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Eles falam sozinhos

Com mais de dez monólogos cômicos em cartaz, esta é a temporada do riso nos palcos da cidade

Por Rafael Teixeira
Atualizado em 5 dez 2016, 15h09 - Publicado em 30 jan 2013, 19h01

Quando olhou o relógio, o comediante Marcos Veras se deu conta de que ainda faltavam dez minutos para o fim da apresentação de Falando a Veras. Sem saída, ele não teve outra opção. “Interrompi a peça e pedi licença para ir ao banheiro. Estava quase fazendo xixi na calça. Acharam que fosse uma brincadeira e que eu iria retornar com um figurino diferente. Que nada. Foi um grande sufoco, isso sim”, lembra. O episódio, claro, não é comum, mas funciona como exemplo dos empecilhos de encarar sozinho uma plateia lotada. Some-se a isso o desafio de fazê-la rir o tempo todo. Atualmente, mais de uma dezena de atores tem enfrentado essa prova de fogo no Rio. Profícuo em estreias e reestreias, o mês de janeiro se revelou, neste ano, especialmente pródigo na oferta de monólogos cômicos. “É um gênero que deixa o ator nu. A atenção fica toda em cima de você”, confirma o ator Maurício Branco, que ensaia para estrear, em março, Cinquenta Tons de Branco, seu segundo trabalho nessa linha.

O leque, além de amplo, é variado. Fora os inúmeros espetáculos de stand-up comedy, é possível ver Mônica Martelli em Os Homens São de Marte… E É pra Lá que Eu Vou! e Paulo Gustavo estrelando Minha Mãe É uma Peça. Há ainda aqueles em que os atores se multiplicam em vários personagens, a exemplo de Comício Gargalhada, com Rodrigo Sant?anna (a Valéria do programa Zorra Total, da TV Globo). As explicações para tal profusão se resumem a uma palavra: praticidade. Com apenas um ator, diminuem-se não só os custos com elenco, mas também aqueles com figurino, cenário e produção. “Quando fiz meu primeiro monólogo (Uma Loira na Lua, de 2004), não tinha um tostão, mas consegui levantar a montagem mesmo assim”, conta Alexandra Richter, atualmente em Minimanual de Qualidade de Vida. Outra vantagem é que o ator não depende de um convite para mostrar seu trabalho. Em várias dessas peças, ele acumula a função de autor e, eventualmente, até a de produtor. “Se alguma coisa der errado, a culpa será sua. Mas é gratificante saber que, se der certo, também será só por sua causa”, avalia Fábio Porchat, em cartaz com Fora do Normal, de sua autoria.

A história do circuito teatral carioca é pródiga em casos de êxito nessa seara. Combinando cinco monólogos independentes, 5X Comédia, de 1994, com Andréa Beltrão, Denise Fraga, Diogo Vilela, Luiz Fernando Guimarães e Pedro Cardoso, é até hoje lembrada por quem a viu. Louro, Alto, Solteiro Procura, com Miguel Falabella, estreou em 1994 e só encerrou sua temporada em 1997; Como Encher um Biquíni Selvagem, com Claudia Jimenez, ficou cinco anos em cena; e Boom, com Jorge Fernando, ocupou vários teatros por mais de uma década. Não por acaso, muitos atores de monólogos cômicos têm naqueles êxitos as suas referências. “Existe essa tradição forte no Rio. Eu via aqueles atores incríveis e sonhava em repetir o sucesso sozinho no palco”, diz Marcelo Serrado, que, além de Tudo É Tudo e Nada É Nada, estrela outro monólogo, Não Existe Mulher Difícil. Como se vê, o que não falta é motivo para dar risada nos teatros cariocas.

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