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O gosto amargo da baía

A repórter Bruna Talarico conheceu um cenário assustador sob as águas

Por Bruna Talarico
Atualizado em 5 dez 2016, 14h23 - Publicado em 19 jun 2013, 17h47

“Foram necessárias algumas dezenas de telefonemas para encontrar alguém disposto a fazer o que parecia inconcebível: servir de guia para um mergulho em uma das baías mais famosas do mundo. Os motivos para as negativas eram os mais diversos e variavam da forte correnteza, da sujeira da água aos perigos decorrentes do material submerso. Depois de contatarmos cinco empresas especializadas em manutenção de estruturas subaquáticas e de navios, conseguimos reunir o grupo que topou a missão. Sob o comando de Welington Vieira, a traineira Parcel deixou o píer da Marina da Glória, às 8 da manhã do último dia 4, rumo ao Canal do Cunha. A bordo, o fotógrafo Felipe O?Neill registrava os bastidores da excursão e o repórter Ernesto Neves conferia in loco os efeitos das obras e das intervenções para limpeza da baía. Ele notou, por exemplo, que a dragagem entre o continente e a Ilha do Fundão, apesar de já ter retirado 5 milhões de metros cúbicos de lodo, não foi suficiente para evitar que a embarcação atolasse seguidas vezes.

Rumamos para a Urca, onde as condições de visibilidade e o menor trânsito de barcos permitiriam enxergar o fundo com a ajuda de refletores. Foi o momento de vestir a roupa de neoprene, calçar as nadadeiras, colocar os cilindros de oxigênio e os óculos de mergulho. O primeiro a entrar em contato com a água foi o fotógrafo Rodrigo Thomé, que já havia feito fotos com a câmera mergulhada na lâmina d?água do Canal do Cunha. Desci em seguida. O guia Roberto Bormann veio logo depois. Rapidamente deu para sentir a água fria e o verde-musgo atravessar o tecido emborrachado e molhar a pele ? o neoprene não isola completamente o corpo do mergulhador. Seis metros abaixo, pudemos observar e explorar, com as próprias mãos, a degradação sofrida pela natureza. Foram quarenta minutos submersos, divididos em dois pontos: a Urca e a Praia de Botafogo. Além do asco provocado pela quantidade impressionante de lixo, comecei a ficar aflita quando percebi que o respirador estava vazando uma pequena quantidade de água para a minha boca. Nesse momento, descobri que a Baía de Guanabara tem gosto amargo. Quando subi à superfície, outra cena escatológica: meu rosto e minhas orelhas tinham várias placas pretas gosmentas de sujeira. Foi nojento.?

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