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Troca de casas

Sites de intercâmbio residencial que ofererem a possibilidade de hospedagem gratuita mundo afora, desde que você libere a sua casa para os outros também, são a nova febre do turismo

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 5 jun 2017, 14h46 - Publicado em 2 nov 2011, 18h20

Imagine passar uma semana em Nova York ou Paris, a poucos metros de pontos turísticos incríveis como o Central Park e a Torre Eiffel, em um apartamento todo mobiliado com direito a geladeira abastecida, internet sem limite, jornal do dia na porta, TV a cabo, como se fosse a sua própria casa. E tudo de graça. Coisa de filme? Quem já assistiu O Amor Não Tira Férias, com Cameron Diaz e Kate Winslet, sabe que, nesta comédia romântica, duas mulheres trocam de casas. Pois bem, é como dizem: a arte imita a vida. A chance de passar as férias perfeitas e baratas, sem custo de hospedagem, está atraindo cada vez mais brasileiros para os sites de troca de casas, que unem pessoas do mundo todo em busca de novas experiências, amizades, e, é claro, um cantinho para ficar.

Na teoria, parece loucura emprestar a casa para estranhos e pegar a deles emprestada em troca, mas o home exchange, ou intercâmbio de casas, é mesmo coisa da vida real. O serviço é simples, funciona assim: duas pessoas ou famílias de diferentes partes do mundo, ou mesmo do Brasil, chegam a um acordo para trocar as chaves durante as férias. Tudo na base da confiança mútua e da boa vontade. Até os carros podem ser incluídos no pacote, mas não há qualquer envolvimento de dinheiro, ou seja, custo zero de hospedagem e, dependendo da negociação, nada de aluguel de automóvel ou de bicicleta.

Divulgação
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Mas e se quebrarem sua caneca preferida? E se deixarem tudo sujo? Ou pior: e se destruírem sua casa? A publicitária Kátia Carvalho não esconde que ficou com o pé atrás antes de trocar seu cantinho no Rio por uma casa na Inglaterra que encontrou através do site QuickHome, especializado em trocas residenciais. “Vai que a Scotland Yard batesse na porta para me prender, porque o dono do imóvel era procurado pela polícia? Por outro lado, eu também tinha medo de roubarem a minha casa, ou simplesmente de usarem o meu batom”, conta.

É natural se sentir inseguro, mas quem já usou o serviço garante que vale a pena. Após trocar muitos e-mails com os proprietários da residência inglesa, na época da viagem Kátia e o casal de estrangeiros já eram praticamente amigos. O que a brasileira viveu foi uma viagem incrível, sem pressões de horário, imposições de cardápio e com imersão cultural inesquecível na rotina de uma família britânica. “Cuidei da casa e do país deles como se fossem meus, e tive minha casa cuidada como se não tivesse saído de férias. Eles ainda me deixaram flores em agradecimento pela estadia no Rio”, lembra satisfeita.

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Além do QuickHome, existem diversos outros sites que tornam a troca de imóveis possível, gratuitamente ou através do pagamento de uma taxa anual de inscrição, que custa em média 150 reais. Uma bagatela levando em conta que apenas sete dias em um bom hotel no centro de Paris, por exemplo, pode sair por mais de 5 000 reais para um casal sem filhos. Economia de um lado, e do outro dinheiro de sobra para outras cositas mais, como compras. “Volto com a mala sempre cheia. Para que gastar dinheiro com hotel, onde você só vai dormir e tomar um banho, se você pode comprar mais presentes e almoçar em restaurantes mais bacanas?”, indaga a arquiteta Carmen Solange Severo, que já realizou mais de 20 trocas de casa passando por países como França, Itália, Espanha e Holanda.

Páginas como Intervac.com e TrocaCasa.com, versão brasileira do HomeExchange.com, um dos sites mais populares de intercâmbio de residências, hospedam ofertas de casa do mundo todo. Neste segundo estão cadastradas 40 000 residências em mais de 30 países, que vão de apartamentos simples – quarto e sala – até mansões com 10 suítes. O perfil dos usuários ajuda na hora de estabelecer a confiança no serviço. “São pessoas acima de 30 anos, com formação superior, estabilidade financeira e excelente padrão de vida”, afirma Carlos Gerent, representante da Intervac no Brasil.

