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Os japoneses sumiram

Escassez de produtos culinários nipônicos força os restaurantes a buscar alternativas para não desfalcar o cardápio

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 5 dez 2016, 16h15 - Publicado em 4 Maio 2011, 15h43

Quase dois meses depois de castigarem o Japão, os terremotos e o tsunami começam a respingar nos cardápios e prateleiras cariocas. A 18 000 quilômetros da tragédia, restaurantes e lojas do Rio de Janeiro enfrentam dificuldades para reabastecer seus estoques com ingredientes daquele país. Fornecedor do Sushi Leblon, do Mok Sakebar e do Manekineko, o importador Marcos Matsutani já não dispõe de algas marinhas e raiz-forte, dois componentes básicos da culinária oriental. O mesmo acontece na Casa Vitana, no Flamengo, onde estão prestes a acabar produtos indispensáveis, como o arroz, que é matéria-prima do sushi, sem previsão para a chegada de uma nova remessa. “Muitas indústrias japonesas pararam de funcionar a fim de poupar energia elétrica, e outras concentraram seus esforços em suprir a demanda interna”, explica Matsutani.

A solução encontrada pelos proprietários de restaurante foi apostar em produtos similares provenientes de outras nações. O chef Nao Hara, por exemplo, traz a alga da China, a raiz-forte da Coreia do Sul, as ovas de arenque da Noruega e as de salmão e peixe-voador do Canadá. Alguns rótulos de saquê também sumiram do mapa. César Hasky, dono do Ten Kai, em Ipanema, tratou de correr para reforçar seu estoque logo após o desastre, mas marcas de saquê com boa saída, como Hakushika e Hakutaka, estão em falta. “O mercado sente a necessidade de se adaptar a uma nova situação”, afirma o restaurateur, que agora investe em saquês americanos e brasileiros.

A ameaça de contaminação provocada pelo acidente na usina nuclear de Fukushima é outro fator que contribui para o desabastecimento. Nos Estados Unidos foi proibida a entrada de laticínios vindos das localidades afetadas. Por aqui, a fiscalização fica a cargo do Ministério da Agricultura e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Somente mercadorias acompanhadas de certificado emitido pelas autoridades sanitárias japonesas, atestando que não contêm níveis perigosos de radiação, podem ser importadas. Além de colher amostras dos produtos para testes, o ministério treinou fiscais dos portos e aeroportos para manusear detectores de radiação. Uma medida extrema foi tomada pelo chef Eric Ripert, do Le Bernardin, restaurante nova-iorquino com três estrelas no Guia Michelin. Ele adquiriu um detector para escanear cada item recém-chegado a sua cozinha. Como diz a máxima adaptada aplicável a esse caso, cautela e missoshiru não fazem mal a ninguém.

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