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Carioca quer recolher 1 milhão de bitucas de cigarro das praias em 2024

Bernardo Egas, de 37 anos, está à frente do projeto Revolução das Bitucas, que reúne cerca de 200 voluntários duas vezes por mês

Por Renata Magalhães
Atualizado em 19 abr 2024, 08h00 - Publicado em 19 abr 2024, 08h00

As lembranças mais marcantes da infância do ambientalista Bernardo Egas, 37 anos, têm o mar como cenário, junto aos avós, brincando por horas a fio na areia. O menino cresceu e, como bom carioca que é, nunca deixou de frequentar a praia. A quantidade de lixo, porém, começou a incomodar.

Ao participar de mutirões de limpeza, ele percebeu que, ao lado das tampinhas de garrafas, canudinhos de plástico e pedaços de isopor, um resíduo emergia em abundante quantidade: as bitucas de cigarro. “Quando meu filho nasceu, no ano passado, tive medo de que ele não pudesse aproveitar esse espaço da mesma forma que eu na idade dele, então iniciei um movimento”, conta Egas.

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Morador de Copacabana, ele decidiu passar uma hora por dia no Posto 6 recolhendo as guimbas — só no primeiro mês, em agosto do ano passado, foram 25 000 unidades. Batendo ponto sempre no mesmo horário, conheceu pessoas que se entusiasmaram com o desafio e começaram a ajudar. Assim surgiu o projeto Revolução das Bitucas, com a ambiciosa meta de se livrar de 1 milhão delas até o final de 2024. “Sei que é um número alto, mas é justamente para chamar a atenção de quem nem imagina ter tudo isso escondido na areia”, explica.

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“É um problema de saúde pública, que atinge não só a vida marinha, mas todos os frequentadores”

Um estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais dá a assustadora dimensão do problema: a entidade estima que, a cada trecho de 8 quilômetros, podem ser encontradas 200 000 guimbas descartadas nas praias. Para amenizar o problema, são realizados dois encontros por mês, que reúnem cerca de 200 voluntários.

Por enquanto, eles ainda estão restritos à Zona Sul, mas o plano é expandir para Barra e Recreio — e também para o fundo do mar. Em parceria com a colônia de pescadores, foi realizado no último mês o primeiro mutirão subaquático do projeto, no Forte de Copacabana. “Queremos chamar atenção para a falta de conscientização sobre o meio ambiente e tornar a orla mais limpa e segura”, pontua Egas. Segundo ele, os fumantes acham que algo tão pequeno não pode causar tamanho impacto.

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Um equívoco. Uma única guimba de cigarro contém cerca de 7 000 substâncias tóxicas e tem o potencial de tornar impróprios mais de 2 000 litros de água, considerando as espécies de organismos vivos mais sensíveis. “É um problema de saúde pública, que atinge não só a vida marinha, mas todos os frequentadores”, alerta, lembrando que a sujeira nem sempre é só deixada no local — ela pode afluir dos bueiros diretamente para o mar e retornar à areia.

Cabe, por fim, indagar: e o que será feito com 1 milhão de bitucas? “Talvez uma obra de arte ou um grande protesto, ainda não sabemos”, pondera. As praias, maravilhoso patrimônio natural da cidade, agradecem.

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