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Os interessados preenchem um cadastro no site escolhido, descrevem o local onde moram, postam fotos da casa e da cidade, indicam suas preferências de destino, bem como as restrições (crianças, animais de estimação e fumantes são aceitos na casa? Quantas pessoas cabem no imóvel? O dono tem animais que precisarão ser cuidados pelo hóspede? E por aí vai). Informações como e-mail e telefone dos usuários não são publicadas, isto é, o contato inicial entre as pessoas se dá exclusivamente através de mensagens enviadas pela própria página.

Depois, cada um decide como vai prosseguir a relação. Isso mesmo, é praticamente um namoro, um flerte, em que as partes envolvidas conversam bastante – inclusive por telefone, Skype, webcam, e tudo o que tiver direito – para deixar claros os termos de troca, como o período do intercâmbio, e adquirir a tal da confiança, tendo a certeza de que ninguém vai parar em um cafofo. Para os mais inseguros, uma dica: os sites de troca residencial não se responsabilizam pelos acordos feitos a partir dali, uma vez que eles são apenas uma vitrine de ofertas. Mas as páginas costumam disponibilizar gratuitamente um termo de compromisso para que as pessoas possam estabelecer o acordo por escrito, o que é recomendado. “Tem gente que também pede cheque caução antes de entregar as chaves”, diz Ademar Couto, representante do TrocaCasa no Brasil.

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Ainda esse ano, a arquiteta Carmen Severo embarca para Nova York, onde conseguiu trocar seu apartamento em Copacabana por outro bem ao lado do Central Park. Em julho do ano que vem, viaja para Londres no mesmo esquema. Depois de tantos intercâmbios, a confiança no serviço e até mesmo uma certa dose de desapego em relação ao seu lar doce lar vieram naturalmente. “Não escondo nada na minha casa. Deixo a adega, as gavetas e os armários abertos, com joias e tudo. Nunca encontrei as coisas remexidas. A troca de casas é uma filosofia de vida, você cuida do lar alheio como se fosse seu, e vice-versa. No final das contas, é tudo uma questão de bom senso, cortesia e gentileza”, afirma.

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A geladeira do apartamento da arquiteta fica à disposição dos hóspedes, que costumam repor o que consomem. Mas, como manda a etiqueta das trocas, Carmen deixa sempre alguns mimos de presente, como delícias típicas do país. Tem sempre pudim de leite ou uma cesta de frutas para os estrangeiros saborearem. Isso além de mapas e folders contendo informações turísticas e outras dicas. Quando está no Rio na mesma época em que empresta sua casa, ela fica hospedada na do irmão e faz questão de buscar os turistas no aeroporto, como já fizeram com ela no exterior, e levá-los para conhecer locais bacanas que só um nativo sabe indicar. “Fiz e continuo fazendo grandes amizades graças às trocas de casa”, diz. Se sentir que pode confiar, ela também libera a chave do carro, que está no seguro.

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Prejuízos costumam ser raros. O engenheiro Carlos César de Lima, que costuma emprestar sua casa de praia em Búzios, com carro na garagem, já precisou pagar multa que não era sua. Ele entrou, então, em contato com o hóspede, e logo foi restituído. “A ideia é deixar sempre tudo da forma como foi encontrado. Se quebrar alguma coisa, reponha. Se for multado, pague. E deixe tudo sempre limpo”, recomenda Lima, que já fez uma viagem inesquecível com a mulher, filho e amigos para várias cidades da África do Sul, durante a Copa do Mundo, trocando casas. Agora ele, que mora em Belo Horizonte, se prepara para passar o Réveillon no Rio, no apartamento de cariocas que preferiram a região dos lagos.

Mais de 250 000 trocas de casas são feitas por ano no mundo inteiro. No Brasil, a adesão ainda é tímida. Dos 30 000 cadastrados no Intervac, por exemplo, apenas 15 são daqui, sendo cinco do Rio. No entanto, com o Brasil cada vez mais em evidência no mundo, a tendência é a busca muito maior por residências brasileiras, tendo em vista Copa do Mundo e Olimpíadas. E você, toparia deixar sua casa, seu carro, seu cachorro com outra família, e mergulhar nessa modalidade de viagem que não está à venda em agências de turismo?

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Outros sites de troca de casas:

www.homelink.com

www.swittchhome.com

globalfreeloaders.com

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www.mindmyhouse.com

www.exchangehomes.com

www.digsville.com

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