintada em azul-escuro. Já tinha visto algo parecido a ele perto dali, na Rua Maria Angélica, que eu postei ainda no antigo endereço do blog, em fevereiro de 2010. Talvez esse modelo de prédio tenha sido tendência nos arredores da Lagoa em meados do século passado.


De uma forma geral, os prédios da Bogari são baixinhos e sortidos em relação ao estilo e idade. Além disso, pode-se perceber, ao longo da rua, algumas placas de advertência sobre a não-limpeza do cocô dos cachorros que passeiam por lá – um mal que assola a cidade. Não me deparei com nenhuma “surpresa” ao longo da caminhada, embora eu imagine que essa prática não seja incomum pela Bogari, ainda mais por ser uma rua calma e menos exposta.

O panorama da Rua Bogari com um pinheiro bonitão. À direita, a Rua Fonte da Saudade e, ao fundo, pouco perceptível, a Igreja de Santa Margarida.

A via termina no encontro com a Rua Fonte da Saudade, bem em frente à simpática Praça General Álcio Souto, que eu pretendo falar em uma próxima oportunidade. Ali terminei minha pequena expedição, bastante satisfeito. A  vontade agora é a de que o segurança da rua, quem me abordou no início, leia esta postagem para ver que eu não fiz nada de ilícito pela Bogari. Obrigado pelo passe livre, amigo!

por Pedro Paulo Bastos
(asruasdorio.contato@gmail.com)
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