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Motel para todos

De olho na Copa e nas Olimpíadas, empresários transformam suítes de motel em quartos de hotel para suprir a carência do setor hoteleiro carioca

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 5 jun 2017, 14h46 - Publicado em 7 nov 2011, 14h29

Um dos desafios do Rio para a Copa de 2014 e para as Olimpíadas de 2016 é conseguir hospedar a enxurrada de turistas que vem aí. Na corrida para alcançar o número mínimo de 34 000 quartos exigidos pelo comitê organizador dos jogos olímpicos no Rio (a cidade tem, hoje, 25 000) e acomodar tanta gente, uma dose de improviso se fez necessária. Torcedores do mundo todo poderão encontrar o merecido descanso em motéis da cidade, que estão passando por reformas para abrigar, sem sustos, até os hóspedes mais conservadores.

De acordo com o Sindicato de Bares, Hotéis e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio), a cidade tem cerca 180 motéis , com 40 deles passando por mudanças para funcionar permanentemente como hotel. A expectativa é que a transformação possa gerar, até 2014, mais de 7 000 quartos de motéis disponíveis para públicos de diversos perfis. As obras ganharam inclusive apoio da prefeitura, que lançou em novembro do ano passado um pacote de incentivos fiscais. Entre eles, remissão de dívidas de IPTU e isenção do imposto durante as obras, redução do ISS e isenção do ITBI, taxa paga em operações de compra e venda de imóveis destinados à atividade hoteleira.

Antônio Cerqueira, diretor do SindRio e dono dos motéis Sinless e Shalimar, em São Conrado, estima que foram gastos mais de 2 milhões de reais para reformar seus dois empreendimentos que somam 61 quartos. Espelhos no teto, desenhos sugestivos, móveis eróticos e outros elementos de fetiche saem de cena, dando lugar a uma decoração clean e moderna, sem segundas intenções. Depois das obras, Cerqueira estima que o movimento cresça 30%, no mínimo, nos próximos três anos. Apenas 10% das suítes vão continuar com cara de motel para atender a um público específico.

Fernando Frazão
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Para a design de interiores Fabíola Brandão, responsável pela redecoração do Sinless e do Shalimar, mudar a cara das suítes é um desafio. “É preciso limpar o ambiente, que costuma ter muita informação e material pesado, como cortinas de veludo, barra de pole dance e espelhos. A ideia é tornar elegante a decoração kitsch, meio brega”, conta. Para quem gosta, as luzes coloridas permanecem à disposição, bem como os botões para rádio, TV e ar condicionado na cabeceira da cama. “Não quisemos removê-los porque conferem praticidade”, explica Fabíola.

Já no Vila Réggia, que fica na zona portuária da cidade, a transformação será total. “A extravagância saiu de moda. Nossa suíte mais procurada é bem clean. Percebo que, hoje, as pessoas preferem se sentir em casa”, afirma Vera Lúcia Oliveira, dona do estabelecimento. O Serramar, na Barra, também já redecorou seus quartos. No lugar de cama redonda e espelho, duas camas de solteiro, uma escrivaninha e armário. Além disso, o hotel ganhou uma recepção e contratou funcionários treinados para atender os novos clientes.

Fernando Frazão
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Divulgação
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Preconceito? Costuma passar longe. “Antigamente, o motel era um lugar muito mal visto, frequentado por garotas de programa, mas o clima mudou. Hoje, temos comemoração de bodas, Dia da Noiva, noite de núpcias. Tudo isso ajuda a brecar o receio de se hospedar em um motel, que se tornou um ambiente mais familiar”, diz Vera Lúcia. Segundo ela, o que acontece, às vezes, é uma empresa mandar alguém para sondar o espaço antes de hospedar seus executivos vindos de outras cidades. Desfeita a má impressão, as reservas são fechadas sem qualquer problema. As diárias, inclusive, são mais baratas do que a dos hotéis – em geral, variam de 58 reais a 380 reais. Há ainda os serviços diferenciados, como garagem e refeições no quarto, já que muitos motéis ainda não contam com salão-restaurante.

O universo corporativo, aliás, tem sido o grande responsável pelo novo fôlego dos motéis, como explica Cerqueira: “As reformas foram necessárias em primeiro lugar devido à queda da taxa de ocupação dos motéis e ao aumento da procura de quartos por executivos ao longo dos últimos três anos”. A falta de opções de hospedagem no Centro, na região portuária e nos demais bairros da Zona Norte e Oeste do Rio também ajuda a explicar a mudança no perfil dos motéis. Essas regiões são muito cobiçadas por homens de negócios que, em nome da praticidade, procuram ficar próximos aos seus compromissos, agitando o chamado turismo de negócios, ou corporativo, que tem crescido bastante na cidade. Dados do Rio Convention & Visitors Bureau indicam que o Rio encerrará o ano com mais de 200 eventos, o maior patamar desde 2000. Agora, de acordo com Vera Lúcia, falta só encontrar na cidade mão de obra qualificada preparada para receber (bem) os turistas. Você se hospedaria?

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