Terror e filosofia
Domingos Oliveira se despede dos palcos como ator em Clímax, a história de um serial killer
AVALIAÇÃO ✪✪✪
Um dos mais prolíficos diretores e autores de sua geração, Domingos Oliveira se arriscou com menos frequência como ator. Sua mais recente aventura sobre o palco é também uma despedida: ele já declarou que Clímax, em cartaz no Teatro Gláucio Gill, é sua última experiência diante do público ? aos 76 anos, diz estar ?velho para isso?. Tais circunstâncias explicam o tom autobiográfico do espetáculo, no qual ele também figura como autor e diretor. Assim como seu personagem, o professor de literatura Felipe, Domingos é apaixonado por livros, cinema e filosofia, vê-se mais velho do que gostaria e enfrenta limitações físicas causadas por uma doença degenerativa.
Na história, o professor organiza um clube de estudos de literatura policial integrado por seu aluno preferido, David (Matheus Souza), sua ex-mulher, Mercedes (Claudia Ohana), sua assistente e digitadora, Sofia (Erika Mader), e seu amigo de juventude, o delegado Bocaiuva (José Roberto Oliveira). A ação se passa em uma noite. Ao longo do encontro entre os cinco, coincidentemente no aniversário de Felipe, o jovem discípulo, na verdade um serial killer, pretende assassinar o mestre. A rigor, há duas peças em uma: na primeira, enquanto os convidados vão chegando, o texto brinda a plateia com tiradas reflexivas sobre a vida, pontuadas por lirismo, filosofia e humor. Na segunda, David revela-se um psicopata e dá sequência a seu plano. O encaixe das duas é irregular, e paira a sensação de que as partes do espetáculo são melhores do que o todo. Ainda assim, esses fragmentos isolados, associados ao entrosamento entre os atores, garantem um bom programa.
Clímax (90min). 14 anos. Estreou em 20/1/2013. Teatro Gláucio Gill (104 lugares). Praça Cardeal Arcoverde, s/nº, Copacabana, ☎ 2332-7904, ? Cardeal Arcoverde. Sábado a segunda, 21h. R$ 30,00. Bilheteria: a partir das 16h (sáb. a seg.). Até 4 de março.