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As lives da birita: degustações virtuais ganham adeptos no confinamento

A atividade altamente social segue acontecendo na casa dos cariocas entusiastas do assunto — só que nesta temporada na internet

Por Carolina Barbosa
Atualizado em 5 jun 2020, 18h16 - Publicado em 5 jun 2020, 06h00

Uma boa parte das rotinas migrou para a telinha do celular ou do laptop neste período de pandemia. Assim a humanidade segue trabalhando, estudando, se entretendo e cultivando seus hobbies. Evidentemente, é preciso ter bom jogo de cintura para se adaptar às circunstâncias, mas quem o faz de peito aberto vem tendo experiências únicas — e sem dúvida inéditas. Uma delas, que abrange uma numerosa turma de cariocas apreciadores de bebidas, é participar de rodas de degustação.

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Cabe indagar: como os confinados praticam uma atividade tão coletiva e sensorial distantes socialmente uns dos outros? A resposta é simples e desemboca no mesmo lugar que tantos outros setores estão explorando para se manter vivos: fazer tudo na internet, de preferência ao vivo, nas onipresentes lives. “Há uma alta demanda por lazer em casa, e é aí que entram os negócios especializados em degustação, tentando suprir essa lacuna”, analisa Karine Karam, professora de pesquisa e comportamento do consumidor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

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Neste novo mundo, redes sociais e ferramentas de videoconferência se tornaram o principal canal de comunicação entre vinícolas, importadoras, cervejarias, escolas etílicas e, claro, o clube de quem bebe. Conectados nas lives, especialistas têm dividido conhecimento com os quarentenados, que podem fazer perguntas em tempo real. Há desde bate-papos descontraídos sobre um drinque até discussões mais densas sobre técnicas e uvas.

Mas a história não se encerra na teoria. As provas continuam a acontecer cada qual na sua casa. “Sentimos muita falta da proximidade, do contato, mas achamos que a degustação pode ajudar as pessoas a se desligar em um momento tão delicado como o que estamos vivendo”, diz Rafael Adour, sócio da cervejaria artesanal carioca Flamingo Beer & Co., há dois anos no mercado, que acaba de implementar um sistema de harmonização guiada, via Zoom.

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Claro que, numa atividade como essa, todo mundo precisa estar bem equipado — e isso envolve a compra de bebidas e beliscos.  No caso da Flamingo, a brincadeira começa com um kit com três garrafas de 300 mililitros de sua lager, mais três do tipo witbier, dois copos apropriados para cada estilo e dois queijos artesanais, a 169 reais. A encomenda chega ao cliente horas antes do encontro virtual, com instruções anexas que detalham como funcionará a experiência. “Confesso que às vezes tenho preguiça de me arrumar para sair e ir a esses eventos, então achei o máximo fazer no conforto de casa”, conta a chef Rafaela Ramallo, 39 anos, que participou de uma das reuniões da Flamingo.

Tem mais gente que enxerga o lado bom de brindar a distância. “Nas versões convencionais, sempre um sai para atender o celular ou embala em um papo paralelo. Em casa há bem menos distrações”, comenta o sommelier Gustavo Renha, à frente da Beer Break. Com mais de uma década de atuação, ele pôs à venda uma caixa bimestral que combina rótulos nacionais e importados e outros itens artesanais para harmonizar com as cervejas, como massas, cafés e chocolates (a 450 reais). Oferece ainda workshops no sistema de videoconferência para degustar os itens selecionados.

Os participantes contam que, feita de casa, a atividade acaba ficando mais informal. Várias transmissões sobre o tema têm sido gratuitas (só compra a bebida quem quer). Sem demandar deslocamento, tendo tudo ali na comodidade do lar, a audiência naturalmente cresce. “É um luxo poder atingir um público sete vezes maior do que nas salas de aula”, comemora Joseph Morgan Junior, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-Rio), mas pondera: “Nestes tempos, precisamos ainda achar caminhos para consolidar uma formação mais técnica, cujo objetivo vá além do entretenimento”. Duas vezes por semana, a associação disponibiliza aulas sobre diferentes bebidas no Instagram — tem vinho, mas também coquetéis, cervejas e até chás.

Degustações guiadas: de vinhos a cervejas e outras bebidas (iStock/Getty Images)

Para quem quer aprimorar a experiência, é bom ouvir os especialistas. Sabe-se que em casa fica mais difícil manter certos ritos, como as doses fracionadas em até 90 mililitros, a variedade de rótulos (em geral, de quatro a seis), além de taças apropriadas e luz específica para a avaliação visual, olfativa e gustativa do líquido. “Nada substitui o encontro presencial, tanto na qualidade da degustação quanto no prazer e no calor humano, mas fazê-lo a distância é uma alternativa muito bem-vinda agora, impensável anos atrás”, enfatiza o engenheiro químico Fernando Lima, 46 anos, professor da ABS e integrante de um dos grupos de provas. Para Karine Karam, da ESPM, a degustação virtual veio para ficar. “As lives vão, no mínimo, coexistir com as experiências presenciais”, acredita. Um mundo novo que se abre aos apreciadores.

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ABS-Rio (@abs_rj) – Duas vezes na semana, a Associação Brasileira de Sommeliers promove encontros para falar de vinhos, coquetéis, cervejas e até de chá.

Beer Break (@gustavorenha) – O sommelier Gustavo Renha comanda degustações no sistema de videoconferência. A atual temporada é com rótulos de cerveja em lata.

Cave Nacional (@cavenacional) – Com o restobar em Botafogo fechado, a degustação passou a ser ao vivo, sempre às sextas, às 20h.

Farinha Pura (@emporiofarinhapura) – As transmissões abertas ficam mais divertidas se acompanhadas de comes e bebes (à venda na loja).

Flamingo Beer & Co. (@flamingobeer) – Para fazer degustações em grupo, via Zoom, há como opção um kit com seis garrafas de cerveja, dois copos e dois queijos artesanais (Canastra e brie).

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