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Retratos do século XX

Quatro profissionais da chamada fotografia humanista têm suas obras expostas na cidade

Por Rafael Teixeira
Atualizado em 5 dez 2016, 14h21 - Publicado em 10 jul 2013, 18h15

Indagado certa vez sobre qual seria o tema por trás do seu trabalho como fotógrafo, o francês Henri Cartier-Bresson respondeu: “A humanidade. O homem e sua vida, tão breve, tão frágil, tão ameaçada”. Batizado como fotografia humanista, o gênero que teve em Bresson um de seus maiores expoentes está presente em quatro belas exposições em cartaz na cidade. No Centro Cultural Correios, um andar é ocupado pela premiada francesa Sabine Weiss. Aos 88 anos, ela ganha sua primeira retrospectiva no Brasil, na qual estão reunidas 132 imagens, na maioria flagrantes de cenas cotidianas de Paris ? músicos tocando na rua, senhores jogando baralho em uma praça, casais beijando-se na noite de réveillon. O mesmo espaço recebe 100 registros de Antanas Sutkus, lituano de 73 anos que trabalhou por boa parte de sua vida sob a censura do regime comunista. Durante mais de meio século, ele voltou seu olhar para aqueles que chamava de “heróis”: pessoas mais simples, em cujas imagens buscava desafiar o formalismo soviético. As outras duas exposições ocupam o Instituto Moreira Salles. Com 225 itens, a maior delas é dedicada ao francês Jacques Henri Lartigue (1894-1986). Em suas fotografias, destacam-se cenas da capital francesa, registros de viagens e flagrantes de eventos esportivos, a exemplo de jogos de tênis e corridas de automóveis. Completa o rol uma mostra de 110 fotos de Haruo Ohara (1909-1999), japonês que emigrou para o Brasil aos 17 anos. Radicado onde viria a ser fundada a cidade de Londrina, no Paraná, ele trabalhou como agricultor, mas dedicou-se com igual afinco à fotografia, tendo o campo como centro de suas atenções.

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Considerada uma irmã mais nova (e mais poética) do fotojornalismo, a fotografia humanista surgiu por volta dos anos 30 e ganhou força no período que se seguiu ao fim da II Guerra Mundial, especialmente na França. Muitos dos seus expoentes viveram na mesma época que Cartier-Bresson, tenham eles sido seus conterrâneos, a exemplo de Robert Doisneau e Janine Nièpce, ou originários de outro país dedicados a registrar cenários franceses, como o húngaro Brassaï. O estilo não configurava um movimento articulado, mas um grupo de fotógrafos independentes com um assunto em comum. Não à toa, o gênero engloba profissionais tão distintos quanto Lartigue, para quem a fotografia foi durante décadas apenas um hobby, e Sabine, que firmou sua reputação como colaboradora de revistas como Vogue, Paris Match, Life, Esquire e Newsweek. Ou Sutkus, politicamente engajado, e Ohara, com um olhar mais íntimo sobre o seu universo pessoal. “Cada um tem a sua força autoral. Mas todos tocam em questões essenciais do homem”, diz Sergio Burgi, coordenador do acervo fotográfico do Instituto Moreira Salles. São diferentes visões de um mesmo século, sempre com um olhar voltado para o outro.

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