Race
- Duração: 75 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Renata Magalhães
Palavras e ideias deveriam caminhar juntas, mas isso não acontece sempre. Mestre no trato com ambas, o dramaturgo americano David Mamet demonstra esse talento já no duplo sentido sugerido no título da peça: Race, em inglês, pode significar raça ou corrida. Na adaptação em cartaz no Teatro Gláucio Gill, informações oferecidas em ritmo acelerado constroem a narrativa sobre o suposto estupro cometido por um milionário empresário branco (Yashar Zambuzzi). À complexidade do caso soma-se o seguinte complicador: a vítima é negra e o acusado, branco, assim como o são, respectivamente, T.J. (Nill Marcondes) e Jack (Gustavo Falcão) – este último em uma brilhante atuação que lhe rendeu indicação ao Prêmio Shell. Os dois são sócios no escritório em ascensão que tentará inocentá-lo, para a indignação de Susan (Heloisa Jorge), advogada idealista — e negra — que trabalha com eles. A cor da pele dos personagens, no espetáculo, é importante porque enriquece algumas das discussões propostas. Entram em questão discriminação racial e o preconceito oriundo de todas as partes, além do lugar da mulher na sociedade. Idealizada pela Cia. Teatro Epigenia, a montagem é a segunda parte de uma trilogia dedicada ao autor que, iniciada por Oleanna, em 2014, termina com Hollywood, no próximo ano. Depois da sessão, a conversa continua em debate com o elenco, o público e o diretor Gustavo Paso.