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Por Andressa Cabral, especialista em Design Thinking, chef e professora de gastronomia
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Comida dá tesão

A gente deveria se permitir mais o exercício de comer por prazer

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Atualizado em 29 jun 2020, 17h11 - Publicado em 29 jun 2020, 16h22

Sabe uma coisa que está na essência do ser humano? O desejo, a libido, o prazer. E pra nós, cozinheiros, comida dá tesão. Um je ne sais quoi, uma coisa de mexer com o que não tem explicação, sabe? É muito mais do que só misturar ingredientes.

O que te faz gostar ou não de um prato não precisa estar definido num livro, não precisa ser justificado por uma teoria acadêmica, não precisa provar que faz bem pro seu peso ou pra sua pele. Pra isso existem outras áreas de conhecimento. Pra gastronomia, se faz bem pra boca e pro seu espírito, já tem sua função cumprida.

É pra isso que eu cozinho. É por isso que eu perco noites de sono estudando, fazendo esquemas sensoriais, pensando em que história eu vou contar com estes produtos, que técnicas vão me atender. Esse é o meu trabalho. Depois que eu crio, chegam os outros profissionais envolvidos: o designer gráfico cria a identidade visual deste cardápio, o fotógrafo eterniza num momento, os jornalistas contam a história, o cozinheiro prepara, o garçom te oferece. Cabe a você, meu estimado cliente, apenas se deixar levar.

A finalidade do ato de comer, atualmente, tem estado mais próxima da promoção da saúde. E a leitura do que é saúde tem estado relacionada, majoritariamente, à ausência de doenças. Trocando em miúdos, você come pra não ficar doente (e isso a gente aprende desde pequeno em casa, não é verdade?). Pois bem, na minha visão, “não ter doença” é só a metade do caminho. Saúde mesmo é outro papo. É um estado maior, de plenitude física, emocional e espiritual. A comida não é o único veículo de promoção deste estado, nem poderia ser…

Já o ato de comer, hedonisticamente falando, é intransitivo. Não precisa de complemento, justificativa ou propósito. A gente pode e deve viver este prazer. Aquele papo de se entregar, lembra?

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Permitam-se embarcar mais nas viagens sensoriais que os menus contam. Ouçam as histórias por trás de cada prato. Em casa, reúnam pessoas em torno das panelas, apreciem a boa bebida, escolham música para acompanhar… Arrumem-se para cozinhar! Perfumem a casa de cores e sons e resgatem o tesão em torno do ato de comer!

Tá mais do que na hora da gente recolocar a comida no lugar que ela merece. Tem um quê de saúde? Tem. Mas tem mais a ver com tesão, alegria e paz de espírito. Isso, sim, é saúde <3

Com Negroni e coragem,

Andressa Cabral.

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Flavor profile desse texto: notas florais, salpicadas de cumaru e bejerekun

Som do dia: Brown Skin- India Arie

Andressa Cabral é especialista em Design Thinking, chef, professora de gastronomia e apaixonada por especiarias, sensorialidade, cores e música

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