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Na reta final

Inauguração da Via Binário neste sábado traz desafios para o trânsito e renova a esperança de revitalização da decadente Zona Portuária

Por Ernesto Neves
Atualizado em 2 jun 2017, 13h20 - Publicado em 24 out 2013, 19h56

Um meio à profusão de operários em diversas frentes da obra, uma avenida novinha em folha destaca-se na deteriorada paisagem da Zona Por­tuá­ria. Depois de dois anos de intervenção, será inaugurada, neste sábado (19), a Via Binário, o primeiro grande projeto do Porto Maravilha a ficar pronto. Nesse trecho inicial, ela corre em paralelo à Avenida Rodrigues Alves, entre a Rodoviária Novo Rio e a Praça Mauá, secionando os bairros da Gamboa e da Saúde. Para julho de 2014 está previsto o prolongamento até a Rua Primeiro de Março. Com 3,5 quilômetros de extensão, a artéria possui dois túneis e seis faixas de rolamento, que têm capacidade para um tráfego de 4?500 veículos por hora. Através de alças construídas em frente ao terminal rodoviário, a via se conecta com a Avenida Brasil, o principal acesso rodoviário à capital. Graças a seu traçado e localização, o novo trajeto é parte estratégica do mais ambicioso plano de revitalização para a região: a derrubada do Elevado da Perimetral, erigido em 1958. Para que isso aconteça, o trecho do viaduto entre a Rodoviária e a Praça Mauá deverá ser fechado ao trânsito até o fim do mês. “Teremos um novo eixo de integração entre o Centro e as demais regiões do Rio e de Niterói”, diz o secretário municipal de Trans­­portes, Carlos Roberto Osório.

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Percorrer a Via Binário é uma oportunidade para vislumbrar pontos pouco conhecidos da cidade e até então de difícil acesso. Além de desvelar uma parte oculta do tecido urbano, a nova rua atraiu empreendimentos e escancarou o potencial de uma localidade há muito tempo esquecida pelo poder público. Grandes edificações estão sendo erguidas ao longo do caminho (veja o quadro na pág. 50), cujo canteiro central reserva espaço para a instalação de um veículo leve sobre trilhos, com previsão de funcionamento até a Olimpíada. De concreto, em ritmo acelerado está a construção da nova sede do Banco Central, que ocupa uma área de 30?000 metros quadrados e receberá 800 funcionários da instituição no próximo ano. Outro endereço que salta aos olhos à margem da via é a Fábrica de Espetáculos. Com o início das atividades programado para 2014, o espaço guardará o acervo do Theatro Municipal e oferecerá cursos profissionalizantes que prometem movimentar a região. Próximo dali há o projeto de um antigo armazém virar um aquário. A Binário passa ainda em frente à Cidade do Samba, que até 2014 deve ser ligada por teleférico ao Morro da Providência e à Central do Brasil. Nesse percurso há uma relíquia histórica: a Igreja Nossa Senhora da Saúde, datada de 1742. “Essa área é um tesouro do Rio”, diz Alberto Gomes Silva, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto AS (Cdurp). “Ainda é visível o estado de abandono da região, mas já começa a chamar atenção ali a quantidade de empreendimentos em estágio avançado.”

Fernando Lemos
Fernando Lemos ()
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Outrora epicentro de um pujante polo econômico, a Zona Portuária foi o berço do desenvolvimento urbano carioca. Durante o período colonial, foi a principal porta de entrada e saída de mercadorias do país. No decorrer de séculos, os armazéns, trapiches e galpões ao longo da Avenida Rodrigues Alves garantiam o abastecimento à população. Em outra época, moradores de vilas operárias podiam caminhar sem sobressaltos por ruas tranquilas, às margens de uma límpida Baía de Guanabara. A decadência se iniciou ainda na primeira metade do século XX. Nos anos 80, o colapso da indústria naval agravou o esvaziamento das atividades no porto, ao mesmo tempo em que companhias de abastecimento procuravam outros terminais para realizar suas operações. A retomada dos investimentos naquele pedaço começou somente nos anos 2000, com o lançamento do projeto Porto Maravilha. Recursos da ordem de 8 bilhões de reais devem ser empregados até 2026, destinados à reforma estrutural de toda a região e à construção de condomínios comerciais e residenciais que têm tudo para revitalizar o local. A expectativa é que sua população salte de 32?000 para 100?000 pessoas em sete anos. “Com a integração dos transportes, os novos espaços públicos e os empreendimentos em construção, esta será uma das melhores áreas do Rio para viver”, aposta Silva, da Cdurp. Com os primeiros projetos tornando-se realidade, o carioca cruza os dedos.

Fernando Lemos
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