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Risadas on-line

Depois do sucesso da comédia em pé, nova safra de humoristas cariocas ganha fama e dinheiro fazendo piadas na rede

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 5 jun 2017, 14h23 - Publicado em 12 set 2012, 16h43

Jovens interessados em se firmar no mundo do humor sempre viram nos espetáculos de stand-up comedy a grande chance de decolar na carreira. Pelo menos era assim até há bem pouco tempo. Hoje, a maior curtição é fazer palhaçada no YouTube. O site de compartilhamento de vídeos pertencente ao Google se transformou em uma vitrine poderosa que atrai milhões de pessoas, de qualquer canto onde exista banda larga, a cada novo filminho colocado no ar. Até os tão sonhados programas de TV passaram a ficar em segundo plano para essa moçada. “Na televisão você tem várias restrições. Não pode falar mal do fulano porque é amigo do dono, nem de uma marca porque é anunciante. No universo on-line não existem essas censuras”, justifica Antonio Pedro Tabet. Dono do blog Kibeloco, sucesso da internet, o roteirista e publicitário tem como parceiros o diretor Ian SBF, o redator João Vicente de Castro e os atores Fábio Porchat e Gregório Duvivier, os dois últimos com passagem tanto pelos palcos quanto por humorísticos em emissoras. O quinteto lançou há três semanas o canal Porta dos Fundos, com cerca de dez esquetes, hilariantes por sinal, e já acumula perto de 4,5 milhões de visualizações.

Indo na contramão do humor paulista, que às vezes recorre a piadas mais ácidas para provocar o riso na plateia, esses vídeos viram sucesso justamente porque apostam na sutileza. “É uma característica que está no nosso DNA, faz parte da malandragem do carioca e conta muitos pontos a favor da comédia”, afirma o produtor Leonardo Seródio, protagonista da paródia on-line Eu Nasci Há 25 Anos Atrás, gravada no Jardim Botânico, e dono do canal Javipior no YouTube ao lado do roteirista Bruno Tenenbaum. “Além de ser um celeiro natural de novidades, o Rio é um lugar onde os bueiros explodem, os prédios caem, somos assaltados, mas temos um visual maravilhoso. Isso se reflete no nosso trabalho”, diz Tenenbaum. Hábitos e situações vividas pelos moradores do Rio são justamente o mote de O Jeitinho Carioca, lançado em junho deste ano pelas produtoras Makulelê e 2Olhares e com mais de 850?000 exibições. Inspirado no curta Shit New Yorkers Say, que em uma tradução livre significa “Besteiras que os Nova-iorquinos Dizem”, o filme ganhará continuação em breve na internet, apesar de a trupe ter recebido proposta para fazer uma versão na TV.

Engana-se quem imagina uma atmosfera caseira entre os humoristas cibernéticos. As gravações que estouraram na rede são produções com apuro técnico, câmera de alta definição, ambientes criados por cenógrafos e equipe de editores, iluminadores e maquiadores. Com seus esquetes vistos mais de 70 milhões de vezes, a produtora Parafernalha leva em média cinco dias gravando cada um deles, num trabalho que envolve um grupo de no mínimo oito pessoas, além dos atores. Para concluir a sátira Tropa de Elite Vem Aí 2, por exemplo, foram gastos 5?000 reais. “Só com investimento vamos despertar a atenção de um público que está cada vez mais exigente e cansado da mesmice da televisão”, acredita Felipe Neto, o primeiro brasileiro a alcançar 1 milhão de inscritos em seu canal no YouTube, o Não Faz Sentido!. Inspirado em vlogs (blogs de vídeos) americanos de comédia, Neto montou um personagem irônico que critica tudo o que o incomoda, sem censura. Começou a ficar famoso em 2010, aos 22 anos, falando (mal) de ícones adolescentes como Justin Bieber, a saga Crepúsculo e Fiuk, filho do cantor Fábio Jr.

Se antes era difícil faturar na internet com sites e blogs, tudo ficou mais simples com o YouTube. Criado em 2007, o programa de parcerias da empresa repassa cerca de 50% da renda obtida com anunciantes aos donos dos conteúdos de maior destaque. Estima-se que um parceiro receba de 1 a 3 dólares a cada 1?000 visualizações. Canais cômicos americanos como o College Humor, que está entre os mais populares da internet, com mais de 1 bilhão de exibições por mês, chegam a faturar até 70?000 dólares. Por aqui, o produtor Erik Gustavo, sócio da produtora Alta Cúpula e criador do fantoche Marcelinho, que lê contos eróticos, garante ganhar mais com seus vídeos engraçadinhos do que com os convencionais. Além da comissão, ele fatura com a venda de produtos como camisetas, chaveiros e réplicas do boneco, que já foi pago para virar DJ e garoto-propaganda de um comercial de preservativos masculinos. Prova de que fazer graça pela internet pode render não só fama como dinheiro. E isso não é uma piada.

Clique nas imagens abaixo para assistir cada um dos vídeos

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