Bonitinha, Mas Ordinária
- Duração: 75 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Rafael Teixeira
Alvo de permanente polêmica, Nelson Rodrigues (1912-1980) certa vez se deu à pachorra de explicar a própria obra. "As senhoras me dizem: 'Eu queria que os seus personagens fossem como todo mundo'. E não ocorre a ninguém que os meus personagens são como todo mundo, daí a repulsa que provocam." Faz sentido, portanto, que as figuras criadas pelo autor para este drama estejam misturadas à plateia na montagem da Cia. Teatro Portátil. Ao longo do espetáculo, elas vão das cadeiras ao palco, e vice-versa, para contar a história de Edgard (Guilherme Miranda). O ex-contínuo recebe uma proposta que o fará subir na vida: para tanto, deve se casar com Maria Cecília (Julia Schaeffer), filha de seu patrão, o rico doutor Werneck (Edmilson Barros, substituindo Marcello Escorel nesta temporada). O rapaz, no entanto, é apaixonado por Ritinha (Elisa Pinheiro), moça pobre que faz de tudo para sustentar a mãe e as irmãs mais novas. A direção de Alexandre Boccanera reforça nos atores o uso da voz e despe um tanto a montagem de seu aspecto sexual ou escandaloso – o que evidencia ainda mais a reconhecida carpintaria dramática de Nelson. No elenco equilibrado (formado ainda por Ana Moura, Anderson Cunha, Diego de Abreu, Edmilson Barros, Ingrid Conte e Morena Cattoni), Elisa aproveita com gosto, mas sem histrionismo, as possibilidades do seu papel, de pureza aparente.