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O funil aperta

Análise do currículo dos pais e sorteios passam a definir quem entra e quem não entra nas escolas religiosas e bilíngues do Rio

Por Bruna Talarico
Atualizado em 2 jun 2017, 13h21 - Publicado em 9 out 2013, 18h18

Quase 400 famílias cariocas estarão concentradas, na próxima quinta (10), torcendo para ser sorteadas, numa corrente positiva. E não se trata de concurso da Mega-Sena nem de resultado de loteria esportiva. Tem a ver com a educação de seus filhos. Será realizado nesse dia o último sorteio para decidir quem entrará e quem não entrará, em 2014, no Colégio Santo Inácio, em Botafogo, uma das mais renomadas instituições de ensino da cidade. Escolas que completam uma tríade de excelência entre as religiosas, São Bento (em setembro) e Santo Agostinho (na semana passada) já haviam feito o mesmo, numa espécie de loteria acadêmica que entrega ao destino a educação das crianças do Rio. Fica claro que o funil que permite a entrada num bom colégio está cada vez mais apertado.

Guillermo Giansanti
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Esse bingo, que pode abrir, ou não, as portas do 1º ano do Ensino Fundamental (antigo CA) para filhos da classe alta e da classe média alta, vem substituindo o chamado “vestibulinho”, provas que costumavam estressar estudantes em idade precoce, e, por isso mesmo, muito criticadas. Hoje, especialmente nesses três colégios, têm prioridade os pais que um dia foram seus alunos, professores e funcionários atuais, ou quem já tem outro filho ali matriculado. E do restante o sorteio cuida. O panorama não é muito melhor nas escolas bilíngues, também centros de excelência do ensino carioca. A Britânica, a Americana e o Lycée Molière, por exemplo, adotam o modelo de inscrição por ordem de chegada, o que provoca uma acirrada corrida de responsáveis ? que vão ao extremo de entregar documentos de recém-nascidos. Processo ainda mais afunilado, que lembra o velho QI (de “quem indica”), é o adotado pela alemã Corcovado: proponentes devem reunir um maço de recomendações que exibam não as inclinações intelectuais da criança, mas o prestígio de sua família. Nessas escolas, que alfabetizam em mais de uma língua, trava-se uma briga atualmente muito disputada. A razão é que a cidade está cheia de cidadãos de outros países. Dados da Mooviin, empresa especializada na recolocação de estrangeiros no mercado, registram que, no ano passado, 25?000 não brasileiros solicitaram visto para trabalhar no Rio. Em sua maioria, eles vêm com a família e, naturalmente, procuram realocar seus filhos em escolas de dois idiomas.

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Daí que os números dessa loteria ficam, a cada ano, mais impressionantes. Na British School (cuja mensalidade é de quase 4?000 reais), restaram para o Jardim, no ano que vem, menos de dez vagas ? e há centenas de candidatinhos. A explosão de estrangeiros é atestada por gente do ramo. “Do nosso corpo de alunos, 75% são filhos de expatriados”, diz Caren Addis Botelho, diretora de admissões da Escola Americana.

Quem administra esse excesso de demanda para tão pouca oferta acredita que o quadro não vai melhorar. Pelo contrário. “Nosso plano é reduzir o número de turmas. Só se tivéssemos paredes de borracha para comportar todos os que gostariam de estudar aqui”, avalia Ana Maria Loureiro, diretora acadêmica do Santo Inácio. Das 172 vagas para a pré-escola, apenas 42 vão a sorteio na quinta (veja o quadro). É uma delas que a bacharel em relações institucionais Elaine Goettnauer Tovar deseja. Sua filha Luiza, de 5 anos, está entre as 370 crianças que, a partir de agora, tentam contar com a sorte. “Se ela conseguir a vaga, o Vitor terá prioridade quando chegar sua hora”, já planeja a mãe, otimista.

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