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A arte carioca em Inhotim

Em solo mineiro, neste imenso espaço que reúne cultura e natureza, se encontra um seleto conjunto de arte contemporânea brasileira com assinatura carioca. Conheça as obras

Por Louise Peres
Atualizado em 5 dez 2016, 15h41 - Publicado em 12 mar 2012, 19h40

Uma experiência única para o público apreciador de obras de arte, o Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais, reúne, ao ar livre e em pavilhões espalhados por um extenso jardim, obras de grandes nomes da arte contemporânea mundial. Idealizado pelo empresário Bernardo Paz e aberto ao público com estrutura completa em 2006, o espaço fica a 60 quilômetros de Belo Horizonte e tem foco em trabalhos desenvolvidos a partir dos anos 1960 até os nossos dias. É o maior centro de arte contemporânea a céu aberto do mundo, com 100 hectares de área, 22 pavilhões e galerias abrangendo escultura, instalação, pintura, desenho, fotografia, filme e vídeo. Coexistindo com as artes plásticas, o local apresenta ainda ao visitante uma rica variedade de coleções botânicas, compostas de espécies nativas de diferentes partes do Brasil.

Nesse cenário, a produção carioca não poderia estar ausente. A começar pelo projeto paisagístico, influenciado por Roberto Burle Marx (que era paulistano, mas mudou-se para o Rio ainda criança e aqui permaneceu até sua morte, em 1994), grandes nomes do Rio, como Hélio Oiticica, Adriana Varejão e Cildo Meireles, têm forte presença entre as mais de 500 obras expostas no instituto, criadas por uma centena de artistas oriundos de 30 países diferentes. Para quem pretende ir a Brumadinho e contemplar esses dois milhões de metros quadrados ocupados por um extenso acervo ambiental e artístico, apontamos abaixo uma lista de artistas do Rio cujas obras encontram-se em exposição por lá. Confira algumas na galeria abaixo.

Roberto Burle Marx

A arte carioca está até mesmo nos primórdios do jardim que viria sediar o Instituto Inhotim. Amigo de Bernardo Paz, o paisagista Roberto Burle Marx fez uma visita ao espaço ainda na década de 80 e apresentou sugestões e colaborações para o empresário. Desde então, o local teve seu projeto modificado e ampliado, estando, desde janeiro de 2009, sob responsabilidade do paisagista e curador botânico Dr. Eduardo G. Gonçalves.

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Adriana Varejão

Nascida no Rio, onde vive e desenvolve seus trabalhos, a artista ganhou em 2008 a galeria Adriana Varejão. Desde então, algumas de suas obras, que articulam pintura, escultura e arquitetura, se encontram em exposição permanente no Instituto. Uma delas, a Celacanto (2004-2008), foi especialmente criada para o espaço que ocupa a partir de um painel original, em apenas uma parede. Tendo o barroco e a azulejaria portuguesa como principais referências históricas, além da própria história colonial que une Portugal e Brasil.

Alexandre da Cunha

O carioca radicado em Londres é um escultor e performer cujo obra integra, além da linguagem de vídeo, diversas fontes de referência: a abstração geométrica, as artes aplicadas, o design, a arquitetura moderna brasileira. Cunha tem cinco obras no acervo do Inhotim. Uma delas é a Public Sculpture (Escultura pública, 2008), composta por três peças de concreto e espuma. As peças fazem referência a uma tradição do monumento construído em concreto, típica da modernização brasileira ocorrida a partir dos anos 1950.

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Cildo Meireles

Desde a década de 60, Cildo Meireles é um dos pioneiros na arte da instalação no Brasil, trabalhando com suporte, técnicas e materiais diversos e apontando para questões de natureza política e social. Um seleto conjunto de seus trabalhos está exposto em Inhotim, com destaque para Desvio para o Vermelho, um de seus trabalhos mais complexos e ambiciosos. Concebido em 1967, foi montado em diferentes versões desde 1984 e exibido no Instituto em caráter permanente desde 2006. A obra é formada por três ambientes articulados entre si: Impregnação, onde o visitante se depara com uma coleção monocromática de móveis, objetos e obras de arte; e Entorno e Desvio, onde o artista reuniu “explicações anedóticas” para o mesmo fenômeno da primeira sala, em que a cor satura a matéria, se transformando nela.

