Guia Afetivo da Periferia

- Duração: 70 minutos
- Recomendação: 14 anos
Resenha por Jefferson Lessa



Milhões de jovens habitantes das bordas das cidades brasileiras conhecem bem esta história: acordar cedo, pegar uma condução abarrotada e quente, trabalhar duro, estudar (com sorte) e, na volta para casa, à noite, pensar em recomeçar tudo no dia seguinte. Em Guia Afetivo da Periferia,adaptação do livro homônimo de Marcus Vinícius Faustini, o olhar terno sobre a urbe, mantido apesar de todos os problemas visíveis, é uma das virtudes do original que chegam intactas ao palco. Na montagem, não há espaço para pieguice ou melodrama. Também diretor do monólogo, o autor imprime ritmo vibrante à encenação, aproveitado pela atuação comovente e firme de João Pedro Zappa. O jovem ator que chamou atenção em Boa Sorte (2014), belo filme de Carolina Jabor, encarna o rapaz da periferia mergulhado em memórias vividas no Rio e seu entorno, nos anos 80 e 90. No palco do Teatro Serrador cabe um mundo, ou melhor, o grande território por onde circulava Faustini na juventude, quando morou na vizinha Caxias e no bairro de Santa Cruz. Nessa toada autobiográfica, e tremendamente terna, o cenário recria o quarto do escritor, no qual nada é desnecessário, e projeções de imagens ilustram seu guia afetivo.