Campo dos sonhos
Comédia dramática, Realismo aborda de forma delirante a dificuldade de enfrentar a vida adulta
AVALIAÇÃO ✪✪✪
Destacado autor escocês contemporâneo, Anthony Neilson foi associado ao estilo conhecido como in-yer-face ? ?na sua cara?, em tradução livre. Ele e outros representantes da mesma turma deram o que falar na Grã-Bretanha dos anos 80 e 90 com encenações provocativas, viscerais e, por vezes, vulgares. Montada pela primeira vez em 2006, a comédia dramática Realismo é menos chocante, mas nem por isso morna, como atesta a boa montagem da Imprecisa Companhia, dirigida por Tato Consorti.
À vontade em cena, João Velho interpreta o protagonista, também chamado João Velho, seguindo uma rubrica de Neilson. Trata-se de uma das muitas esquisitices (no bom sentido) do espetáculo. O personagem principal é um daqueles adultos com dificuldade de se assumir como tal. Em um sábado meio entediante, ele é assolado por lembranças de sua vida, que literalmente invadem a cena: um amigo de infância (Adriano Saboya), o pai distante (também Saboya), a mãe protetora (Daniela Galli) e duas namoradas (Beatriz Bertu e Paula Braun). Todos entram e saem de forma um tanto delirante, como se emergissem do inconsciente de João (e, portanto, subvertendo o sentido do título da peça). Por trás do que, por vezes, parece uma coleção de piadas de adolescentes tardios, vislumbra-se a metáfora sobre o rico universo interior presente até no ser mais desprovido de ambições.
Realismo (90min). 16 anos. Estreou em 22/2/2013. Centro Cultural Justiça Federal (142 lugares). Avenida Rio Branco, 241, Centro, ☎ 3261-2550, ? Cinelândia. Sexta a domingo, 19h. R$ 20,00. Bilheteria: a partir das 16h (sex. a dom.). Até dia 31.