Quebra-pau em ritmo de samba
Em meados do século passado, eram mesmo as brigas, as desavenças e as picuinhas que inspiravam os sambistas: boa parte das mais populares marchinhas carnavalescas tem como mote o barraco. Essa foi a conclusão tirada pela equipe do espetáculo Chá de Carnaval, em cartaz na Casa Julieta de Serpa, no Flamengo. Dirigido por Jules Vandystadt, o musical reúne pérolas do cancioneiro implicante, como A Água Lava Tudo, Dá Nela, No Tempo da Minha Avó e a divertida Marcha do Sapinho (“Vai nascer sapinho na sua boquinha/ de tanto você beijar/ dizem que a rapaziada faz fila organizada/ e paga caro o seu lugar”). Confira acima os principais temas das canções que formam o roteiro da peça.
Porção tijucana da bossa nova
Recém-lançado pela Casa da Palavra, o guia Rio Bossa Nova faz um apanhado dos museus, casas de shows e bares cariocas que se dedicam ao estilo criado por João Gilberto e levado ao mundo por Tom Jobim. Na nova compilação de Ruy Castro (o livro é a segunda edição do mesmo projeto), alguns lugares surgem pela primeira vez no roteiro, como o Centro Municipal Arthur da Távola, na Tijuca. Aliás, o tradicional bairro da Zona Norte fica bem na obra. O autor afirma que o movimento não nasceu somente na casa de Nara Leão, em Ipanema, como muito se repete. O gênero teve também raízes tijucanas, a começar pelos fã-clubes de Frank Sinatra, que por ali proliferavam nos anos 60.
Boa literatura no trem
Foi criado nesta semana o primeiro serviço de empréstimo de livros em uma plataforma férrea da cidade ? gratuito, é bom frisar. Fica no mezanino da Estação de Madureira, em cima da plataforma de embarque, com 150 títulos, num total de quase 500 exemplares à disposição dos passantes. A curadoria do projeto privilegiou contos, crônicas e poesias, literatura rápida para estimular a leitura durante os traslados. Tem de Lima Barreto a Arnaldo Antunes, passando por Afonso Romano de Sant?Anna e Martinho da Vila. Carioca do subúrbio de Cavalcante, hoje morando no Leme, a produtora cultural Cristina Oldemburg foi quem idealizou a pequena biblioteca, com o apoio da iniciativa privada.
É público e digital
Diários oficiais, para muita gente, não passam de uma reunião de assuntos chatos, que fazem parte de um jornal de projeto gráfico antiquado, escritos numa linguagem burocrática. Dito assim, parece mesmo algo de difícil leitura. Mas dois irmãos, Bruno e Pietro Rímoli, do site Doinet, agora tentam dar cara nova à pesada publicação. Há alguns anos eles vêm digitalizando a imprensa oficial do estado, e prestam o serviço de busca de palavras. Numa pesquisa recente, constataram que os três assuntos que mais despertam a curiosidade dos leitores cariocas (sim, eles existem) são editais de concursos, notícias sobre nomeação ou exoneração de servidores públicos e avisos de leilões, pregões e licitações.