Duplo desafio
Na sua estreia como autor teatral, Marcelo Serrado arrisca-se em stand-up comedy no Teatro do Leblon
AVALIAÇÃO ✪✪
Um paradoxo ronda a stand-up comedy. Por um lado, trata-se de arte para poucos, já que exige total domínio de cena. Por outro, demanda recursos mínimos, apenas um ator e um microfone, o que incentiva muita gente boa a arriscar a reputação em uma montagem de baixo orçamento. O público, diga-se, comprou a ideia ? no momento, há pelo menos quatro espetáculos do gênero no Rio. Em cartaz no Teatro do Leblon, Tudo É Tudo e Nada É Nada tem como diferencial o fato de ser estrelado não por um comediante de ofício, mas por Marcelo Serrado, aqui em sua estreia como autor teatral. A direção é de Rubens Camelo.
Máxima do cantor Tim Maia (1942-1998), a frase no título da peça evoca a abrangência de temas passíveis de ser abordados em uma stand-up comedy. Vale tudo, como cantava o mesmo Maia: no palco, até filosofia de botequim (caso da frase em questão) pode virar piada. O talento de Serrado para encarar personagens cômicos é reconhecido ? basta lembrar de sua atuação como o afetado Crô, na novela Fina Estampa. A peça deixa claro, no entanto, que a comédia em pé pode ser traiçoeira até para atores escolados. Ao longo da sessão, Serrado se limita quase o tempo todo a contar casos supostamente reais sobre sua vida e carreira ? alguns engraçados, como um que envolve o próprio Crô, a maioria nem tanto. O ritmo meio frouxo também prejudica a tentativa de fazer graça. Apesar disso, o carisma do ator e algumas boas sacadas garantem a diversão.
Tudo É Tudo e Nada É Nada (50min). 12 anos. Estreou em 11/1/2013. Teatro do Leblon ? Sala Fernanda Montenegro (417 lugares). Rua Conde Bernadotte, 26, Leblon, ☎ 2529-7700. Sexta e sábado, 23h. R$ 50,00. Bilheteria: a partir das 15h (sex. e sáb.). Cc: D, M e V. Cd: todos. IC. Estac. (R$ 4,00 a cada meia hora). Até sábado (23).