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Comemore antes que o mundo acabe

Apocalipse maia inspira festas temáticas que celebram o fim dos tempos

Por Louise Peres
Atualizado em 5 jun 2017, 14h15 - Publicado em 19 dez 2012, 16h29

Nos primeiros versos do samba E o Mundo Não Se Acabou, gravado na década de 30, Carmem Miranda salientava: na noite de um anunciado apocalipse, até a batucada no morro foi suspensa. Oitenta anos depois, o iminente fim do mundo previsto pelo calendário maia surtiu o efeito contrário entre os cariocas. No dia 21 de dezembro de 2012 pelo menos quatro grandes festas, com expectativa de reunir 5?000 pessoas, vão celebrar aquela que, segundo a tal profecia, pode ser a última comemoração na Terra. “Era o pretexto perfeito de que precisávamos para beber, dançar e nos divertir sem preocupação com o dia seguinte”, brinca Ricardo Bräutigam, dono da grife Ausländer, que desde 2004 expandiu sua fama das passarelas para a cena noturna, realizando concorridos agitos pós-desfile e celebrações temáticas. Para a noitada final, o empresário se aliou ao Baile do Zeh Pretim na End of The World, que acontece no Museu Histórico Nacional e terá decoração fúnebre, fogos de artifício, DJs badalados e bebidas liberadas.

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O melhor termômetro para medir o entusiasmo pelo assunto é a internet. No Google, a busca pelos termos “fim do mundo 2012” aponta quase 10 milhões de resultados. Criada no Facebook no início de 2011, a página Viradão do Apocalipse já soma quase 9?000 inscritos e comentários esfuziantes como “vou beber até cair”, “quero morrer feliz” e “vamos balançar o esqueleto”. Foi toda essa animação no ambiente virtual que acabou motivando a organização de mais uma festa, desta vez à fantasia. “Entrei no clima e vou encarnar um Cavaleiro do Apocalipse”, adianta o cantor Yann Hatchuel, de 24 anos, que já tem pronto o traje com o qual fará sua aparição no Espaço Acústica, na Praça Tiradentes. Os próprios organizadores listaram algumas sugestões engraçadinhas para inspirar o público a criar sua indumentária. São temas como “o fim da picada”, “é pau, é pedra, é o fim do caminho” e “Nana Gouvêa”, modelo que posou em meio aos destroços deixados pelo furacão Sandy nas ruas de Nova York e virou piada na rede. A ambientação catastrofista será uma atração à parte nessas festas. Projetores exibindo imagens de desastres naturais e telões sintonizados na contagem regressiva até a meia-noite dão o clima da Última Festa do Mundo, atração da Casa da Matriz, em Botafogo. O toque apocalíptico aparece ainda nos drinques flamejantes, distribuídos aos convivas pegando fogo. Para evitar que os ânimos mais exaltados passem da conta, os organizadores já tomaram algumas providências necessárias. Na End of The World, por exemplo, a segurança será reforçada em 50% em relação a um evento normal. Na contramão do clima sombrio proposto pela maioria das comemorações, a promoter Carol Sampaio planeja uma edição alto-astral do Estação Baile Charme, no Monte Líbano, clube da Lagoa. “Estou pedindo às pessoas que ponham a roupa mais colorida que tiverem no armário. Vamos chegar ao céu bombando de alegria”, diverte-se.

A humanidade hoje tem desprendimento suficiente para festejar e mesmo zombar da possibilidade do fim do mundo, mas nem sempre foi assim. Civilizações antigas, temerosas, enxergavam a vida na Terra em ciclos, prevendo inícios e fins. As religiões, desde as politeístas até o judaísmo, o hinduísmo e o cristianismo, também fizeram sua parte na construção desse imaginário. Vide o imenso afresco pintado por Michelangelo atrás do altar da Capela Sistina, no Vaticano, que retrata o Juízo Final descrito na Bíblia. Junte a isso as premonições de Nostradamus, ainda no século XVI, o bug do milênio, na virada para o ano 2000, e até datas cabalísticas como 9/9/99. Conclusão: a fonte de boatarias sobre o assunto é inesgotável. A indústria hollywoodiana também contribui para estimular a natural curiosidade humana em torno de hipóteses para a extinção em massa. Na categoria filmes-catástrofe, Armageddon, Impacto Profundo, Independence Day e O Dia Depois de Amanhã ganharam a companhia da superprodução 2012, que há três anos antecipava o tal apocalipse pré-colombiano. No último dia 13 de novembro, no entanto, a Nasa emitiu um comunicado descartando qualquer possibilidade de um evento cataclísmico capaz de dar fim à humanidade. Nada que abale a animação de quem está disposto a curtir a noitada como se fosse a última.

NOITADAS APOCALÍPTICAS

Quatro eventos para comemorar o 21 de dezembro em ritmo de vale-tudo

A Última Festa Do Mundo

Horário 23h Onde Casa da Matriz (Rua Henrique de Novaes, 107, Botafogo)

Atrações Drinques servidos com fogo, decoração inspirada em catástrofes e telões com contagem regressiva dão o clima.

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Preço R$ 30,00

End of The World

Horário 23h

Onde Museu Histórico Nacional (Praça Marechal Âncora, Centro)

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Atrações A festa, com vodca, uísque, cerveja e energético liberados, será interrompida à meia-noite para uma grande queima de fogos

Preço R$ 300,00 (homens) e R$ 220,00 (mulheres) na Ausländer do Shopping Leblon

Estação Baile Charme ? Fim do Mundo

Horário 23h

Onde Clube Monte Líbano (Avenida Borges de Medeiros, 701, Lagoa)

Atrações Os DJs Corello, do baile do Viaduto de Madureira, Tubarão, Nepal e Patty de Jesus comandam a noite dedicada ao charme

Preço R$ 55,00 (mulheres) e R$ 77,00 (homens) no ingressocerto.com.br

Viradão do Apocalipse

Horário 23h

Lugar Espaço Acústica (Praça Tiradentes, 2, Centro)

Atração DJs de diferentes estilos montaram um repertório eclético que vai do rock aos pagodes antigos. O traje é temático, inspirado no fim do mundo

Preço R$ 50,00

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