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Parque do Flamengo completa 50 anos e ganha exposição

Mostra está em cartaz no Centro Cultural Correios até o fim de novembro

Por Redação VEJA RIO
Atualizado em 2 jun 2017, 12h25 - Publicado em 1 out 2015, 17h36

Uma das principais áreas de lazer do Rio de Janeiro está completando seu cinquentenário. Inaugurado oficialmente em 12 de outubro de 1965, ano em que a cidade comemorava seu 4º Centenário, o Parque do Flamengo é o resultado do trabalho de uma equipe genial de urbanistas, arquitetos e paisagistas, que atuou em sintonia no projeto de criar em uma área aterrada da Baía de Guanabara um moderno parque urbano.

A história e o presente da obra de Lota Macedo Soares (1910-1967), Affonso Eduardo Reidy (1909-1964) e Roberto Burle Marx (1909-1994) está contada na exposição Jardim de Memórias – Parque do Flamengo 50 anos, aberta no início da noite de hoje (30) no Centro Cultural Correios Rio. São mais de 100 fotografias, desenhos de Burle Marx, plantas de arquitetura e vídeos, selecionados pela arquiteta e urbanista Margareth da Silva Pereira, curadora da mostra.

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A área de 1 milhão e 300 mil metros quadrados que grande parte dos cariocas chama até hoje de Aterro é muito mais do que um parque. Ao longo dos 7 quilômetros, entre o centro e a Enseada de Botafogo, foi construído um complexo de lazer que, além dos magníficos jardins criados por Burle Marx, abriga o Museu de Arte Moderna (MAM), a casa de shows Vivo Rio, o Monumento aos Mortos na 2ª Guerra Mundial, a Marina da Glória, o Teatro de Marionetes Carlos Werneck, o restaurante Rio’s, o monumento a Estácio de Sá (fundador da cidade) e o Museu Carmen Miranda.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por seu valor paisagístico e arquitetônico, o Parque do Flamengo tem 11.600 árvores de 190 espécies da flora brasileira e de outras regiões tropicais. Entre as mais exóticas introduzidas no jardim por Burle Marx, estão as palmeiras talipot, originárias do Sri Lanka, que florescem apenas uma vez.

A história dos sucessivos aterros na Baía de Guanabara, para aumentar a área construída do centro da cidade, também é contada na exposição.  As primeiras discussões sobre o fim do Morro do Castelo remontam a 1798. No final do século 19 começam a aparecer os problemas de circulação urbana e, com isso, a ideia de uma via ao longo da baía, até a Enseada de Botafogo.

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Já na República, o prefeito Pereira Passos retoma a discussão e concebe a Avenida Beira-Mar, como via de tráfego rápido, numa época em que o Rio ainda tinha poucos automóveis. Nos anos 1920, a retirada de pedras e areia do Morro do Castelo serviu para aterrar a área hoje ocupada pelo Aeroporto Santos Dumont e o início do aterro do atual parque, perto da Ponta do Calabouço.

Discutia-se também nessa época a demolição do Morro de Santo Antônio, o que finalmente ocorreu nos anos 1950.  “A maior parte do Aterro foi feita com terra do Morro de Santo Antônio, mas também teve um pedaço do Morro do Querosene, que também foi demolido, além de granitos das rochas perfuradas para a abertura dos tuneis Santa Bárbara e Rebouças”, disse a curadora Margareth da Silva Pereira, que é também arquiteta.

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A ideia de transformar em parque a área aterrada não era unânime e não teria prosperado se não fosse o empenho de Lota Macedo Soares. “A questão oscilava entre fazer no local um novo bairro ou simplesmente as pistas para o tráfego. A Lota teve um papel fundamental nisso, já que havia morado em Nova York, conhecia a importância do Central Park e de outros parques urbanos. Ela e a poeta Elizabeth Bishop, com quem era casada, eram amigas dos grandes urbanistas internacionais da época”, disse a curadora.

Desde 1929 estudando soluções de urbanismo para a cidade, o arquiteto Affonso Eduardo Reidy foi importante para a construção da área de lazer, que não chegou a ver pronto, pois morreu um ano antes da inauguração. Foi Reidy quem projetou o prédio do MAM, o coreto, o teatro de marionetes e outros equipamentos do parque.

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Além de Eduardo Reidy, de Lota e de Burle Marx, outra pessoa, na opinião de Margareth Pereira, teve destaque na criação do parque: o botânico Luiz Emygdio de Mello Filho (1914-2002), que foi diretor de Parques e Jardins do então Distrito Federal e, mais tarde, do recém-criado Estado da Guanabara. “Foi Luiz Emygdio quem contratou Burle-Marx para a execução dos jardins que antecederam o paisagismo do Parque do Flamengo, o da Praça Salgado Filho, em frente ao Aeroporto Santos Dumont, e o da Praia de Botafogo. Por se tratar também de uma área de aterro, a praça em frente ao aeroporto foi um laboratório para a aclimatação de plantas”, explica a arquiteta.

Além de questões técnicas, conflitos de várias naturezas marcaram o grupo de trabalho criado pelo então governador da Guanabara, Carlos Lacerda, para implantar o parque e que tinha Lota de Macedo Soares em seu comando. “O Brasil vivia um momento de tensão política e o Rio sofria a perda de sua condição de capital do país. O golpe militar ocorreu no período da construção do parque e  a posição política de Lacerda [que apoiou a derrubada de Jango] contribuíram para esses conflitos. Mas o que eu acho positivo foram as negociações entre eles, a capacidade de superar as divergências”, disse Margareth Pereira.

Meio século depois, o parque é considerado por muitos o equivalente carioca do Central Park de Nova York, frequentado por milhares de pessoas diariamente e sobretudo nos fins de semana, quando a via expressa que corta todo o parque fica fechada ao tráfego e a praia – artificial – do Flamengo fica lotada, apesar da poluição das águas da Baía de Guanabara. “Apesar da falta de cuidado em diversos pontos, principalmente com a manutenção e reposição das árvores, e dos problemas de segurança, nossa cidade tem um grande parque que é público,  não tem grades e nem hora de fechar”, afirmou a curadora.

A exposição Jardim de Memórias – Parque do Flamengo 50 anos pode ser visitada até 29 de novembro, de terça-feira a domingo, das 12h às 19h. A entrada é grátis e o Centro Cultural Correios fica na Rua Visconde de Itaboraí, 20, no centro do Rio.

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