Há dois anos, o ator carioca atuou em duas peças na cidade. Fez a comédia shakespeariana Medida por Medida e divertiu-se no monólogo Risotto com Rodolfo Bottino, em que interpreta e conta histórias enquanto prepara o prato do título. Estudioso da gastronomia ? ele chegou a ter um restaurante
no Rio, o Madrugada ?, Bottino está de volta a um palco da cidade, mas sem panelas.
Ele divide a cena com Nelson Yabeta na primeira montagem carioca do drama autobiográfico do paranaense Mario Bortolotto, Homens, Santos e Desertores, em cartaz na Caixa Cultural.
O que o levou a voltar ao palco, depois de dois anos? Na verdade eu não estava em cartaz no Rio. Tenho viajado com o Risotto por vários estados. No espetáculo consigo juntar as duas coisas de que mais gosto: gastronomia e teatro. Entre uma apresentação e outra continuo dando os meus cursos de cozinha.
Como você chegou a este texto? O Nelson Yabeta, que também é produtor do espetáculo, me convidou e peguei o texto para ler sem muito entusiasmo. Não sou íntimo do Bortolotto, mas conheço o trabalho dele. Logo na primeira leitura percebi uma poesia diferente, gostei da pegada autobiográfica e descobri muitos pontos em comum com o autor. Ele estudou em colégio de padres, é fã do Charles Bukowski e tem referências como a Divina Comédia, de Dante Alighieri, como eu. Faço um personagem de meia-idade que é meio protetor de um jovem estudante, seu vizinho. O rapaz não tem afinidade com os colegas e gosta de ler Tolstói, que pega emprestado do homem mais velho. A peça é densa, mas tem momentos bem-humorados.
Nos anos 80 seu rosto era dos mais conhecidos nas tramas da Globo. Depois veio o programa de cozinha Gema Brasil. Faz planos de voltar à TV? A televisão me projetou, mas nunca mais rolou de fazer novela. Durante quase dez anos apresentei o programa Gema Brasil, que era um talk-show em que eu cozinhava enquanto entrevistava. Novela é muito complicado porque consome dez meses da vida do ator, e não posso ficar tanto tempo me dedicando a uma atividade só. Preciso dar meus cursos de culinária e ter tempo para ir aos meus médicos e ao dentista. Gravei o piloto de um novo programa, de formato parecido com o do Gema Brasil, que, se tudo der certo, entra no ar em agosto em um canal por assinatura. O nome provisório é Para Todos. Vou para a rua contar a história dos alimentos, em vez de ficar dentro do estúdio.