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Obra do destino

A peculiar trajetória da escultura ?carioca? de Giacometti à mostra no MAM

Por Rafael Teixeira
Atualizado em 5 jun 2017, 14h27 - Publicado em 1 ago 2012, 18h21

Em cartaz desde o dia 18 no Museu de Arte Moderna, a retrospectiva do suíço Alberto Giacometti tem 280 obras. A mostra, alentada, reúne em 2?800 metros quadrados meio século de produção. É tanta beleza que a atenção pode se dissipar. Vai uma dica: merece um olhar especial a peça de bronze com pouco mais de 74 centímetros de altura juntando figuras humanas acima de um bloco retangular. Trata-se de Quatro Mulheres sobre Base. Está no 2º piso, à esquerda de quem chega pela escada. Diferentemente de todas as outras, essa peça não veio de Paris trazida pela Fundação Giacometti, simplesmente porque já estava por aqui desde os anos 50 – o MAM é dono do único acervo público latino-americano a guardar uma obra do escultor, tido como um dos maiores artistas plásticos do século passado.

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As histórias da escultura e do museu se entrelaçaram em 1951. Giacometti havia participado da Bienal de São Paulo, justamente com Quatro Mulheres. O trabalho encantou a diretora do recém-fundado MAM, Niomar Bittencourt, que se dedicava a aumentar, em volume e relevância, o acervo da instituição. Por um preço nunca divulgado, os dois fecharam negócio. De lá para cá, a obra aparece como parte da coleção da casa em exposições anuais, mas jamais esteve ao lado de outros trabalhos de seu autor. Pode-se dizer ainda que é uma escultura de sorte: escapou do incêndio de 1978, que consumiu 90% do acervo do museu, incluindo obras de Picasso, Dalí e Miró. Há mais um dado curioso sobre Quatro Mulheres: foi criada e fundida no mesmo ano (1950), o que revela um cuidado especial do mestre, vigilante em todas as fases da produção. “Parte das esculturas da mostra teve sua fundição feita décadas depois de elas serem concebidas, muitas até mesmo após a morte de Giacometti”, afirma Carlos Alberto Chateaubriand, presidente do MAM.

Repousando numa caixa de acrílico, a obra diz muito sobre como o gênio enxergava o ser humano, representado aqui por figuras femininas esguias, com economia de traços. Apesar da relevância artística, a escultura desde 1952 não saía do Rio. Em março foi à capital paulista (no mesmo evento) e ainda neste ano irá a Buenos Aires. A curadora Véronique Wiesinger diz que Quatro Mulheres junta opostos: “Tem fragilidade e força, morte e vida”. E uma certeza: ela tem história.

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