Por que revista inglesa diz que funk está prestes a virar fenômeno global

Na esteira da atenção pelo Brasil despertada por Ainda Estou Aqui, The Economist aposta em Anitta para tornar o gênero brasileiro um sucesso mundial

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 mar 2025, 16h06 - Publicado em 10 mar 2025, 15h34
Anitta
Anitta: cantora é citada em reportagem da revista inglesa The Economist (Alexandre Macieira/Riotur)
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Na esteira da atenção pelo Brasil despertada por Ainda Estou Aqui, que ganhou o Oscar de melhor filme internacional no último dia 2, a revista inglesa The Economist publicou uma reportagem afirmando que a trilha do longa, suave, alimenta a imaginação do público estrangeiro do Brasil como o país do samba e da bossa nova.

Mas essa imagem, segundo a publicação, está desatualizada. “Os brasileiros modernos preferem o sertanejo, um gênero country vibrante, e o funk, um estilo que surgiu nas favelas do Rio. O funk, em particular, pode se tornar global e mudar a marca do Brasil no processo“, aposta a revista.

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The Economist: revista aposta no funk como próximo ritmo brasileiro a fazer sucesso internacional (economist.com/Reprodução)

A reportagem A New Kind of Brazilian Music is Poised for a Global Boom (“Um novo tipo de música brasileira está pronta para um boom global”, em tradução livre) explica que o sertanejo vem sendo o estilo musical mais ouvido no Brasil por uma década, mas tem pouco potencial de exportação.

Isso deixa o funk como o gênero que pode mudar a reputação do Brasil “A gente faz música para ser ouvido pelo máximo de pessoas possível”, diz o funkeiro Kevin O Chris.

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A Economist conta que o funk brasileiro surgiu no fim da década de 80, inspirado por ritmos americanos como o miami bass e o electro funk, subgêneros do hip hop americano que incorporam bateria eletrônica. Mas, diferentemente do hip hop e do reggaeton, popular em Porto Rico, em que as músicas giram em torno de 90 batidas por minuto (BPM), no funk elas têm 130 BPM ou mais.

A revista conta que os brasileiros criaram seu próprio funk e que “desenvolveram uma subcultura em torno do gênero”, como o “passinho” para os homens e a “rebolada” para as mulheres, que eles chamam de “uma variante acelerada do twerking”, referindo-se à dança que se popularizou em Nova Orleans, no início do século XIX, mas tem raízes na África.

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A professora de dança Taísa Machado, uma das curadoras da exposição Funk: Um Grito de Ousadia e Liberdade, em cartaz no Museu de Arte do Rio (MAR), diz que seus alunos no projeto Afro Funk eram frequentadores assíduos dos bailes funk.

“Agora eles são dentistas e terapeutas que moram em bairros ricos. A maioria é branca. Essa normalização irritou os legisladores conservadores”, observa ela, citando projetos de lei que, para ela, visam atingir o funk.

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A Economist comenta que os temas e letras do funk brasileiro muitas vezes podem ser violentos. “Em um baile funk recente em uma favela no bairro carioca da Glória, adolescentes andavam com fuzis pendurados nos ombros e cintos de cartucheiras na cintura. Um homem na casa dos 20 anos acenava com um fuzil semiautomático incrustado de ouro. Atrás do palco, homens armados guardavam uma mesa empilhada com bolsas de cocaína para venda”, descreve o texto.

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Para a revista, se os embaixadores da música do Brasil costumavam ser artistas como Gilberto Gil, hoje o “mascote preferido” é Anitta. A reportagem destaca que ela trabalhou por muitos anos para chegar ao mercado internacional, aprendeu espanhol e inglês, comprou uma casa em Miami e assinou com uma gravadora de prestígio, a Republic Records.

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O texto lembra que, em 2022, ela foi a primeira brasileira a chegar ao topo das paradas globais do Spotify com sua música Envolver, um reggaeton cantado em espanhol. Para a Economist, o fato de ela ter precisado aprender dois idiomas e misturar gêneros para se tornar uma artista global revela a dificuldade que artistas brasileiros têm para alcançar um público internacional.

A revista conta que Beyoncé e Kanye West, duas superestrelas americanas, usaram batidas de funk em seus novos álbuns. O produtor Papatinho conta que os músicos americanos não faziam ideia do que era o funk até recentemente, mas que agora ele tem recebido ligações de Timbaland e Snoop Dogg, assim como o próprio Kanye West, pedindo por batidas.

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A América Latina e a África Subsaariana são os mercados musicais de crescimento mais rápido do mundo. Embora a América Latina contenha apenas 8% da população mundial, ela responde por quase um quarto da base mensal de usuários ativos do Spotify, de acordo com Roberta Pate, do Spotify Brasil.

Ela observa que o ingrediente fundamental para o sucesso de gêneros internacionais, como reggaeton, foi a “consistência na forma como os artistas dedicam seus recursos para conquistar o público global”. Para a Economist, se Anitta for capaz de seguir o exemplo, o crescimento global do funk pode não estar longe.

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