A Outra Casa

- Direção: Manoel Prazeres
- Duração: 90 minutos
- Recomendação: 16 anos
Resenha por Jefferson Lessa



Juliana Smithton (Helena Varvaki), renomada psiquiatra, prepara-se para apresentar uma palestra. O assunto é o remédio contra demência desenvolvido por ela. Magra, metida em um terninho elegante, a moça exala eficiência. Um lapso de memória durante a explicação, porém, dá início a um processo de desorientação crescente. A partir daí, não sabemos se aquilo em que a doutora acredita é a verdade. Ela pode ou não estar se separando do marido (Marcos França). Pode ou não ter conversas telefônicas com sua filha, desaparecida há dez anos. E sempre se refere a uma certa “outra casa”. A trama bem urdida do americano Sharr White leva o espectador a acompanhar este drama do ponto de vista de Juliana e, ao mesmo tempo, receber pistas sobre o que realmente acontece. No entanto, as peças da narrativa só se juntam no final. A Outra Casa (The Other Place, no original) poderia ter sido traduzida como “o outro lugar”, mas a versão em português perderia força. Nesse não lugar, sempre outro, sempre fugidio, habita a protagonista, perdida na própria mente. Enquanto busca a sanidade, em embates com os circunstantes, ela se humaniza. Ótimas atuações e o timing do texto sofisticado nos levam a crer que, na vida, também nos perdemos, mas esse é um labirinto no qual vale a pena se embrenhar.