A Frente Fria Que a Chuva Traz

- Direção: Neville D'Almeida
- Duração: 80 minutos
- Recomendação: 16 anos
- País: Brasil
- Ano: 2015
Resenha por Tiago Faria


Nos anos 70 e 80, o público sabia muito bem o que esperar dos filmes de Neville D’Almeida: retratos despudorados, repletos de cenas de sexo e nudez, de tipos brasileiros amorais. Dessa fórmula nasceram A Dama do Lotação e Rio Babilônia, entre outros. Longe das telas desde 1997, quando lançou o fraco Navalha na Carne, o cineasta mineiro retoma esse estilo de pornochanchada intelectual com A Frente Fria que a Chuva Traz, adaptação da peça de mesmo nome assinada por Mário Bortolotto (que está no elenco do longa). De cara, nota-se um problema gritante: aquele velho atrevimento hoje soa antiquado e ingênuo. De explícito, aliás, só sobrou o palavreado chulo disparado pelos personagens, jovens ricos do Rio de Janeiro que curtem organizar festas em favelas. Os globais Chay Suede e Johnny Massaro toparam interpretar caricaturas de “filhos de papai”, às voltas com os preparativos de uma balada turbinada por todo tipo de droga, em uma laje no Vidigal. Já Bruna Linzmeyer vive a “rebelde com causa” da trama, uma viciada em drogas que, cansada de tanto perrengue, preferiria estar levando uma vida mais digna. Apesar da proposta atual de crítica ao vazio da geração-ostentação, o tiro de Neville é de festim. Estreou em 28/4/2016.