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Para Danuza Leão, escritora e colunista

Por Alessandra Medina
Atualizado em 5 dez 2016, 15h54 - Publicado em 18 nov 2011, 21h19

Seu oitavo livro, É Tudo Tão Simples, é uma espécie de manual da boa educação contemporânea. Acha que as pessoas estão mais mal-educadas? Hoje, ninguém presta mais atenção nos outros e nem se importa se está incomodando quem está por perto. Já reparou o que acontece nos restaurantes? É uma gritaria, criança correndo no meio das mesas. Fico apavorada.

Você escreveu que não promove mais jantares, não hospeda ninguém e não gosta de se socializar. Não tem medo de que os amigos fiquem chateados? Não. Os que me conhecem de verdade vão entender. Há dois meses, eu me mudei para um apartamento novo e umas amigas sugeriram que eu fizesse um jantar. Disse logo que não ia fazer. Tenho medo de a festa ser um fracasso, de a comida não ficar boa, de sobrar e não ter lugar para guardar. Então, é melhor não fazer, não é mesmo?

Foi difícil se desfazer de roupas, louças e outros itens de consumo? Olha, doeu bastante, mas passou. Separei os livros e pedi a um sebo para buscar, dei um monte de bugigangas às amigas. Fiquei com um armário bem básico. Dei até casaco de pele.

Casaco de pele? Tenho de te confessar: adoro uma pele! Eu mandei um lindo, de leo­pardo, para uma amiga que trabalha com moda em São Paulo. Fico tocada quando leio que esses animais estão em extinção, mas comprei na época em que não tinha o menor problema ter um desses no armário. A gente não usa sapato e bolsa de couro? Não come carne? Então, por que eu posso comer um bife e não posso usar o meu casaco? O bicho morre igualzinho.

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Na condição de primeira modelo brasileira contratada por uma casa de alta-costura francesa, o que acha da moda atual? Todo mundo hoje adora ostentar, não é? As pessoas olham para as outras e já sabem de onde é a bolsa e quanto ela custou. Uma amiga foi a um jantar e doze convidadas tinham o tal sapato de sola vermelha. Acho um horror.

Você se considera vaidosa? Mais ou menos. Faço pilates todos os dias, cuido das mãos semanalmente, ajeito o cabelo. Tudo em salão desconhecido. Os badalados aqui de Ipanema parecem galinheiros. Além disso, procuro me alimentar bem durante o dia. Só almoço ou janto. Depois de uma certa idade, não dá para fazer essas duas refeições.

Qual a sua idade? Pelos meus cálculos seriam 78 anos. Não conte isso a ninguém. É um absurdo. Acha que eu mereço essa idade? Imagine se você não soubesse disso e estivesse conversando comigo: eu tenho alguma coisa a ver com esses anos todos? Eu não!

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Quantas plásticas vo­cê fez? Várias. Eu acho maravilhoso! Mas também acredito que chega uma hora em que a pessoa tem de parar. E essa hora chegou para mim. Se bem que toda vez que digo isso pinta uma novidade e eu fico com uma vontade danada de experimentar.

O que acha da vaidade masculina? Estranhíssima! O que são os cabelos dos políticos? Eu acho que eles pintam em casa. E com a tinta mais ordinária do mercado. Outro dia, fui ao banco e o caixa estava de unhas pintadas. Quase desmaiei. Os homens estão demais. Eu tenho um amigo que tem mais de trinta relógios. Acho que, como não pode colocar colar, pulseira e anel, usa relógio.

Com seu novo livro, não tem receio de as pessoas acharem que você é esnobe? Tenho certeza de que muitas pessoas vão achar isso sim, mas não podia escrever um livro cheio de mentiras. Não ia fazer sentido algum. Acredito que algumas pessoas vão entender o espírito. Espero que sejam muitas.

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