Um dos encenadores mais influentes da atualidade, o inglês Peter Brook, 86 anos, não dá guarida à indiferença. Suas montagens sobressaem pela originalidade técnica, além dos tons de crítica e polêmica. Radicado em Paris desde 1968, quando fundou o Centro Internacional de Criação Teatral, ele dá expediente até hoje na instituição. Da Europa, Brook conversou, por e-mail, com VEJA RIO, sobre a estreia na América Latina do espetáculo Uma Flauta Mágica. Na versão do diretor, a célebre ópera de Mozart teve sua duração reduzida de 4 horas para 1 hora e meia. Diálogos dominam a narrativa, mas as árias mais conhecidas foram preservadas e ganham o acompanhamento musical de um piano. A mais recente produção da Compagnie des Bouffes du Nord, que Brook comanda há mais de 35 anos, terá três apresentações, a partir de quarta (7), no Teatro Dulcina.
Por que escolheu o Rio para a estreia de sua turnê pela América Latina?
O Rio de Janeiro é uma das mais belas portas de entrada para o Brasil. Esta cidade de todas as culturas e de todos os horizontes mistura e amalgama culturas, gêneros e registros: música, festa, teatro… E ainda serve de cenário para um dos espetáculos mais belos,
o Carnaval.
Já esteve na cidade antes? Estive no Brasil, mas ainda não não tive a sorte de acompanhar a Compagnie des Bouffes du Nord ao Rio (Brook esteve em São Paulo e em Belo Horizonte para as apresentações do espetáculo Tierno Bokar, em 2004).
Há atores ou diretores brasileiros cujos trabalhos o senhor admire? Em Uma Flauta Mágica trabalhamos com um ator e mágico brasileiro, Celio Amino. Ele faz parte do conceito de distribuição de nacionalidades da companhia, que conta com artistas de diversos países. Essa mistura de culturas, de tradições e de memórias tem tudo a ver com o nosso trabalho a serviço da universalidade do teatro.