Com a cor do passado
Estúdio recria em três dimensões o Rio do início do século XIX, imagens que estarão num filme sobre o período em que o trabalho escravo movia as engrenagens da cidade
Descontando-se o excesso de capricho estético das imagens ? a paisagem inteira em tons de ocre, ruas e vielas exibindo paralelismo extremo e caravelas chegando ao cais quase em ordem unida ?, devia ser mais ou menos assim o Rio do início do século XIX. Essa foi a cidade criada em computação gráfica pelo Estúdio Aevo, um trabalho em 3D sobre a Zona Portuária para o longa O Inventor de Sonhos, de Ricardo Nauemberg (filme que tem a escravidão como tema e entra em circuito no mês que vem). Sediado em Ipanema, sob o comando de Roberto Maia e André Castelão, o escritório de design desta vez teve de chamar arquitetos e historiadores para ajudar no projeto ? o que resultou em cerca de trinta takes, que serviram como cenários no filme. Na tela, surge uma cidade então tomada pela ideologia escravocrata (veja abaixo) e que recebia, naquele momento, a família real portuguesa. Tudo começa em 1808, ano da abertura dos portos às nações amigas, com os acontecimentos narrados sob a ótica de um menino mestiço em busca de seu pai, um artista europeu. Desde 2007, o Aevo vem produzindo efeitos visuais e animações para peças institucionais de empresas. Esta foi sua primeira investida no cinema.