Chico Buarque 80 anos: 8 curiosidades sobre o “artista brasileiro”
Um dos maiores nomes da música brasileira, o cantor, que faz aniversário nesta quarta (19), é famoso pela discrição com a qual conduz sua vida pessoal
Um dos maiores nomes da música brasileira, admirado aqui e no mundo, Chico Buarque chega aos 80 anos nesta quarta, 19 de junho. Autor de inúmeros clássicos do nosso cancioneiro, com sessenta anos de serviços prestados com excelência (contados a partir de sua primeira música gravada, em 1964), ele também é famoso pela discrição com a qual sempre conduziu sua vida pessoal, a despeito do tamanho da fama conquistada.
Ao longo de sua carreira, foram mais de 50 álbuns (entre trabalhos solo de estúdio e ao vivo, discos parceria e trilhas sonoras) — sendo o disco mais recente Caravanas (2017), e a música, Que Tal Um Samba? (2022) —, que contêm uma infinidade de sucessos, gravados por ele por outros nomes importantes, alçando-o ao rol dos grandes compositores do planeta.
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A aclamação também viria com a literatura, com a qual ganhou três vezes o Prêmio Jabuti, o mais importante do Brasil, além de ter vencido o Camões, o mais relevante da língua portuguesa, e o Oceanos. Embora tenha publicado em 1974 a novela Fazenda Modelo, ele se assumiu escritor com o romance Estorvo, lançado em 1991, e, desde então, alterna seus lançamentos entre a música e a os livros.
Para celebrar este que é um dos grandes orgulhos da música brasileira, VEJA RIO destaca oito curiosidades (uma para cada década de vida) sobre o artista que há décadas encanta o público com suas preciosas criações.
1. Primeiros passos
Chico tinha 15 anos quando criou sua primeira música, Canção dos Olhos. Porém, ele considera Tem Mais Samba, de 1964, feita para o musical Balanço de Orfeu, de Luiz Vergueiro, sua composição de estreia. No mesmo ano, pela primeira vez uma composição dele foi gravada: Marcha Para um Dia de Sol, lançada em compacto (no lado B) pela cantora Maricenne Costa.
2. Sucesso nacional
Embora ele já tivesse sucesso com dois compactos lançados em 1965, a explosão nacional veio no ano seguinte, com sua participação no II Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record. Chico defendeu sua canção A Banda com Nara Leão, dividindo o primeiro lugar com Disparada, de Geraldo Vandré, apresentada por Jair Rodrigues. O júri queria que A Banda fosse a única campeã, mas o autor disse que só receberia o prêmio se ele fosse dividido, solução encontrada por ele para acalmar os ânimos da plateia, que estava bastante exaltada e polarizada.
3. De capa a meme
O primeiro álbum do artista foi Chico Buarque de Hollanda, lançado naquele mesmo ano. Produzido por Manoel Barenbein (que viria a se tornar o principal produtor da Tropicália), traz sucessos como A Rita, Pedro Pedreiro, Olê Olá e, é claro, A Banda. A capa traz uma foto do artista sorrindo ao lado de outra em que ele está sério. Nos anos 2000, essa imagem seria transformada em um meme que ultrapassou as fronteiras do Brasil.
4. Família musical
Chico é um dos sete filhos do sociólogo e historiador Sérgio Buarque de Holanda e da dona de casa e pianista Maria Amélia Alvim Buarque de Holanda. Dos três filhos homens, ele foi o único a se dedicar à música. Já as mulheres se interessaram mais por esse caminho: Miúcha (1937-2018), Cristina Buarque e Ana de Hollanda também se tornaram cantoras.
5. Flerte com o ultraconservadorismo
Apesar de, há muitos anos, ser declaradamente progressista e de esquerda, Chico chegou a flertar com um movimento retrógrado. No fim da adolescência, ele, normalmente brincalhão, começou a apresentar comportamento que causou estranhamento em sua família. Sua mãe logo descobriu que um professor do Colégio Santa Cruz, onde ele estudava, estava cooptando alunos com potencial de liderança para o movimento dos Ultramontanos (embrião da organização fascista Tradição, Família e Propriedade, a TFP). Sérgio Buarque de Holanda, que viria a ser um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), ligou aos berros para o homem e ameaçou agredi-lo caso voltasse a se aproximar do filho. Ele e a mulher decidiram, então, mandar Chico para um internato em Cataguases (MG), onde ficou por seis meses, sendo visitado mensalmente pelos pais. Na volta, estava divertido como sempre.
6. Influência da irmã mais velha
Miúcha foi muito importante para o interesse do irmão pela música. Mais velha dos sete filhos, usava seu violão — chamado Vinicius, em homenagem a Vinicius de Moraes, amigo de seu pai — para ensinar a Chico os primeiros acordes. Foi também ela que emprestou dinheiro a ele para que ele comprasse os primeiros LPs de João Gilberto, o que seria determinante para que ele enveredasse pela música de vez. Alguns anos mais tarde, ela se casaria justamente com João Gilberto, com quem teve a também cantora Bebel Gilberto. Miúcha se tornaria uma cantora importante, tendo lançado dois discos com Tom Jobim, além de sete trabalhos solo e o clássico álbum Tom, Vinícius, Toquinho e Miúcha Gravado ao Vivo no Canecão (1977), entre outros.
7. Pelada com Bob Marley
O cantor e compositor possui um campo de futebol em um terreno que comprou em 1978 e onde bate ponto duas vezes por semana ao lado de amigos (homens e mulheres). Em 1980, quem participou de uma pela por lá foi o ídolo Bob Marley, em sua única vinda ao Brasil, além de Junior Marvin (guitarrista dos Wailers, banda de Bob), Jacob Miller (vocalista do Inner Circle), Chris Blackwell (diretor da Island Records, gravadora de Bob) e a esposa Blackwell, Nathalie. Toquinho, Alceu Valença, Moraes Moreira, Evandro Mesquita, o produtor Marco Mazzola e o jogador Paulo César Caju foram outros nomes que participaram da histórica partida.
8. Consquistador discreto
Apesar da fama de conquistador que sempre o acompanhou, Chico só assumiu três relacionamentos depois de se tornar uma pessoa pública. Em 1966, conheceu a atriz Marieta Severo, com quem ficou por 33 anos e com quem tem três filhas. Embora desde 2009 se especulasse um namoro seu com a Thaís Gulin, foi em 2011 que a relação se tornou assumida. Ficaram juntos até 2016. Em 2017, ele começou a namorar a advogada e professora de Direito Caroline Proner, com quem se casou em 2021. Porém, em alguns momentos a imprensa apontou outros romances do cantor, embora ele jamais tenha falado publicamente sobre eles. Em 2005, ele foi fotografado em um beijo com a designer e fotógrafa Celina Sjostedt em pleno mar do Leblon. A moça era casada e, por isso, houve grande rebuliço. Além disso, em 2016, durante um rompimento com Gulin, a imprensa apontou que ele estava com a atriz Mônica Torres.