Ernesto Neto

O artista, cujas obras transitam entre a escultura e a instalação, tem dois trabalhos no acervo do Instituto. Um deles, Copulônia (1989) é considerado o marco inicial de sua trajetória. A partir dela, Ernesto Neto definiu os interesses que viriam a caracterizar não apenas a sua obra futura, mas também sua contribuição para história da arte contemporânea. A obra exibida em Inhotim é uma versão refeita pelo artista da obra original, 20 anos após sua primeira e única apresentação. Seu título faz referência à “cópula” (termo utilizado pelo artista para caracterizar um tipo de elemento, presente na obra, em que duas partes se penetram) e à “colônia” (seção da obra na qual os elementos se repetem). Outras unidades aparecem entre as 82 peças que compõem a obra – o “passo”, o “namoro”, o “prumo” e o “peso” – e fazem alusões que vão da dança à construção civil.

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Hélio Oiticica

Um dos fundadores do grupo Neoconcreto e expoente da arte contemporânea brasileira, reconhecido internacionalmente por sua obra experimental, Oiticica tem expostos no Inhotim, em caráter permanente, dois trabalhos. Um deles, o penetrável Magic Square, é um conjunto de paredes coloridas, dispostas ao ar livre. O outro, uma série assinada em parceria com Neville d?Almeida, é o chamado Cosmococas. Datadas de 1973, as obras constituem ambientes sensoriais com projeção de slides, trilhas sonoras e diversos elementos táteis. As obras relacionam-se com a ideia de “Quasi-Cinema”, desenvolvida por Oiticica e D?Almeida, que pretendia investigar a relação do público com a imagem-espetáculo. Em Inhotim, as cinco Cosmococas – Trashiscapes, Onobject, Maileryn, Nocagions e Hendrix-War – são exibidas num pavilhão projetado especialmente para recebê-las. A série tornou-se referencial para a arte contemporânea.

Jarbas Lopes

A produção do artista, natural de Nova Iguaçu, inclui escultura, desenho, instalação e performance, e também projetos em que o artista trabalha antes o imaginário de uma proposição do que sua realização propriamente dita. É o caso da Cicloviaérea (2003-2004), a rigor um meio de transporte – um plano levemente inclinado, ligando um ponto a outro do trajeto com bicicletas. Contudo, tal plano não foi construído, mas, sim, esculturas-bicicletas que são símbolo do projeto.

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Miguel Rio Branco

Resultado de um longo processo de colaboração entre Inhotim e o artista, o Pavilhão Miguel Rio Branco foi construído durante dois anos para abrigar uma apresentação abrangente de sua produção. As obras reunidas apresentam a imagem fotográfica em diversos suportes, como fotos individuais, painéis, filme, instalações audiovisuais e multimídia, oferecendo uma grande colagem multifocal da obra do artista, emoldurada por um arrojado projeto arquitetônico. As obras incluem imagens produzidas nos últimos 30 anos, desde suas séries iniciais, como Maciel (1979), realizada no Pelourinho, em Salvador, até suas instalações mais recentes, nas quais sua pesquisa se encontra com o impulso espacial da arte contemporânea.

Tunga

O artista nasceu em Palhares, Pernambuco, mas escolheu o Rio para viver e trabalhar. Desde meados dos anos 1970, Tunga cria obras de um imaginário exuberante em desenho, escultura, instalação, filme, vídeo e performance. Em sua obra, tranças, tacapes e pentes são elementos recorrentes. Em várias de suas obras, Tunga usa o campo magnético como fator que expande o espaço da obra. Em Lézart (lagarto em francês), não há solda entre as chapas de ferro e o arame: suas partes são conectadas pela atração dos ímãs e por nós; são estruturas que se sustentam por si mesmas, negociando entre as forças da gravidade e magnética. Num conto escrito pelo artista, de alguma maneira parte deste mesmo trabalho, ele diz estar deitado numa rede, em momento de suspensão onde descansa entre leituras e elucubrações filosóficas, e presencia a fusão entre duas lagartixas.

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Waltercio Caldas

Escultor, desenhista, artista gráfico, gravador, cenógrafo e figurinista, o carioca Waltercio Caldas também participa do acervo do Inhotim. No Instituto, encontra-se exposta, em meio ao jardim, mais um trabalho da série Escultura para todos os materiais não transparentes, feita em mármore e madeira.

Visite!

Instituto Inhotim. Rua B, 20, Inhotim, Brumadinho, Minas Gerais, tel. 31 3254 5440

Terça, Quarta, Quinta e Sexta 9:30 às 16:30. Aos Sábados, Domingos e feriados de 9:30 às 17:30. Mais informações em www.inhotim.org.br

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