A turma da meia preta
Peça típica do vestuário social masculino ganha as ruas com tênis e bermuda
Uma das regras básicas do guarda-roupa masculino diz respeito à cor das meias: em nome da harmonia e do bom gosto, elas devem combinar com o tom da calça ou do sapato. Mas é só começar a reparar pelas ruas para ver que alguma coisa está fora da ordem. Não importa se o calçado é todo branco ou colorido, a meia preta, antes restrita ao vestuário social, virou o acessório da vez no visual dos mais ousados. “Sempre achei estranho quando colocava uma meia branca e saía com aquela canela brilhando pelo meio da rua”, justifica o ator português Ricardo Pereira. “Uso tanto com short e tênis para correr no calçadão da praia quanto com bermudão, para uma aparência mais casual. Acho que fica mais discreto e até bonito mesmo”, explica ele, que mandou para doação todos os pares de cor clara.
Ao contrário de outros modismos lançados por grandes grifes internacionais, esta é uma tendência que veio das ruas. Tudo começou no Central Park, em Nova York, com um grupo de profissionais do mercado financeiro que adotou o acessório nas corridas matinais. “Assim como a alça do sutiã e o bolso do short jeans, aparentes, alguém improvisa, outro acha bonito, e quando você se dá conta está todo mundo usando”, conta o pesquisador Marco Sabino, autor do livro Dicionário da Moda. Se um famoso resolver adotar um traje, por mais bizarro que seja, as chances de a tendência ser copiada tornam-se ainda maiores. Neste caso, o pontapé partiu do estilista americano Marc Jacobs, que combinou o adereço com sapato social e posou para fotógrafos de todo o mundo num grande evento (ah, sim, a saia que ele usou ainda não pegou por aqui).
Tanto em trajes esportivos quanto em looks que circulam do barzinho ao restaurante, a peça já conquistou adeptos como os atores Selton Mello, Thiago Rodrigues, Kayky Brito, o empresário Pedro Perdigão, o stylist Felipe Veloso e o apresentador Luciano Huck, todos flagrados de meia preta à mostra. Uma regrinha, no entanto, eles não subvertem: o comprimento não deve passar jamais a altura da canela. Caso contrário, há o risco de ficar com a aparência de um jogador de futebol prestes a entrar em campo.